Um pouco de frustração : Race Report Meia Maratona de Lisboa 2013
A ansiedade da semana anterior à Meia Maratona passou quase por completo na manhã do dia prova. De tal forma que nem fiquei muito nervoso por ter adormecido 15 minutos – regulei mal o despertador do telemóvel. Depois do ritual normal de colocar pomada nos mamilos e nos pés, por causa das bolhas, comi duas torradas com doce, bebi água e levei uma banana para o tempo de espera antes da prova. Desta vez levei comigo dois pacotes de gel energético da Enervitene Sport (um com sabor a citrinos e outro com sabor a cola).
Encontrei-me com o resto da Running Crew à hora combinada (tivemos uma desistência de última hora para a Mini Maratona por motivos familiares), e chegamos cedo q.b. ao Pragal, o problema foi termos ficado mais de 30 minutos na fila do já célebre xixi antes da prova. Confesso que foi motivante passar pelos corredores da Mini em direção ao local onde estavam os corredores da Meia. Foi a minha primeira vez e achei muito motivador! Uma vez na box da Meia encontramos caras conhecidas, fomos tirando fotos e postando no Facebook e Instagram, como o tempo passou a correr, não tardou a ouvirmos o sinal de partida e começar a prova, que estava no meu pensamento desde Agosto do ano passado.Dos 0 aos 5 KMFoi rápido. Talvez demasiado rápido. Eu e o Bruno fomos ultrapassando, no tabuleiro da Ponte da 25 de abril, os corredores mais lentos. A descida para Alcântara foi feita abaixo dos 5 minutos por quilómetro. Deixamos de ver o terceiro elemento, o Nuno Espadinha, que ficou para trás. Chegámos a Alcântara e nenhum de nós se abasteceu. E senti que a prova começava ali, na separação dos corredores da Mini dos da Meia. Foi rápido, nem deu para perceber muito bem que estava no início de uma Meia.Dos 6 aos 10KMNesta parte da prova fomos a um ritmo interessante. O Bruno abasteceu-se de Powerade – em garrafa -que partilhou comigo. Vimos os “atletas” a sério a passarem já em direção a Algés. Não evitei bater umas palmas quando vi os corredores africanos, que velocidade!!!. Fomos a correr em direção ao ponto de retorno a um ritmo normal (5:15/ 5:30 por quilómetro), ao dar a volta qual foi o espanto de ver que o Nuno Espadinha estava mesmo atrás de nós. Quando pisávamos o novo troço do passeio marítimo do Cais Sodré lembrei-me de quanto o Nuno (e eu) odiamos aquele tipo de piso. Mas não lhe fez mossa nenhuma e ele conseguiu apanhar-nos, e ainda bem. Seguimos os três até aos 10/12 Km a correr. O que foi bom porque ainda falámos e rimos um pouco e fui informando o Bruno do tempo de corrida. Nesta altura sentia-me mesmo bem. A chuva que caiu nesta altura ajudou. Perto dos 10K decidi tomar o meu primeiro gel, com sabor a Cola. E senti o efeito imediato.Dos 11 aos 17KMA partir de Alcântara, e um pouco distraído pela quantidade de pessoas que ao lado, ainda faziam, a pé, a Mini Maratona, fui correndo um pouco mais rápido. Aumentei o ritmo inadvertidamente – o que se revelou uma parvoíce uns quilómetros à frente, mas já lá chegaremos – e continuei com os meus companheiros ao lado…ou pensava eu. Pelo canto do olho fitava um corredor de t-shirt encarnada e calções pretos que julgava ser o Bruno, quando, passados uns 3 KM olhei para o lado e percebi que não era ele. Tinha-me distanciado da minha equipa. Sentia-me com força quer física quer psicologicamente. Às tantas fui-me abastecer de Powerade (em copo) e só não caí no chão, empurrado por outro corredor, porque me segurei à mesa onde estavam os copos.Voltei à corrida sem perder grande ritmo. Mas ao passar pelo Mosteiro dos Jerónimos, lembrei-me das inúmeras conversas que durante os treinos que tive com o Bruno sobre o fator desmotivador de passar ao lado da meta e ainda ter que fazer uns 6KM. E foi aí que tudo se desmoronou…Dos 18 aos 21.1KMEstes últimos quilómetros foram penosos! Ao chegar a Algés senti-me fraco, desmotivado e apesar do Endomondo me avisar que iria acabar a prova com cerca da 1h56, tal não foi o suficiente para me motivar. Comi o outro gel. Mas desta vez o efeito não se fez sentir. Ainda antes da curva de regresso aos Jerónimos, o Nuno Espadinha passa por mim, puxa por mim, mas não lhe consigo dar resposta. Nesta altura pensei ser o último dos três – não que isso faça diferença, mas senti-me que estava a atrasar o grupo novamente, tal como foi na Corrida da Árvore e na Corrida de Cascais. Ao dar a curva percebi que o Bruno Andrade estava atrás de mim. Fiquei preocupado, o que se teria passado?? A falta de treinos dele estava certamente a afetá-lo. Mas, sendo ele o melhor atleta dos três, fez-me ficar um pouco confuso, parece que arranjei desculpas para abrandar. Daí foi a tortura, pensei em andar uma série de vezes. Muitas vezes, mesmo! Pensei que devia desistir. Estava sem forças e as pernas começaram a doer. Fui-me abaixo psicologicamente. Vi-me como um grande falhado! E pensei o que seria a ter que “caminhar” na minha primeira Meia Maratona, e como teria que viver com isso. Como eu iria dizer aos meus amigos, aos meus filhos, à minha mulher e restante família. Às pessoas que me seguem no blogue. E foi esse conjunto de pessoas que me deu força para não caminhar e não parar, disse que não e continuei. A um ritmo mais lento, já na casa dos 6:10 por quilómetro, mas continuei. Perto dos 19 KM comecei a arrebitar, comecei a ver os insufláveis e isso deu-me força. Continuava na expetativa de ouvir a voz do Bruno vindo de trás e a ultrapassar-me, mas tal não aconteceu. Quando dei a curva para a reta final, fui buscar forças onde não as tinha e terminei a sprintar. Quase que caí nos braços do Nuno, porque, por momentos, as pernas falharam. Mas recompus-me e a minha preocupação, depois de ter desligado o GPS, o Endomondo e o Nike Running, foi de ir para perto da linha de partida para puxar pelo Bruno, que chegou poucos minutos depois. A prova dos três acabou ali.Duas críticas à organização:- Os WC disponíveis na partida para os atletas da Meia Maratona eram escassas, e houve, como eu, quem estivesse à espera mais de 30 minutos para fazer as suas necessidades.- Os voluntários que distribuem as bebidas isotónicas em copo deviam ter alguma formação por parte da organização. Uma coisa é servir à mesa, em balcões, etc; outra coisa é dar bebidas a corredores.Não se enchem os copos; Não se colocam os copos na mesa, pegam-se nos copos pela extremidade e espera-se que os corredores o tirem da mão dos voluntários.CONCLUSÃOE assim ficou feita a minha 1ª Meia Maratona de Lisboa, com o tempo de chip de 2:00:54 – o objetivo de fazer abaixo das 2 horas não foi conseguido. Senti uma enorme frustração dos últimos 4KM por me terem custado tanto. A minha parte psicológica tem de ser trabalhada e a parte física também. Achava que tinha preparação para fazer os 1:50 /1:55, mas não ainda me falta penar muito. Começo a pensar o quão difícil será fazer um Maratona… Mas de resto foi muito bom, gostei de participar, mas tenho a certeza que não é assim tão fácil, e ainda tenho muito trabalho a fazer. Muito mesmo. Agora, dia 28 de abril está aí mais uma Meia, a de Almada. A ver se “corre” bem!