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Correr na Cidade

Race Report: II Meia Maratona Descobrimentos 2014

descobrimentos0.jpgPor : Luís Moura

 

Recebi o convite para participar nesta segunda edição da Meia Maratona dos Descobrimentos uns dias antes do evento, prova esta que vem "usufruir" do espaço livre em Dezembro, a nível de provas, com a passagem da Maratona de Lisboa para inicio de Outubro.


Sem preparação especifica para rolar muito depressa em alcatrão, visto que desde Abril/Maio cerca de 80% dos meus treinos são feitos em trilhos em preparação para as diversas provas a que fui (No próximo fim-de-semana irei aos 47km dos Trilhos Nocturnos de Albufeira), foi com alguma expectativa que fui testar a "máquina" para ver como estes últimos meses moldaram o corpo.


Será que andar sempre a fazer médias entre os 5:30/km e os 7/km reduziu a capacidade de rolar depressa no alcatrão? Será que o peso que perdi nestes meses juntando ao aumento de força nas pernas iria produzir melhorias visiveis? Será que andar a fazer provas de 53 ou 82 km, produz um efeito de resistência no corpo que faz com que outras distâncias mais pequenas comecem a parecer "pequenas" ?

 

Na semana passada fiz dois treinos nocturnos, 5,7km na terça-feira a 4:38/km; e 6,1km na quinta-feira a 4:41/km e custaram imenso. Correr com este frio com inicio dos treinos perto das 20 horas, é complicado. A temperatura está muito baixa e custa respirar correctamente. Além de que o corpo demora algum tempo a aquecer convenientemente. No sábado de manha fiz 4,6km a 4:46/km para fazer um pequeno teste na mesma hora que iria correr no dia seguinte. Senti o corpo muito mais solto do que durante a semana e a respiração foi normal. Parecia tudo ok para domingo correr sem problemas.

 

No Domingo chegamos à zona de concentração do Correr na Cidade pelas 09h15 da manhã, 45 minutos antes da partida da Meia Maratona.


Tiramos umas fotos, uns minutos de conversa com os outros membros e amigos da crew, apanhei algum frio e comecei a fazer um pequeno aquecimento. Acabei às 09h50 e quando me dirigi para a partida, já fiquei a uns bons 50 metros do inicio. É o tal equilíbrio que é muito difícil de fazer em provas com uma elevada participação, entre fazer um bom aquecimento e arranjar um bom lugar para a saída. Nunca vou perceber porque pessoas que fazem acima das 2h querem ir para o primeiro metro da partida, mas isso fica para outra conversa "de café".


Logo naqueles 10 minutos fiquei a pensar na estratégia definitiva para a prova. Como iria arrancar, como iria fazer a travessia grande e como iria estar para os últimos 2/3km já perto do jardim. Visto que a prova tem uma subida muito acentuada logo no primeiro km, optei por atacar na subida, na descida e depois no plano. Parecia-me um plano linear e bem pensado :)

 

Após o tiro de partida, passo pela partida já com 55 segundos de prova. Durante uns bons 200 metros, ando devagar a tentar fazer ziguezague entre alguns atletas mais lentos que arrancaram à frente e vou tendo paciência... Apanhamos a subida da rua dos Jerónimos e comecei a acelerar um pouco. Encostei-me à direita porque existiam filas de 10 pessoas a correr paralelas a ocupar quase a estrada toda e fui subindo.

Viramos logo no Estádio do Restelo e continuei a gerir esforço. Quando mais à frente virámos à esquerda para descer a Avenida Dom Vasco da Gama acelerei mais um pouco. Continuei a passar imensa gente que seguia a um ritmo mais lento e notei que aquela pequena subida faz mossa a quem não treina muitas subidas.


Primeiro quilómetro a subir deu 4:16/km enquanto que até Algés deu 3:59 e 3:35/km até à rotunda.Viramos à esquerda na Avenida da Índia e avistei a bandeira da 1h30m. "Ui, aqui está um bom plano" - pensei para mim. Seguir aquele magote de pessoas que estavam à volta do corredor com a bandeira. Continuei em passo mais rápido e demorei cerca de 2km a chegar perto deles. ( 4:01 e 4:04/km ).


Entrei no grupo composto por uma corredora e uns 20 e poucos corredores, de todas as idades e quase todos a fazer compasso. Um ou outro foram caindo do grupo por estarem no seu limite de ritmo e não aguentaram.


Fiz 1 quilómetro com eles e vi que o meu ritmo estava óptimo para o que queria fazer e decidi ficar até achar que era altura de seguir em frente. 4:15, 4:15, 4:13, 4:15, 4:15, 4:11, 4:11, 4:12/km... parecia um relógio suíço o grupo todo junto a mover-se pela estrada, a ultrapassar alguns corredores que estavam a perder ímpeto e outros dos 10 km que já iam a passo.

 

Entretanto, passamos por dois abastecimentos (com muita água) e estávamos a chegar perto do ponto de retorno ao lado da estação de Santa Apolónia. Decidi avançar e abandonar o grupo que tanta ajuda me deu. Eles iriam fazer o retorno ligeiramente mais devagar e como me estava a sentir bem, apanhei boleia de 3 ou 4 que estavam à nossa frente.


Se no sentido inicial apanhamos muito vento de frente, e o ficar no meio do grupo protegeu-me imenso, depois do retorno acabou o vento frio e ficou uma temperatura muito agradável.

Daí até ao jardim de Belém, mantive sempre o mesmo ritmo entre os 4:06 e os 4:14/km. As pernas estavam a sentir-se bem  sem acusarem os 82 km de há três semanas atrás. O coração estava controladíssimo e a respiração impecável.


Ainda lutei um pouco contra a minha mente que me dizia, de vez em quando, que ia muito depressa e que se calhar estava bem era "na caminha", mas o objectivo é sempre o mesmo. Acabar o que se inicia! Sabendo que estava à frente do grupo da 1h30, sabia que se não acontecesse nada de maior, iria bater o meu PBT anterior feito na ponte 25 de Abril por uns bons minutos (1h33).

 

Quando cheguei na recta final em Belém, ainda com bastante energia de reserva, a mente já não queria dar ordens ao corpo, contudo,  fiz um pequeno e ultimo sprint até à meta. Deu 3:40/km naquele troço sem grande esforço físico.

descobrimentos1.jpg


Quando olhei para o relógio da meta deu para fazer um pequeno sorriso interior com a satisfação por um dever bem cumprido.

 

O objectivo da prova era tentar bater os 1h33 de março e apontar para as 1h30 que seria espectacular para quem não treina alcatrão e cardio especificamente. Mas ao passar a meta e ver 1:27:53 no relógio foi brutal!!!

Muito acima das minhas expectativas e deixou-me contente e com excelentes perspetivas para aquilo que 2015 me irá trazer se continuar a treinar com humildade, calma e sem pressas de resultados para o curto prazo.


Este é o resultado de treinar há pouco mais de um ano com cabeça e sem acelerar passos cruciais para o nosso desenvolvimento. Ir com calma dá resultados a longo prazo.

descobrimentos2.jpg

 

Por incrível que pareça, deu para bater novamente todos os records intermédios até aos 21km, tal como aconteceu na prova de março.

5km  : 19:53

10km : 40:59 ( menos 1 minuto e meio ! )

15km : 1:01:51 ( menos 2 minutos )

 

No final ainda estive mais de uma hora a apoiar quem ia chegando, uns com um grande sorriso na cara outros já nem por isso. Foi muito bom ver muitas caras conhecidas que já não via há uns bons meses ou há mais tempo.


Entretanto, o "bando" do Correr na Cidade e amigos foram-se juntando à medida finalizavam a prova e continuamos a apoiar quem ia passando pela recta final em frente ao CCB. 

Uma pequena palavra final para a organização da Xistarca que este domingo teve alguns imprevistos, um deles sendo um "pormaior", que foi a passadeira da partida não registar correctamente os tempos de chip de muitos corredores o que fez com que para esta prova não existam tempos de chip mas apenas o tempo bruto.São coisas que acontecem mas que provocam uma grande ira e irritação em quem paga ( e bem em muitos casos ) para participar nas provas.

De resto a prova pareceu-me bem conseguida, se bem que para nós que gostamos de trilhos começa a ser muito monótono este circuito junto ao rio, ao fim de tantas vezes que já o fizemos.

 

Boas corridas.

 

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