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Correr na Cidade

Race report: Do sonho ao “Pesadelo”

 

Por Stefan Pequito:

 

Depois de umas semanas fantásticas de treinos onde fui à Serra da Estrela treinar com o Armando Teixeira & Companhia e de ter treinado na Serra da Lousã veio a “desilusão”. Como sabem no dia 21 de junho realizou-se o Louzan Trail que, para mim, tinha tudo para correr bem. Prova de 33km com muita subida, como eu gosto, e descidas fantásticas, com o bónus de ter também uma vista linda de morrer.

 

Fiz a viagem na companhia da minha fantástica crew que esteve o tempo todo a motivar-me para o meu objetivo: ficar nos 20 primeiros lugares.

 

Dormi bem, comi bem e estava motivado (embora um pouco nervoso, estava Muito motivado). Pelas 8h30m fomos buscar os dorsais que o Nuno Malcata já tinha levantado. Vesti-me, calçei-me e fui para a meta com o resto da crew. Fui-me chegado lá para a frente para poder arrancar forte. Pelas 10h15 começou a prova, o trail longo, arranquei forte sempre a tentar ganhar a maior distância possível e garantir os primeiros lugares.

 

O primeiro quilómetro ainda teve alcatrão e foi rápido (média de 3.40m/km), até chegar ao primeiro trilho. Este também foi bastante rápido e tive sempre o “super atleta” Luís Mota à perna. A um certo ponto o Luís lá ultrapassou-me e eu, maluco, não quis que ele se afastasse muito (erro meu) e forçei. Ao segundo quilómetro aconteceu o desastre. Depois de ter passado os dois primeiros cursos de água sem problemas, quase a entrar no 3º não sei o que fiz mas torci o pé direito a ponto de ter ouvido um pequeno estalo no pé.

Na altura tive dor mas como entrei na água fria acabou por atenuar um pouco e continuei. Estava tocado e sabia disso pois doía a cada passada, contudo sempre pensei que não seria nada de especial e apenas uma pequena entorse, daquelas que já tivera várias vezes.

 

Continuei serra acima, cada vez a abrandar mais e a não conseguir estar completamente concentrado na respiração e na passada. A subir até não ia mal pois consegui manter sempre as posições da frente (nos primeiros 20) mas ao km 12 vi que não estava assim tão bem e com a inclinação do terreno a aumentar a pressão, tinha bastantes dores no meu pé esquerdo.

 

Consegui fazer o mais complicado, chegar ao cimo da serra com quase 15km e perto de 1300d+ em perto da 1h.40m. Passei no posto de abastecimento, levei a respetiva rubrica no dorsal e lá fui eu atacar a descida em direção à meta, ainda a pensar que conseguia acabar.

 

Foi sol de pouca dura, quando ataquei a descida vieram as dores infernais. Ainda tentei ir devagar mas era demasiado e pensei que o melhor era ficar por ali antes que piorasse. Olhei para o bombeiro que ali estava, dei mais 3 a 4 passos até me decidir que o melhor mesmo era desistir. Chamei o senhor que veio rapidamente ter comigo e levou-me de mota (desta vez uma mota mesmo, lol) até ao jipe de apoio onde fui atendido de imediato.

Verifiquei que a lesão era grande pois o tornozelo estava enorme e bem inchado. Ligaram-me a perna, puseram gelo e ainda me perguntaram se queria voltar à prova mas não quis arriscar pois tenho o Douro & Paiva daqui a umas semanas e quero muito ir. Trouxeram-me para baixo debaixo da muita chuva que caía nessa altura e quase que chorei de raiva de não poder acabar aquela prova fantástica.

 

Cheguei à meta e já o pessoal que fez os 17Km começava a chegar. Fui recebido pelo pessoal da organização e fui comer qualquer coisa. Excelentes pessoas, sem dúvidas, numa prova muito bem organizada. Ainda me deram mais um saquinho de gelo para colocar no pé. Depois fui para perto da chegada para ver o pessoal a chegar.

 

Pouco depois vi o pai do Pedro Tomás Luiz já de banho tomado e tudo. O homem é um herói, com cerca de 70 anos fez os 17km em 2 horas e 20m, se não me engano, brutal!

 

Ficámos à espera das meninas da crew (Ana, Joana e Natália) que vinham felizes da vida pelo seu 1º trail. Logo de seguida o grande Pedro Tomás Luiz a chegar e a fazer um fantástico 50º lugar.

 

Depois foi esperar pelos estreantes Filipe e Nuno Espadinha e pela Bo e Nuno Malcata – que já tinham feito o Trail do Piódão. Entre esses foram chegando caras conhecidas como o Carlos Sá, Nuno Silva e o Luís Mota, entre outros. Ao mesmo tempo tinha o meu coração cada vez mais apertado por ter perdido aquela diversão toda, mas lá me aguentei.

 

O pessoal chegou com um enorme sorriso na cara. São uns campeões pois saíram do sofá e foram correr para o meio do mato e “cagaram-se” todos. Orgulho enorme neles.

 

Resumindo, fui com as espetativas altas e levei uma martelada. A verdade é que fiquei com a moral em baixo na altura e com raiva mas é a vida, agora é recuperar (e bem) – o que por acaso está a acontecer - e olhar para os desafios futuros.  

Como digo ”Never Surrender”, mas em caso de se aleijarem e virem que se vão prejudicar mais do que ter benefício o melhor é colocar um travão e não se armarem em heróis. Eu até tive sorte em não ter destruído isto tudo.

Vamos lá agora a recuperar para os 62k de Douro Paiva. Até já.

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