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Correr na Cidade

Race Report: 4º Trail do Zêzere – onde cheguei ao céu e desci ao inferno em 20K

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 O ambiente sempre divertido antes do tiro de partida

 

Como já devem ter reparado, tenho andado um pouco ausente dos treinos do CnC e, nas últimas semanas, não tive oportunidade de me organizar para ter tempo para treinar. Mesmo assim, não quis deixar de participar nesta prova. Já andava a “namorá-la” desde o ano passado e agarrei a minha inscrição com unhas e dentes até ao dia da prova. Mais do que planear o percurso e o material, preparei os locais que gostava de ver na zona, principalmente a aldeia de Dornes (aconselho passear por lá)

 

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 A paisagem vista a partir de Dornes

 

No dia da prova, o tempo estava fantástico: o sol escondia-se entre as nuvens, mas não chovia. Depois das fotos da praxe tiradas no local da partida, a crew espalhou-se: cada um iria ao seu ritmo, sem grande stress e a curtir a paisagem. Optei por não levar auriculares para poder conviver mais e escutar o silêncio da paisagem. Mas fiquei com algum receio de que não iria aguentar a prova até ao fim, por causa da ausência de treinos. Depois não levava relógio, apenas o telemóvel sincronizado com o Strava e que, mais uma vez, perdeu-se e só registou 15 Km.

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 Uma das primeiras subidas até ao céu

 

Para quem não conhece, esta prova começa com uma subida bem jeitosa e que faz uma espécie de seleção natural entre os que têm pernas para subir dos que não têm. Logo nessa subida conheço a Ana Mateus e que me acompanha em praticamente todo o percurso. Os trilhos não são difíceis, mas requerem alguma atenção e olharmos para o chão de vez em quando para não tropeçarmos nas pedras soltas ou cairmos na lama.

Após duas subidas bem valentes (e que eu já tinha comentado que me sentia mais perto do céu), avisto o S. Pedro e alguns arcanjos que nos davam uma bênção e nos mandavam seguir em direção ao inferno.

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Após a chegada ao céu e antes da descida ao inferno 

 

Sinceramente, não achei que as descidas fossem infernais, mas não eram rápidas. Infelizmente estava a correr em conjunto com um grupo que não estava nada preparado para correr em trilhos (mais uma vez vi ténis de ginásio em terrenos malandrecos) e, claro está, muitas quedas. Acho que as organizações das provas deviam começar a controlar, pelo menos, o estado e tipo de sapatilhas logo na partida, pois é tão perigoso para quem cai como para quem leva com essa pessoa. 

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A paisagem duma das grandes descidas...até custava olhar para o chão

 

Voltando à prova, antes de chegar ao abastecimento aos 10K, encontro novamente a Ana (tinha-a perdido numa descida e nunca mais a vi) e que estava acompanhada pelo sr. Galvão, que estava com cãibras. Como é mais forte do que eu, dei alguns conselhos sobre a hidratação e dei-lhe um pouco de sal que trazia na minha mala. Quando chegámos ao abastecimento, o Sr. Galvão perguntava-me o que haveria de comer para se sentir melhor e isso ajudou-me a concentrar-me mais na prova. Após o abastecimento, deparamo-nos com um grupo que do staff da prova que queriam multar-me por não ter parado no stop. Mais um momento animado durante a prova. 

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 Um posto de controlo bem divertido 

 

Se foi do que comi no abastecimento, não sei, mas ganhei novo fôlego e separei-me um pouco do meu grupo e estiquei as pernas. Ao pé de mim seguiam alguns corredores dos 35K e que iam a um ritmo bem descontraído. O silêncio daquele percurso era maravilhoso e o rio era o nosso companheiro de viagem. Pouco depois surgia a prova de escalada…sim, leram bem, escalada. Cordas e rocha e uma parede que tínhamos de escalar se nos apetecia continuar em prova. Acredito que tenha havido alguém a desistir depois de ver aquilo. Mas lá estavam dois membros da organização que nos ajudaram a escalar (pelo menos quando eu passei estavam).

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 Impossível não tirar foto nesta altura

 

Passado este desafio e durante cerca de 2 Km, vimos riachos, pequenas quedas de água e um caminho com muita lama e que me fez perder algum tempo a olhar para o chão. Depois da minha aventura inacabada no Louzantrail, confesso que ando um pouco “mariquinhas” nas descidas e nos trilhos escorregadios. Pouco tempo depois, a Ana e o Sr. Galvão aparecem ao pé de mim e eu decido que vou com eles até ao final.

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Ai tanto que me apeteceu dar um pézinho de dança 

 

A cerca de 3K da meta, mais um momento divertido com direito a folclore, fogareiro e ceroulas no estendal. Se não estivesse tão pertinho da meta, tinha dado dançado um pouco para soltar as pernas. Mas eu sabia que a crew estava à minha espera e tinha de cortar a meta o mais breve possível. 

Devido às cãibras que teimavam em não abrandar, o Sr. Galvão foi ficando para trás e eu fui com a Ana até à meta. E atravessámos a meta de mão dada (ainda gostava de ver essa foto).

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Obrigada pela companhia, Ana :)

Moral desta prova:

# treinasses – o treino é muito importante e essa foi a minha maior falha

 

Pontos positivos da prova:

- boa organização

- marcações bem espaçadas

- paisagem e trilhos deslumbrantes (e tão pertinho de Lisboa)

- o abastecimento para os 20K era razoável, mas ouvi comentários de que os outros eram parecidos (o que não devia ser)

 

Pontos negativos:

- achei a chegada um pouco confusa e, na altura em que cheguei, não vi ninguém da organização a encaminhar-nos para o abastecimento da meta e estava um ambiente um pouco confuso

- também existiam marcações ao quilómetro no início da prova, mas depois foram desaparecendo

 

Pontos a melhorar: 

- os alimentos disponíveis nos abastecimentos 

 

Ah, lembram-se do Sr. Galvão? Apesar de ter ficado um pouco para trás no último quilómetro, acabou a prova cerca de 4 minutos depois de nós. Grande máquina!

 

Boas corridas!