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Correr na Cidade

Race Report - Reccua Douro Ultra Trail (Parte 1)

Os nossos Rui Pinto e João Gonçalves participaram do passado dia 3 de Outubro na prova de 80km do Reccua Douro Ultra Trail, este foi até à data o maior desafio desportivo das suas vidas. Alguns meses de preparação culminaram numa maravilhosa chegada ao Museu do Douro no Peso da Régua com uma magnifica vista sobre o Rio Douro e toda sua majestosa envolvência.
 
Nesta primeira parte o João contamos a sua visão da prova e como a viveu deste o quilometro zero.
 
 
Por: João Gonçalves 
 
A vontade é tanta de contar esta aventura, que leva-me a começar pelo fim... Dito isto o Reccua Douro Ultra Trail foi provavelmente uma das provas mais bonitas e mais bem organizadas em que já participei, foi de facto um prazer em participar nesta prova que se arrisca a marcar o panorama nacional de eventos de Trail Running em Portugal, como uma das melhores, na minha opinião.
 

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Subida da Diana
 
 
Organização e Comunicação
 
Um staff muito simpático e acima de tudo muito disponível, sempre pronto a dar as indicações necessárias para o bem estar das várias centenas dos atletas presentes na prova, em termos de comunicação e da qualidade de informação disponibilizada, tanto na pagina do evento como nas redes sociais, foram muitos precisas com uma elevada atenção ao detalhe o que demonstra um enorme profissionalismo de toda a organização.
No que toca aos gráficos de altimetria e da indicação dos quilometros e abastecimentos dos mesmo, foi como se quer numa prova de trail - abastecimentos, pontos de água, apoio médico, etc, estavam no sitio certo no quilometro marcado - apenas existiu uma pequena gafe no briefing, pois anunciado que a prova teria menos 3k do que os 80k anunciados, mas no final e contar com o meu equipamento, isto não aconteceu pois a distancia de 80k foi apresentada no meu visor, mas nada de mais.
 

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Gráfico de altimetria dos 80k

 

Marcações e Segurança
 
O percurso estava muito bem marcado com recurso a fitas brancas de tamanho bem generoso que facilita a visibilidade das mesmas, num ambiente onde onde os tons de verde e castanho imperam, a distancia entre as marcações foi mais que adequada e não deram lugar a duvidas ou aquele pensamento "Será que estou no caminho certo?", estas também tinham embutido material reflector na parte e inicial e final do percurso, pois a partida foi dada ainda de noite e muitos dos atletas também já chegaram sub a luz da lua e do "frontal".
 
Em termos dos meios de segurança presentes no percurso, foi certamente a melhor prova onde já participei, deste elementos da GNR nos cruzamentos de estradas, bombeiros e ambulâncias em pontos chaves, estiveram presentes várias equipas do GOBS - Grupo Operacional de Busca e Salvamento nos locais mais perigosos, onde o risco dos atletas terem algum problema mais sério era mais evidente, para além destas equipas fixas, estiveram também várias equipas moveis desta força, a correr e a caminhar ao longo do percurso, aumentando assim a segurança dos participantes, para finalizar estiveram presentes no percurso elementos em motas de cross que "patrulharam" o percurso de forma a garantir que tudo estava ok para a passagem dos participantes.
 

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Uma das equipas do GOBS
 
 
Deixo também aqui um "Muito Obrigado" aos bombeiros, pois durante o prova existiu um fogo, que por razões de segurança atrasou um pouco a partida das provas e estes tudo fizeram para que no local onde existia a passagem dos participantes não existisse qualquer problema.
 

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Combate às chamas
 
Gift Bag e Abastecimentos
 
O Gift Bag da prova da distancia em participei era composto por: uma tshirt técnica de excelente qualidade da Cofides, uma marca nacional com quase de 40 anos de experiência especializada na confecção de equipamentos desportivos de ciclismo, triatlo e atletismo, e na minha opinião uma das tshirts de prova mais bonitas, existinto na versão masculina e feminina; uma garrafa de Vinho do Porto - Réccua Douro que também dá o seu próprio nome à prova, uma maça de Armamar; um pacote de maça desidratada; uma revista da modalidade; vários folhetos publicitários; um guia de recomendações aos atletas, que relata temas de medidas individuais de prevenção sobre exaustão, cãibras, vestuário, exercícios de recuperação e a "Sensação de Dor de Muscular Retardada" - Uma excelente ideia!!; e o dorsal em si, aqui tenho um ponto de melhoria para as próximas edições, o dorsal da prova não contem chip electrónico o que levou a um controlo manual das passagens, que na opinião hoje em dia já não faz não faz muito sentido e pode levar a erros.
 

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Tshirt da Prova - LINDA!!

 

Quando aos abastecimentos, muito completos: água, isotónico, Coca-Cola da verdadeira, batatas fritas, frutos secos, tomate com sal, fruta, croissants, chouriço, marmelada e vários doces, complementados com sopa e ovos cozidos na base de vida do k57.
 

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Prova e Percurso
 
Com partida marcada para as 6 horas da madrugada o dia começou bem cedo, acordar depois de uma noite quase em branco devido à ansiedade da prova, tomar um banho equipar, fazer um ultimo check para garantir que nada falha e ir até ao Museu do Douro iniciar a prova, à chegada a azafama normal de dia de prova, encontro o Rui Pinto também claramente ansioso, conversamos um pouco sobre a prova... 
 

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 Eu e o Rui Pinto antes do controlo zero

 

Ok é hora de ir para o controlo zero, ultimas despedidas de quem fica à nossa espera, algumas fotos e estamos prontos, até que se ouve o Speaker do evento a anunciar um atraso de meia hora na partida devido a incêndio num dos pontos do percurso e haver o risco de inalação de fumo, neste ponto à sempre um desanimo pois estamos naquele pico de euforia e depois Ups! Calma que ainda não é agora... a seguir a este, mais outro atraso de 20m até que foi anunciada a partida para 7 horas da manhã... Frontal ligado, contagem decrescente e aí vamos nós, começou, neste momento surgem aqueles pensamentos "Meu Deus! Só vou voltar aqui a horas de jantar! Que Loucura!", faço os primeiros km em ritmo calmo na companhia do Rui, por dentro de um casario e entre muros muito típicos desta zona da régua, até que nos começamos a afastar um do outro, pois a ideia era fazer a prova cada um a seu ritmo.
 
Sabia que antes das subida principal ao topo da Serra do Marão tínhamos duas pequenas subidas e descidas iniciais, que depressa deu para verificar que "as pequenas subidas" não eram tão pequenas assim e as descidas eram duras e violentas "Uiii! que isto vai ser bruto!" foi este o pensamento ao terminar este primeiro segmento que deu para redefinir o ritmo da prova.
 

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 Inicio da subida principal, bem junto ao Douro

 

Após uma zona rolante junto ao Douro, das raras do percurso, o inicio da subida principal, cerca de 19 quilómetros e 2000 metros de desnível positivo de uma assentada, a subida foi feito ao ritmo do terreno, ou seja, correr quando era possível e a passo rápido a maior parte do tempo, auxiliado pelos abençoados bastões emprestados pelo Nuno Malcata (Obrigado amigo!) sobe e volta a subir, até que cheguei ao inicio da "subida da Diana" e se dava o inicio do "King Of the Mountain", o que é isto? É uma prova dentro da prova, é uma espécie de prémio da montanha, um segmento de cerca de 1k com uma elevação danada onde o ritmo andou bem acima dos 20m/k (Quase a andar para traz!), finalizada a subida, a chegada a um parque éolico que dava acesso à Srª da Serra (o ponto mais alto da Serra do Marão!) onde foi possível, vislumbrar um paisagem de cortar a respiração, aqui descansei um pouco sem pressa, antes de iniciar a vertiginosa descida.

 

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UFA!! - Etapa do KOM
 
Confesso de subestimei esta descida, sou uma pessoa que adora descer e descer rápido, mas esta descida foi longa e muito dura e que deixou-me marcas em cima nos pés e nas coxas, o que fez com o que o segmento entre os abastecimentos Soutelo (45k) e Fontes (57k Base de Vida) foi um martírio, cada passo era um inferno sentia o pisar do solo nas minhas pernas como de fossem "marteladas", mas sabia que quando chegasse à base de vida tinha umas sapatilhas com mais amortecimento (Hooka Mafate Speed) no meu saco que me iriam ajudar em muito na ultima parte do percurso, portando foi enfiar os olhos no chão, aguentar a dor e seguir em frente.
 

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Chegada à base de vida

Alcançada a base de vida (Ufa!!) descalcei-me logo, troquei de meias e sapatilhas, comi bem, hidratei e descansei, foram cerca de 20 minutos de paragem para retemperar forças e quando me senti preparado iniciei os últimos 23km até ao Peso da Régua, sabia que tinha mais duas subidas grandes pela frente, mas eram as ultimas e isto com a sensação de quase fim e um maior conforto nos pés deram muito animo para chegar ao fim e passar a linha da meta.
 

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Ultimo segmento do percurso

 

O percurso em termos de paisagem é lindo, super variado, é um mistura de Serra de Sintra, Lousã, Estrela e vinhedos, tudo num só, a paisagem vai mudando como se fossem postais e nunca nos fartamos do que nos rodeia, as pessoas das aldeias por onde passamos são muito simpáticas e tem sempre uma palavra de apoio para nos dar.
 
 
Equipamento e Nutrição
 
Equipamento base
Mochila: Salomon advanced skin s-lab hydro 12l
Tshirt: Waa Ultra Carrier
Calções: Berg Xtreme Series
Meias: Compressport Pro Racing Trail V2.1
Sapatilhas: Salomon s lab Sense e Hooka Mafate Speed
Frontal: Led Lenser h7.2
Bastões: Black Diamond Distance Carbon Z
Relógio GPS: Garmin Forerunner 310xt
 
Nutrição transportada
Geis: Zipvit
Barras: Cliff
Electrólitos: Pastilhas Isostar e Cápsulas de Sal Succeed S!caps
Vários: Marmelada e Gomas
 
 
Saco de base de vida:
Muda completa de roupa
Creme hidratante pés
Nutrição
Frontal de substituição
 
 
Agradecimentos
 
Antes de acabar quero deixar uma palavra de agradecimentos a todos os elementos da Crew “Correr na Cidade” pelas palavras de incentivo e pelas mensagens de apoio que fui recebendo ao longo da prova que me foram dando força para continuar, um agradecimento especial ao Tiago Portugal que foi uma espécie de mentor durante toda a fase de preparação, ao Nuno Malcata, pelo apoio fervoroso ao longo do dia e pelos bastões que foram uma espécie de segundas pernas, pois sem eles seria muito muito difícil, um agradecimento também muito grande a todos os quais eu “roubei” tempo durante toda a fase de preparação, ao Rui Pinto companheiro de luta nesta jornada.
Por ultimo quero agradecer a “ti” que estiveste sempre lá em todos os momentos e nunca me deixaste parar e sempre me deste força para continuar… Obrigado!!
 
 
Objetivos e Conclusões
 
Secretamente tinha o objetivo de chegar ainda de dia, desejo que foi desvanecendo a cada atraso na partida e confesso que quando parti nunca pensei regressar ainda com luz natural, mas felizmente tive força para o conseguir, consegui completar o percurso em 12h:10m (nada comparado com os 8h:40m do grande Rui Luz - WOW) conseguindo um honroso 26º lugar na geral e 14º no Escalão, o que me deixou muito orgulhoso de mim próprio e da crew que represento.
 

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 Está feito!!!!

 
 
Termino como acabei e com as mesmas palavras, “(…) o Reccua Douro Ultra Trail foi provavelmente uma das provas mais bonitas e mais bem organizadas em que já participei, foi de facto um prazer em participar nesta prova que se arrisca a marcar o panorama nacional de eventos de Trail Running em Portugal como uma das melhores, na minha opinião. (…)”.
 
Obrigado #DUT e até para o ano.
 
 
*Obrigado a todos os fotografos presentes do percurso que deram a conhecer por meio de imagens a beleza desta prova