Race Report Trail Bucelas: "Quero pudim!"
(Lá atrás, sempre lá atrás. A história do meu trail de Bucelas)
Pudim! Apeteceu-me pudim, muito. Enquanto corria e ouvia na minha cabeça a música do Western “Os 7 Magníficos” que tinha visto no noite anterior. Foi basicamente esse o pensamento que me acompanhou durante os 21 quilómetros e qualquer coisa do Trail de Bucelas, faz hoje precisamente uma semana.
Em primeiro lugar tenho que referir que não gosto de pudim. Acho que comi demais quando era puto e hoje em dia é das sobremesas que dispenso, nas vezes que como sobremesa. Por isso, ainda hoje é um mistério para mim porque raio estava a pensar em pudim? Adiante.
Mas não foi a única coisa estranha neste trail. Confundi passagens e paisagens. “Mas esta subida não era no Piódão, esta passagem não era em Casaínhos?” E explico: antes deste trail de Bucelas o último que fiz, como já perceberam, foi em finais de março no Piódão. E antes desse fiz Bucelas em 2015, há mais de 1 ano atrás. De lá até cá, só recentemente voltei a correr em Monsanto e Sintra. E tenho as sensações todas baralhadas. Foi estranho.
Falando da prova em si, Bucelas este ano teve um percurso excelente. Os 21km foram mais que suficientes e melhor do que os 27km do ano passado em que, segundo a memória não me falha e se não estiver a confundir com outros trails, houve uma altura em que se andou ali às voltas por locais menos interessantes. Desta vez achei o percurso perfeito. Mesmo com uma subida diabólica cheia de lama ali para o quilómetro 15/16. Gostei das outras subidas, mesmo aquela última cheia de cascalho em que só mesmo a andar, até aos estradões single tracks que fomos presentados, até às duas passagens no riacho (love it). Está de parabéns a organização e todo o simpático staff de apoio. Acho que deviam colocar mais dorsais à disposição porque têm aqui uma prova muito interessante.
Sobre a minha corrida. Fui muito conservador! Mas tinha que ser assim, o medo de forçar o joelho e de me lesionar novamente ainda persiste. No fundo, ainda não me libertei da lesão, e ainda acho que estou com alguma coisa no joelho e que posso piorar de um momento para o outro. Por isso resguardei-me tanto nas subidas como nas descidas. No início acompanhado pelo meu cunhado, enquanto o resto dos homens da crew faziam a sua corrida lá frente (com o Pedro Tomás Luiz a ficar em 20º da geral), e as meninas em festa "lá atrás". Apertei um pouco quando o chão estava mais nivelado, o que é raro neste percurso.
Basicamente arrastei-me até ao primeiro abastecimento, ali por volta dos 8 quilómetros (acho eu) e só aí começou a despertar uma vontade de correr. Até que veio aquela subida com demasiada lama. Aí vi que as meninas da crew vinham menos lá atrás do que eu pensava e estavam na minha peugada. Nesse momento, decidi para mim mesmo, não me deixar apanhar por elas. Como estava a entrar numa fase menos boa da corrida e a sentir-me novamente cansado e molengão isso serviu-me de incentivo. Ainda tive uma cãibra que remeti para o esquecimento, porque tinha que acabar antes das meninas! Era ponto assente!
E, 1 minuto depois das três horas de prova, passei a meta. Estava feito. Finalmente, estava feito um trail. Tantos e tantos meses depois da última prova. Estava ali de volta, ainda fora de forma, mas de volta. E que bem que soube.Quase tão bem como o almoço que tivemos, entre crew e amigos no restaurante "Os Pneus", perto de Bucelas, onde hidratamos com umas belas cervejas. E onde, infelizmente, já não havia pudim…