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Correr na Cidade

Race Report - III Trail de Bucelas: “A superação está ao meu alcance”

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 Por Bruno Andrade:

 

Queria começar por falar da data e do porquê me ter inscrito nesta prova, mas grandes atos de loucura são feitos em milésimas de segundo, e desse modo não me recordo bem do ter feito.

Creio que foram diversas as razões pelas quais me fizeram inscrever, mas a principal foi tentar fazer algo de novo, algo que criasse um novo patamar para outras conquistas, neste caso foi o número de quilómetros efetuados.

 

O máximo que tinha feito tinham sido 21 quilómetros em algumas meias maratonas de estrada que já participei e nos 15  de Casainhos no que se refere aos trails

 

Esta foi a minha segunda prova de trail, depois dos 15 quilómetros dos  VI Trilhos de Casainhos 2014, e apesar de todas as provas serem diferentes umas das outras, estava a espera de encontrar algo que é comum em todas elas: subidas…subidas….e algumas descidas.

 

Uma semana antes da prova começar e com a chuva que caiu, lembrei-me da prova de Casainhos e que em breve as minhas sapatilhas iriam de novo ter um encontro com a lama - desta vez não foram apenas as sapatilhas mas quase todo eu, tanta era a lama.

Na noite anterior preparei o equipamento, gentilmente cedido pela Rebook no que se refere ao têxtil, e onde me senti bastante confortável.

Tratei também das bebidas que iria levar, neste caso um boião com água e outro boião com bebida isotónica caseira que já tinha experimentado fazer antes e com bons resultados.

Esses bidões foram colocados numa mochila de trail que tinha comprado recentemente e que apenas a tinha testado uma vez, em treino.

Levei também umas barras de cereais, um pouco de sal. Era para levar uns cubos de marmelada, mas como adormeci na manhã da prova acabei por não os fazer.

 

No entanto, nesta família de corredores estamos sempre prontos para ajudar e a partilhar e por isso acabei por levar um pouco de marmelada fornecida pelo amigo Rui Pinto.

Em termos de planos que tinha para esta prova eram poucos: ir a um ritmo onde me sentisse confortável para enfrentar os 27 kms e acabar. Este último sabia que o conseguiria de uma maneira ou de outra. Por sugestão do Filipe Gil tentei acompanhar alguns elementos da crew, ele próprio, o Nuno Espadinha, a Bo e um amigo da crew, o  Rui Pinto.

 

Receei bastante esta sugestão do Filipe porque todos eles estão muito mais preparados do que eu e com um ritmo que eu dificilmente conseguiria acompanhar, de qualquer maneira arrisquei e propus-me a mim mesmo ir com eles o máximo que pudesse.

 

E assim foi, depois de beber um cacau quente para aquecer numa manhã gelada e do controlo zero, e lá fomos todos os elementos da crew e amigos para a partida.

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Tal como prometido mantive-me perto do quarteto que referi em cima .

Logo nos primeiros quilómetro perdi um pouco de distancia dos meus colegas, mas na maior parte das vezes, conseguia-os ver  e isso mantinha-me a esperança de os voltar a encontrar de perto. Por causa de alguns single tracks e de uma fila interminável para passar uma ribeira, consegui-me juntar de novo ao grupo e a partir dai mantive-me  junto a eles por largos quilómetros.

Conseguir correr junto a eles, fez-me ter uma motivação extra, e fez-me pensar que estava realmente a fazer uma excelente prova…ou era isso ou eles não quiseram deitar-me abaixo e ficaram perto de mim...

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Com o passar do tempo ia-me sentindo cada vez melhor até que chegámos ao primeiro abastecimento.

Aí talvez tenha comido um pouco de mais… nunca tinha visto em nenhuma outra prova tanta diversidade de alimentos… e logo de seguida tivemos uma subida (para variar) em que talvez se notasse um pouco o exagero por mim feito nos abastecimentos.

 

Creio ter sido um pouco tempo depois desse abastecimento que passámos de um quinteto para um quarteto, uma vez que o Nuno Espadinha resolveu começar a “correr”.

Nessa altura também comecei de novo a perder um pouco o terreno aos meus companheiros, mas novamente consegui chegar-me perto deles no segundo abastecimento. A partir dai eles começaram a distanciar-se e só os voltaria a encontrar na meta.

 

As subidas custaram-me imenso a fazer, principalmente as últimas e com a lama que estava mais difícil se tornava.Apesar de não faltarem já muitos quilómetros para o fim, o facto de grande parte ser em subida, fazia parecer que a prova nunca mais tinha fim.

 

Começava a duvidar se a meta era no mesmo sitio que a partida, ou se a tinham alterado para o topo de um monte, uma vez que a cada quilómetro que passava mais eu subia. Se existe algo que me custa imenso é estar numa subida, que por si só já é penosa de se fazer, e quando parece que terminou, mais outra subida nos "cai" em cima.

 

E de repente comecei a descer, perguntei a um corredor se já conhecia o percurso e se realmente já não haveria subidas, na qual ele me confirmou que agora era só a descer. Aí ganhei nova força, apesar de ter que ir com cuidado na descida, uma vez que as sapatilhas já não agarravam tanto como no inicio da prova.


Ao pisar o alcatrão senti-me cada vez mais próximo, e quando vi ao longe o Filipe e o Rui a apoiarem senti que estava muito muito perto de alcançar os 27kms.

 

Dei mais um pouco, que achava que não tinha em mim, e corri em direção à meta onde também se encontravam outros elementos da crew a apoiar.Acho que fiz uma excelente prova e um bom tempo, tirando o tempo perdido nos abastecimentos e nas filas que se fizeram em algumas partes do percurso.

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Acredito que talvez não tivesse conseguido fazer o tempo que fiz sem a ajuda do quarteto que me acompanhou.

Um agradecimento especial à Bo, ao Espadinha, ao Filipe e ao Rui.

 

Não tenho mais nenhuma prova marcada, por isso não sei quando voltarei a subir o patamar dos quilómetros feitos……mas sei que um dia passarei os 27, porque…

 

...a superação está ao meu alcance.