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Correr na Cidade

Race Report do Estrela Grande Trail 2016: afinal, qual era a desculpa?

 

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 As estrelas do Estrela Grande Trail

 

Nos meus objectivos traçados para este semestre, tinha o EGT como uma das provas mais importantes e para a qual queria estar preparada. Mas confesso que sou uma workaholic: adoro a minha profissão e dedico mais tempo a ela do que a mim. Se isto é positivo? Claro que não! Mas esta prova fez-me repensar no rumo que estou a dar à minha vida e na necessidade que tenho de a mudar, outra vez.


Mas agora é tempo de falar sobre a prova propriamente dita.


Como Manteigas não fica logo ali ao lado para quem mora em Lisboa, decidi que tinha de fazer uma crew trip e aproveitar o facto de ter casa ali na zona. No carro trazia uma bagageira cheia de equipamento para ir correr. No início fez-me um pouco de confusão ter uma lista de equipamento obrigatório tão grande para quem ia correr apenas 26K e nem ia até à Torre mas, no final, fez todo o sentido.


Eu, a Bo e o Bruno Tibério, saímos de Lisboa na sexta-feira ao final da tarde e queríamos chegar o mais rapidamente possível à Aldeia Viçosa (Guarda) para podermos fazer a nossa massa "c'atum" e deitarmo-nos cedo. O dia seguinte ia ser longo, cansativo e tínhamos de estar preparados para a grande aventura. A Bo ia correr 46K, eu os 26K e o Bruno ia ser o nosso apoio e fotógrafo oficial.


Para chegar à zona da partida tinhamos de fazer um trajecto durante cerca de 45 min por uma estrada nacional que ia dando uma noção da dimensão daquela serra. E, acreditem, a paisagem é linda!

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 Aldeia - Viçosa (Guarda) - local de passagem do Rio Mondego


Ao chegarmos à partida, começámos por tentar encontrar a Liliana e o Moura, mas nem sinal deles. Algo se passava, pensei eu. Felizmente não tinha acontecido nada de mal, apenas aqueles pequenos stresses que costumam aparecer à última hora.


Vi a Bo partir sorridente, nervosa mas bem acompanhada pelo José Finuras e por alguns membros da equipa do Montanha Clube Trail Running. E, chegada a minha vez de partir, o nervosismo era mais que muito. O Bruno deu-me um mini curso sobre como utilizar o relógio dele e o que eu podia esperar nos primeiros 5K: subidas e mais subidas. Dei apenas uma vista de olhos pelo gráfico da prova e pensei que não era assim tão difícil. Estava enganada, claro!


À medida que íamos a subir, a paisagem ia ficando cada vez mais bonita. O grupo começava a dispersar e eu, como ia sozinha, pus os meus "phones" nos ouvidos e a música a tocar. Apesar de ter treinado pouco em termos de corrida, nas últimas 3 semanas mudei o plano e comecei a treinar mais as pernas. E o resultado foi muito positivo. Numa dessas subidas meti conversa com a Mónica e o João Batista que serviram de "lebre" e puxaram por mim ao longo da prova.

 

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 A paisagem é fantástica


Na primeira fonte que encontrei, decidi abastecer-me de água e estava a achar estranho como é que tinha bebido tanta água num curto trajecto. Mas depois apercebi-me que já tinha subido mais de 5K e estava muito calor (pelo menos para mim). Claro que a falta de treino também aumenta esta sensação. Ao chegar ao primeiro abastecimento, olhei em volta e vi a bela laranja a olhar para mim e atirei-me a ela como se fosse o Zach Miller no MIUT. Para quem gosta de comer devagar, este é um desafio engraçado. Arranquei do abastecimento com o João e a Mónica, mas tivemos de a deixar para trás por causa duma indisposição. Não gosto de fazer isso, mas sabia que ela não estava sozinha.

 

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A vista para o Vale do Rossim


Ao longo dos 5K seguintes, as subidas continuavam e o João continuava a puxar por mim. Numa dessas subidas surgem mais 2 personagens nesta história: a Oriana e a Raquel. E, o mais engraçado, é que a Oriana é do Porto e uma grande fã do nosso blogue. Senti-me ainda mais orgulhosa pela camisola que trazia vestida e por correr ao lado de quem conhece as nossas histórias.


Na zona do Vale Glaciar surge uma pedra fantástica e que eu já tinha visto em vídeos de provas anteriores: uma pedra em que temos de passar no meio dela, nuns degraus improvisados e meio a pique. À entrada, um moço simpático da organização, deu-nos a dica que faltavam cerca de 9K e para termos algum cuidado, pois a descida tinha muitas pedras pequenas e escorregadias. E eu que pensava que ia ser uma descida fácil...

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Fotos do Zé - Uma foto 5 estrelas onde dá para ver que, apesar da dificuldade, estava com um ar bem divertido.


Depois de deixarmos a pedra e tirarmos algumas fotos muito rápidas, decidimos começar a correr "a trote" (como dizia o João) e lá fomos a descer a serra até ao último abastecimento. De acordo com o que disse a Mónica, tínhamos de nos preparar para um estradão de cerca de 3K até à meta. Dito assim parece fácil, mas depois de 23K...ter forças para "disparar" não é assim tão simples. Algures depois do abastecimento, eu e o João separámo-nos das meninas e decidimos correr mais até à meta. Pelo caminho fizemos contas para ver quanto tempo de prova íamos fazer e esbocei um enorme sorriso ao perceber que ia chegar antes das 5h30 de prova como tinha previsto. Mandei uma sms ao Bruno para pôr a máquina fotográfica à mão, pois só faltavam 3K...que parecia que nunca mais acabavam.

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Eu e o meu companheiro desta aventura

 
Na chegada ainda deu para passarmos 2 raparigas que se enganaram no caminho e consegui ter forças para passar a meta a correr depois de uma subida que parecia que nunca mais acabava. E a chegada à meta é sempre aquele momento "tcharan" em que dizemos "tá feita"! E saber que temos uma cara conhecida à nossa espera é bem motivador.


Em relação à prova e no que toca a pontos positivos destaco a simpatia e disponibilidade da organização (voluntários incluídos), sempre com um grande sorriso e piadas engraçadas, quer ao longo da prova quer na meta. Acho que o facto de existirem apenas 2 abastecimentos podem ter dificultado a vida a algumas pessoas, mas acredito que isto não tenha sido o mais complicado de gerir. Outro ponto positivo foi o sistema de marcação: para mim foi a melhor prova até agora, onde havia uma marcação a cada 20m no máximo. Ah, e adorei a ideia dos puff's que estavam ao pé da meta e que me proporcioanaram um momento de relaxamento maravilhoso.


No que toca aos pontos negativos acho que, devido à previsão do estado do tempo, deviam ter arranjado um spot coberto junto à meta para quem estava à espera dos atletas (eu usei o material que era obrigatório e que me protegeu do frio enquanto esperava pela Bo e pela Liliana). Mas não considero isto um ponto tão negativo.

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A chegada à meta...finalmente a sorrir :)


Em relação aos agradecimentos, que dizer um grande obrigado a toda a crew do Correr na Cidade que, duma forma ou de outra, me ajudou a superar o meu objectivo; ao staff do Clube VII com quem trabalho diariamente e me tem ajudado a melhorar a minha performance desportiva; à Bo IriK que me contagia com a sua energia logo pela manhã e transformou esta viagem numa grande aventura e ao Bruno que passou a ser o meu coach favorito e que me vai transformar numa melhor corredora...mal posso esperar pela próxima prova. E, desta vez, sem desculpas! Prometo!

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