Trail das Bruxas - Bucelas: Trilhos "assustadoramente" assustadores!
Por Natália Costa:
No passado sábado realizou-se a primeira edição do Trail Noturno das Bruxas em Bucelas. Quando me inscrevi, fascinou-me a ideia de correr por montes e estradões de terra durante a noite, mas ao mesmo tempo tinha algum receio que o percurso não estivesse devidamente sinalizado, que me pudesse perder ou mesmo magoar devido à fraca visibilidade.
Sábado, lá me encontrei com a Bo Irik e com o João Campos e seguimos para Bucelas. Na conversa falámos do tempo que íamos levar a fazer os 15 km. O João sugeriu que talvez os fizéssemos em duas horas. Eu, competitiva como sou, disse que queria fazer abaixo desse tempo, mas logo se veria...
Estava devidamente caracterizada de bruxa, já que o evento apelava a isso. Vá, metade bruxa, metade corredora. Chegamos uns 45 minutos antes da partida para levantar os dorsais e encontrar-me com o meu irmão mais velho que se ia estrear nestas andanças do trail, e logo de noite!
Perto da hora marcada, colocamo-nos na linha de partida, a afinar os frontais, a tirar as fotos da praxe e a aquecer as articulações, pois a noite estava assustadoramente fria! Partimos os quatro e durante os dois primeiros kms íamos em amena cavaqueira e a pisar poças de água para ver quem molhava quem, resumindo, íamos muito animados! Na primeira subida o meu irmão avançou e nunca mais o vi! Raça do Homem, está mesmo em forma, só nos voltamos a encontrar já na meta.
A primeira parte do percurso foi mais penosa, são aproximadamente 7 km sempre a subir. Valeu-me as palavras dos companheiros de corrida mais habituados às subidas, principalmente o João Campos, que com tanta escada que sobe e desce nos seus treinos, lá me ia dando alento e mandava continuar.
O medo foi-se perdendo, havia estacas com LED's de 50 em 50 metros, assim como membros da organização (desfarçados de zombies e famtasmas) em alguns pontos críticos. Os frontais iam dando a luz suficiente, e a animação entre os três era grande. Eu e a Bo aproveitamos, ora para uivar, ora para dizer que a bruxa estava a chegar, que era assustador.... e o João aos poucos lá foi entrando no espírito. Resumindo, estava a ser um programa de Halloween super animado.
Ao longo do trajeto íamos encontrando alguns bonecos assustadores pendurados nas arvores, abóboras no chão, membros da organização vestidos de fantasma, tudo para nos lembrar que era o trail das bruxas. Às tantas o João olha para o relógio e diz, bem se continuarmos neste ritmo, somos capazes de acabar com 1h45. Sempre era menos que 2 horas, pensei eu.
Aproximadamente ao Km 8 encontramos o abastecimento. Parei, bebi água, comi laranja, banana, tudo nas calmas... E o João e a Bo a gritarem, "Vamos embora, não nos podemos demorar". Eu pensava, “Oh pá, mas que chatos, nem me deixam comer”, mas a verdade é que aprendi uma lição! Ali é para despachar porque íamos com uma ótima média e corríamos o risco de ser ultrapassados, o que acabou por acontecer... Sou mesmo verdinha nisto do trail.
A partir daqui foi prego a fundo serra abaixo, sempre a descer! A 4 quilómetros do final, começamos a encontrar os participantes da caminhada e vínhamos tão lançados que só gritávamos, “encostem à esquerda, deixem passar, obrigada”, parecíamos aquele cartoon do coiote, o pássaro que faz “bip, bip”. Lá ultrapassamos mais uns quantos participantes e de repente estávamos outra vez na Vila, a correr no alcatrão a dar tudo por tudo, a subir e a descer mais umas quantas escadas ao pé da igreja (disse tantas asneiras para mim própria), e assim como partimos juntos dentro do pavilhão, chegámos desta vez de mãos dadas, com um sorriso de orelha a orelha e com o sentimento de dever cumprido, de ter dado o máximo! Foi em 1h39m!
Foi de tal maneira que as duas meninas do CNC chegaram em 8º e 9º lugar da geral feminina e 5º e 6º lugar do escalão. UAU! Quero mais, ficou qualquer coisa a borbulhar cá por dentro…Quero dar os parabéns à organização, estava tudo muito bem assinalado durante o percurso, bem organizado e aquele caldo verde e a bifana no final caíram que nem ginjas.
E claro está, ao meu super marido, que apesar de não ter participado por ainda não estar a 100%, me acompanhou para dar aquele apoio!