Ter um Pai corredor...
Talvez a mais marcante história de amor no mundo da corrida, está patente na família Hoyt. Esta é a história de um pai e de um filho (nascido com uma paralisia cerebral) que contra tudo o que era expectável, demonstraram que quando há amor a imaginação é o limite. Juntos correram entre muitas outras corridas, cerca de 70 maratonas, das quais 30 de Boston e 6 Ironmans, conseguem imaginar? Se tiverem curiosidade podem ver video "Journey of life together" que resume um pouco das suas histórias.
Ter crescido a ver o meu pai a correr, sempre foi para mim motivo de grande inspiração, não que isso tenha servido de muito, dado que depois de em miúdo ter corrido algumas provas o meu regresso à corrida só se dá em 2011.
Assim, resumir o percurso desportivo do meu pai, é regressar à sua infância, época em que tinha de fazer 6km de Trail Running em pleno coração da Serra da Lousã, simplesmente para poder ir à escola, que ficava na aldeia mais próxima. A propósito disto um dia perguntei “mas porque raio iam a correr?” e a resposta foi “porque eramos miúdos e dava um gozo enorme descer a encosta numa pirisga até os sapatos ganharem lume”. Soa a familiar?
Junto com Trail Running, não nos podemos esquecer da moda minimalista/barefoot muito em voga nos anos 50, onde era comum ver os miúdos usarem sapatilhas com drop 0mm, sendo que o meu pai muito trendy não fugiu à moda,
Na prática, o seu percurso no atletismo deverá ter começado por volta dos 28 anos, onde em conjunto com um grupo de amigos fundaram uma Running Crew (sim naquela altura já existiam running crews). 10 amigos, diferentes ritmos, diferentes idades e todos naquele estilo inconfundível, de camisola de alça igual, calção curto e meia branca, mas que religiosamente treinavam juntos terças, quintas e competiam ao Domingo (e tudo sem a necessidade de criar eventos no FB).
Naquela altura, as corridas eram na sua esmagadora maioria gratuitas, organizadas por clubes de bairro ou associações desportivas e onde todos os atletas recebiam uma camisola e uma medalha. A grande distinção eram os primeiros classificados que tinham direito a taças e para um número determinado de atletas um ambicionado medalhão (alguém ainda sabe o que é um medalhão?).
Tempos? sim eram todos muito competitivos lutavam por sair da frente da corrida, geriam o ritmo pelos seus old school relógios Casios que entre outras proezas tinham a fantástica capacidade de cronometro. (1:24 foi o tempo da primeira meia maratona do meu pai… o meu record atual está em 1:43…)
Agora com 66 anos, é o meu orgulho e inspiração, pois além da idade e da barriga que já pesam ainda tem a força, a resiliência e a sabedoria para entre outras coisas dar bigode a corredores com metade da idade dele.
Feliz dia do Pai… Pai! hoje quando chegar do trabalho querem adivinha o que vou fazer com ele??? :)