Race Report: Testar a forma nos 10Km da Meia Maratona dos Descobrimentos
Por Nuno Malcata
A Meia Maratona dos Descobrimentos é desde a sua 1ª edição, há 2 anos, uma das minhas provas preferidas em território nacional.
Nesta 3ª edição não participei na prova principal, mas nos 10Km, já vos explico porquê.
Tenho muito boas memórias das duas edições anteriores, por razões completamente distintas.
Na 1ª edição da Maratona dos Descobrimentos em 2013 estava em plena fase de preparação para a minha primeira maratona. Integrado no grupo de treino do GFD Running o foco em treino de corrida de estrada era enorme e a aprendizagem e evolução que tive permitiu-me há 2 anos ter com uma diferença de 1 mês as minhas duas melhores marcas em Meias Maratonas (1h54m e 1h52m) e nos 10Km (48m49s).
Um ano depois a prespetiva com que encarei a Meia Maratona dos Descobrimentos era bem diferente. Após a Maratona de Sevilha de 2014, com a Crew do Correr na Cidade descobri a corrida nos trilhos e o foco mudou da estrada para o Trail. Se durante 2014 melhorei a minha resistência para a dureza dos trilhos, perdi alguma paciência e consistencia necessárias para a corrida em estrada.
Assim, encarei a Meia dos Descobrimentos de 2014 como uma prova descontraida com a Crew e para fazer a "rolar" e terminar em cerca de 2h. As previsões sairam furadas, se nos primeiros 10Km ainda mantive o ritmo certinho, dos 10 aos 15Km fui perdendo gás e paciência para aguentar o ritmo que ia a tentar impor e aos 15Km, saturado, abrandei até um ritmo confortável. Se terminei a prova alguns minutos acima das 2h e bem longe do tempo de 2013, nada disso me incomodou porque ainda ajudei quem fazia a sua estreia e a boa disposição imperou.
Se em 2014 ainda participei em algumas provas de estrada, em 2015 estas resumiram-se à Maratona de Sevilha, Meia Maratona do Douro Vinhateiro, Marginal à Noite e Corrida do Tejo. Depois da paragem forçada, desde há 3 meses tenho feito treino base no sentido de melhorar a forma para voltar aos trilhos, e não tinha qualquer plano para realizar provas de estrada. Assim a Meia Maratona dos Descobrimentos estava fora dos planos.
Recentemente, num dos treinos semanais, realizei um conjunto de séries em pista onde fiquei surpreendido com os tempos e maneira como me senti. Nesse mesmo dia um dos elementos da Crew que iria participar nos 10Km da Meia Maratona dos Descobrimentos indicou que não estava em condições de participar e decidi nesse momento testar como estava a minha forma nesta distância.
E é deste modo que chego a este domingo, com alguma expetativa, mas sem saber muito bem o que esperar de mim próprio. Decidi fazer a corrida como faço os treinos mais rápidos, um bom aquecimento, e fazer os 10Km evoluindo aos poucos a frequência cardiaca sem olhar muito ao tempo por km.
Saí de casa a correr até Belem, o que deu em asneira, achava que demorava cerca de 10 a 15 minutos, e cerca de 2km tranquilos, mas calculei mal a distância e fiz quase 4Km para chegar junto da partida. Mas cheguei quentinho, bem quentinho e a 2 minutos do inicio da prova. Ainda deu para encontrar a Bo e a Ana, desejar boa sorte e arrancar.
O início desta prova é algo confuso, entre a partida e os Jerónimos o piso é algo incerto e com as obras no local a situação piorou. Fiz os primeiros 500m cheio de cautela para não cair nem torcer os pés, até estabilizar tanto o piso como o batimento cardiaco. A partir daí até voltar a passar pelo local da partida foram cerca de 4Km, a um ritmo solto mas muito confortável, deu para cumprimentar vários amigos e trocar algumas impressões com outros participantes.
Aos 4Km aumentei o ritmo, começei a fazer cada km um pouco abaixo dos 5 minutos e começei a pensar "Será que dá para menos de 50 minutos?" O aumento do ritmo não trouxe muito desconforto, continuei solto e a gerir a energia disponível. A prova dos 10Km teve um único abastecimento de água aos 6km, que penso ser suficiente para uma prova desta distância. Aos 8Km decidi imprimir de novo um ritmo mais elevado. Forçei e sorri quando vi ao km 9 que tinha feito o último km a 4m42s. Se para muitos atletas este tempo é um mero "rolar" em dia de descanso, para mim é motivo para sorrir.
O último km de qualquer prova é sempre diferente de todos os outros, seja que prova for, e nesta prova não seria excepção. Toca a acelarar e acabar a prova tirando o melhor que podia dar. Não sabia a quanto andava o coração, ia lá em cima, não sabia a que velocidade ia, mas sentia-me rápido, só queria ver a meta, passar a mesma e sorrir, é das melhores sensações que conheço, seja a fazer 10 ou 50Km.
Na reta da meta olho para o relógio oficial e estava a passar dos 49 para os 50 minutos, pensei "Raios, não dá para sub50". Sprintei e 6 segundos depois cortei a meta, sorri, primeiro que tudo, e desliguei o relógio, iniciado pouco antes de começar a correr, dizia 49m36s, sorri ainda mais, afinal tinha conseguido, tinha esquecido que entre a partida e começar a correr tinha passado cerca de 1 minuto.
Corrida terminada, a organização deu uma medalha de participação e um saquinho com água, bebida isotónica e maçã, tudo ideal para repor nutrientes após esforço.
Juntei-me ao João Gonçalves para assistir à chegada dos restantes elementos da Crew e dar força a quem chegava ao final dos 10Km e da Meia Maratona.
É bom ver tantas caras conhecidadas destas lides, ver sorrisos a aparecer do esforço quando puxamos por quem vai num último esforço a terminar as suas provas, são estes momentos que tanto me dizem, quase tanto como participar e sorrir sempre em cada meta, muito.
Em jeito de conclusão, apesar de em algumas provas ser crítico da Xistarca na organização das mesmas, há que salientar o bom trabalho desta entidade na organização da Meia Maratona dos Descobrimentos. Da minha parte, se 2 anos depois voltei a fazer uma corrida de 10km abaixo dos 50 minutos, já penso voltar no próximo ano para lutar por um PR na distância da Meia Maratona. Até 2016!