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Correr na Cidade

Recomeçar a correr na São Silvestre de Lisboa

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O mais difícil nisto das corridas não é começar a correr. Não, esse início é só físico mas que tem, ao mesmo tempo, o encanto dos primeiros dias de um namoro. Tudo é novo, intenso, por vezes custa a ganhar habito mas torna-se incrível. Não conheço ninguém que ao fim de cinco treinos seguidos de corrida tenha desistido de correr por vontade própria - e se calhar desiste de um namoro ao fim de cinco encontros...

Mas na corrida amadora, é por volta desse treino, com pouco espaço de tempo entre eles, que ela vinga e nos conquista. 
Mas pior que tudo isto é recomeçar a correr. Recomeçar, recomeçar e recomeçar novamente. Parar e voltar a correr. Sobretudo quando somos obrigados a isso - quer por lesão, por trabalho ou outras razões mais ou menos trágicas. 

Ora recomeçar é o que tenho feito a cada treino que faço. De treino em treino, recomeço. Ora em estrada ora em trail. Já lá vai um ano assim. Já desisti de correr. E já voltei a calçar as sapatilhas com esperança de voltar à estrada e trilhos. Aliás, é essa esperança que me faz ir a (poucos) treinos apesar de continuar com uma dor no joelho. 

Por isso mesmo já me mentalizei que não quero voltar a correr nem a dar importância à corrida que dei outrora, nem sequer sonhar em fazer uma Maratona. Aliás, brinco com isso: serei, provavelmente, o único criador/impulsionador de um blogue e crew de corrida que nunca fez uma Maratona e nem vai fazer. Se calhar devia fazer uma t-shirt a dizer isso…

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Ora, neste sábado, dia 28 de dezembro voltei recomecei a correr. Fiz 10 kms de seguida como já não fazia há 1 ano atrás. A prova foi a mesma, a São Silvestre de Lisboa. Nos pés umas sapatilhas ainda a cheirar a novas que a organização me deu para os testar (e que daqui a uns dias darei conta) e muita vontade de me divertir a correr. 

E isso aconteceu. Diverti-me do início ao fim. Só mesmo a descida me custou e o joelho começou a dar de si, a cada passada sofrega de chegar à meta, com uma dor daquelas que não dá para esquecer. 

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Mas lá fiz a prova. No início com entusiasmo, e mesmo sem querer em velocidades nunca antes feitas nos últimos meses e com a alegria de receber os incentivos dos lisboetas e turistas que andavam, certamente, aos saldos, pela baixa da cidade. 

A meio, e quando o pulmão começa a explicar ao cérebro que sem treino não dá mais, vem a vergonha. Correr tão devagar que dá vontade de tapar as letras CNC que trazia ao peito, só para não embaraçar o resto da crew. 

Como é que um gajo que apesar de um pouco de pança natalícia é magro, relativamente jovem, corria aquela velocidade? Sentia no olhar os corredores mais experientes que olhavam para as minhas novas sapatilhas: “Deus dá nozes a quem não tem dentes”. 

O final, e tirando a descida da Avenida da Liberdade que me custou mais que a subida, veio o sorriso, uma ténue vontade de me atirar para o chão, a busca incessante pelo primeiro banco para me sentar. Uma vontade parva de ver se o joelho e o resto da perna não tinham ficado para trás, e o prazer de terminar 10 quilómetros (aquele que indiquem no início destas linhas) a vir ao de cima. O tempo oficial, que a organização enviou via SMS, foi o que menos importou: 1:00:02. Mas podia ter sido tão pior. 

Lembro-me de outras edições em corria efetivamente e estava em “forma” ter feito 00:52 ou 00:55 ou mais lento, 00:58. Para quem continua a correr com um joelho ao peito, nem foi nada mau. Entretanto, a dor voltou e o dia seguinte à prova fez-me lembrar que não voltei a correr. Venha então o próximo recomeço! 

 

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