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Correr na Cidade

Um treino muito difícil

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Por Filipe Gil

Um blogue é também um espaço de confissão, de partilha, quer de sucessos ou de insucessos. E apesar de ter estado o dia todo a pensar se escreveria ou não este post, achei que pode ser interessante partilhar, porque isto de correr não é só calçar umas sapatilhas e sair para a rua  com um sorriso na cara. Não. A vida é um pouco mais complicada que isso.

 

Ontem fui um daqueles dias profissionais que nos levam quase ao desespero. Contratempos que não pude controlar, desilusões, dificuldades atrás de dificuldades. Enfim, quase o normal nos dias de hoje. Fico muito aborrecido quando tenho situações muito planeadas, controladas e que depois falham e ainda por cima não por culpa minha. Mas acontece! Sobretudo para quem tem cargos de responsabilidade. Custa, mas não há volta a dar.

 

Cheguei a casa de cabeça a fervilhar e desiludido e sem forças para ir correr. De qualquer forma como tinha uns ténis novos para estrear (os Puma Faas 600 v2 NightCat) lá me vesti, a custo. Pensei que me iria sentir melhor quando começasse a correr, que as ideias iriam começar a fervilhar mal desse as primeiras passadas...mas não. Ao fim de 100 metros tive que parar para adaptar os novos ténis, e aí pensei em desistir. Achei que devia caminhar um pouco e espairecer. Não estava para correr e qualquer conversa ou pensamento de "vá supera-te"; "vá tu consegues"; "saí da tua zona de conforto", dava-me vómitos.

 

Mas não parei. Reflecti que tenho experiência profissional para lidar com este tipo de situações, ou outras piores, e que entre aqueles que perante uma adversidade choram e os outros vendem lenços de papel, prefiro estar entre os últimos.

 

Custou muito correr, muito mesmo. Ao fim de 4 quilómetros só me apetecia ir para casa. Entretanto, abstraí-me, comecei a pensar na família maravilhosa que tenho, nos amigos da crew, no desafio que me auto propus para o Ultra de Piódão, no percurso profissional que me orgulho, e comecei, quase sem dar conta a correr mais rápido. A ter mais confiança. Com isso, comecei a ter ideias (das boas) para resolver o problema que me tinham colocado ao final da tarde. Quando deu por mim estava a correr a 5:15 ou 5:25/ ao quilómetro, e a sentir-me confortável. 

 

Com isto tudo, dou a volta ao 6km para regressar a casa. E, como já aconteceu várias vezes, tive ali um momento de trabalho. Reflecti, tive ideias criativas, resolvi problemas. Foi fantástico. No final foram 10,5Km corridos confortavelmente e muito produtivos, quer a nível profissional quer para mais ideias para este blog e crew. 

 

Resumo da história: não, a corrida não vos salva dos problemas, mas pode ajudar, e muito, a resolvê-los. E quando sentirem que estão a desistir, tentem levantar a cabeça e ir em frente, nem que seja de uma forma mecânica. No fundo, no fundo, somos animais e precisamos de exercício e de nos mexermos para resolvermos problemas. É assim que sobrevivemos e evoluímos à milhões de anos.

Boas corridas!

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