Review: Reebok One Guide 2.0
Por Filipe Gil:
Tendo em conta que no final do verão de 2014 a marca Reebok veio ter com a crew e nos ofereceu vários modelos de sapatilhas de running (e têxtil) para que os pudessemos testar e dar a nossa opinião sincera, foram distribuídos por vários elementos da crew do Correr na Cidade alguns modelos, de acordo com a nossa necessidade e tipologia de passada.
A mim, como pronodor calhou-me um dos One Guide 2.0 a aposta da marca para corredores com este tipo de passada. Fiz vários tipos de treino com eles, regularmente em subidas e descidas pelo Restelo e Belém, pelos pisos de terra batida do Jamor, e estrada, entre os quais a Meia Maratona dos Descobrimentos.
Abaixo, e dividido pelos parâmetros com que avaliamos as sapatilhas de running, o meu parecer:
DESIGN
Se há ténis que dão nas vistas pelos melhores motivos este modelo da Reebok é um deles. São dos ténis mais bonitos que já calcei. Os pormenores não foram deixados ao acaso. Desde a colocação das letras da marca, ao degradé entre as diversas cores, marcando as três divisões do sapato e resolve, como já havia dito na 1ª impressão, um dos problemas visuais que todos as sapatilhas de corrida para pronadores têm, ao não pronunciar a “ajuda” de estabilidade. Apesar desta ser a característica que salientamos nas nossas reviews mais subjetiva, posso escrever que, em termos de design, são imaculados.
CONFORTO
São sapatilhas de corridas razoavelmente confortáveis. Uma das melhores características é o espaço que este modelo dá aos dedos dos pés. Um espaço ideal que permite que os dedos se estendam confortavelmente. Outros dos pontos positivos no conforto é a parte de trás da sapatilha. Muito, mas muito confortável. São dois pontos, a frente e a parte de trás que podem trazer alguns problemas de bolhas…noutros modelos de outras marcas, porque neste é do melhor que já calcei. Tirando isso, a sapatilha é confortável, mas q.b. Nada de exageros.
PREÇO
Um dos grandes problemas em comprar sapatos de corrida da Reebok é a dificuldade de encontrar lojas que os vendam. Mas há boas notícia, a coleção Primavera/Verão já verá “a luz” do dia em território nacional e a marca está prestes a aparecer num dos maiores retalhistas de desporto a nível nacional. Assim que podermos revelar, dizemos. Voltando ao preço, pelo que pesquisamos, este modelo custa cerca de 120€. Um preço aceitável para o modelo, contudo, acho que a marca tinha a ganhar mais se os colocasse na ordem dos 100€, tendo em conta alguma concorrência existente no mercado. Mas é apenas uma opinião! Contudo, tenho que sublinhar que parecem uns ténis robustos e que demoram a gastar. Depois de 60 kms com os meus, parecem novos, sobretudo na sola. Prometem.
ESTABILIDADE
É o ponto mais negativo neste modelo. Já todos sabemos a história dos pronadores, que há ligeiros, verdadeiros e severos. Eu sou ligeiro, dizem, e quando calcei este modelo senti que não estava lá nada para pronadores. Tive dúvidas, e medo. Mas de facto está lá. Há uma parte da sapatilha, muito bem desenhada, como já disse, que tem uma dureza maior e que dá a tal estabilidade aos pronadores. Mas, sinceramente, comigo não resultou. Senti-me com se estivesse a correr com sapatilhas neutras. Acho os sapatos demasiado planos para pronadores. Ao fim de uns quilómetros com eles, em estrada - mais concretamente na Meia Maratona dos Descobrimentos - a alguma falta de estabilidade sentiu-se e percebi que o meu pé estava a rolar para dentro em demasia. Um aspeto a rever pela marca. Tenho a certeza, ou quase, que se for um corredor pronador muito ligeiro, rápido e leve, este modelo faz o seu serviço a nível de estabilidade. Para outros, como eu, que necessitam de um pouco mais de “ajuda” na estabilidade, este modelo só deve ser usado com uma sapatilha própria para pronadores, sobretudo para correr distâncias acima dos 12Km.
AMORTECIMENTO
Nada de especial. Mesmo! É dos pontos que achei mais negativos neste modelo. Se para corridas até 12 quilómetros a necessidade de amortecimento, a não ser que sejamos corredores muito pesados, não se faz sentir. Mas depois a história é outra. No último teste que fiz com este modelo, os 21 quilómetros da Meia Maratona dos Descobrimentos, confesso que a partir do km 15 precisava de uns ténis mais “fofos”. Não, não estou a falar do design novamente, estou sim a escrever sobre aquela sensação de amortecimento que, quem corre muito tempo em estrada, com uma passada repetitiva sobre o mesmo tipo de piso duro (alcatrão) necessita. Em média, um corredor que pese 70kg faz uma passada com uma força de 200kg. Ora isto ao fim de uns tempos faz mossa. Diria sim que em termos de amortecimento, esta é uma sapatilha para qualquer tipo de corredor até aos 10km, a partir daí e até aos 21kms depende um pouco do gosto/necessidade do corredor. Já corri com modelos de outras marcas mais minimalistas mas que forneciam um amortecimento um pouco melhor. Honestamente, acho um modelo que não dá uma maratona inteira em estrada confortável. É aqui que a Reebok tem de trabalhar mais, tornar de facto este uma boa alternativa para corredores pronadores e para que eles possam fazer grandes distâncias com eles. Ou entao, podem criar um novo modelo que permit tais feitos. Há aqui um caminho a percorrer. No meu entender, se nos neutros já estão lá perto, nos ténis para pronadores, ainda há uma ultra (daquelas de mais de 100 milhas) a percorrer pela marca norte-americana.
Resumindo, são uma boa escolha para corredores não muito pesados e com pronação ligeira para treinos até 15km. Foi a tipologia de corrida que fiz nos primeiros quilómetros destas sapatilhas, e ai surpreenderam-me pela positiva (como indiquei na 1ª impressão, que podem rever aqui). Mas para uma distância maior sou da opinião que este modelo ainda necessita de evoluir um pouco e ainda está distante do modelo para neutros - que o Nuno Malcata analisou aqui.
Os One Guide 2.0 estão lá quase, mas ainda falta um caminho e algum trabalho à Reebok para chegar a esse quase.
Avaliação:
DESIGN - 19/20
CONFORTO - 14/20
PREÇO - 14/20
ESTABILIDADE - 11/20
AMORTECIMENTO - 13/20
Avaliação Total: 71/100