“De heróis e loucos todos temos um pouco”. Foi sempre isso que pensei de quem faz ultramaratonas. Aliás, já penso isso para quem faz os 42K da maratona, mas essa distância já é tangível ao comum dos mortais, desde que bem preparado fisicamente.Só tomei conhecimento da existência das “ultra” através do livro do Murakami (Auto-retrato do Escritor Enquanto Corredor de fundo – que aconselho vivamente), quando a determinada altura o escritor/corredor partilha com o leitor provas de 100K. Li e quase que não acreditava. “Mas alguém corre estas distâncias???”. Depois percebi que existe um português que não só dobra essa distância, como faz trail, corre em montanhas e vence muitas das provas em que participa. Um atleta completo: o Carlos Sá.Ontem esse atleta cruzou a meta, com a bandeira portuguesa na mão, daquela que é considerada a ultramaratona mais dura do planeta, a Badwater. Esta prova passa por locais com temperaturas que superam os 50 graus. Impressionante. Aqueles que correm sabem bem o muito que custa correr com mais de 32 graus, agora é só imaginar o que fazê-lo com mais 20 graus...Quem corre também sabe que é, sobretudo, um exercício mental. Dá para ver a força anímica (e física) do português. Mais uma confissão: até hoje nunca me senti tentado a fazer trail. Até hoje. Pois com esta vitória do grande campeão português na Badwater começo a ter muita curiosidade em experimentar. E se a mim as prestações de Carlos Sá me influenciam, imagino o que esta vitória não vai fazer pelas corridas em Portugal, quer em estrada, quer em trail.Parabéns, campeão. Obrigado.