Race Report: 26º GP PÁSCOA DE CONSTÂNCIA – O RECOMEÇO
Este race report é escrito por um convidado, que não faz parte do Correr na Cidade Running Crew, mas que é nosso leitor assíduo e um grande entusiasta da corrida e, inclusive, já participou em vários treinos do Correr na Cidade. Escrevo sobre o Carlos D'Andrade que recentemente correu o GP da Pásco de Constânci, no passado dia a depois de quase seis meses lesionado, aqui fica o seu relato
Por Carlos D'Andrade:
Após 6 meses de ausência em provas, devido a uma lesão dupla (tendinite do tendão de Aquiles e fascite plantar), aqui está o Recomeço.Uma das coisas boas da corrida é que invariavelmente encontramos uma prova (até mais do que uma) num raio de 50km de onde estivermos. Assim aproveitei o fato de ir passar a Páscoa com a família e que de qualquer modo iria realizar um treino de 10km para procurar uma corrida perto de mim. E assim descobri o GP de Constância, que junta uma corrida aos festejos populares da Pascoa nesta Vila.
Assim não só vi-me imerso no ambiente festivo da vila, como daqueles momentos que antecedem o inicio da corrida. Eramos pouco mais de 500, mas confesso que já sentia saudades destes momentos. Seja uma corrida “a brincar” ou com outros propósitos mais sérios (chegar ao pódio, bater recordes,…) passamos sempre por aquele nervosismo de estarmos na multidão, todos com o intuito de correr e à espera do “tiro de partida”.
E assim foi… Sem objetivos definidos a não ser desfrutar do ambiente (da corrida, dos corredores e da paisagem) que iniciei a corrida. Estava tão focado em desfrutar do ambiente, que não levei phones (coisa que habitualmente em corridas de estrada não dispenso), tirei o som a App da Nike+ e lá fui…
A corrida iniciou-se perto do rio e onde decorriam as festividades, numa calçada de paralelos e com uma subida acentuada de uns 300m. A partir dai foi sempre em estrada e seguindo o rio e fazendo o retorno nos 5km e realizando o percurso inverso.
Destaco desde já o fato de estarmos com serra de um lado e o rio do outro, com uma paisagem muito verdejante e com o barulho do rio como pano de fundo. Como ia numa passada mais lenta e parti do final, houve momentos que senti-me que estava num trail. Só ouvia as minhas passadas, a minha respiração e a natureza falava comigo.
Senti-me bastante bem neste recomeço e quando passei os 2km, ouvi a voz da App da Nike+ a dar o meu tempo e ritmo. “Mas eu não tinha desligado isto? Pensei para comigo mesmo”. Aparentemente não desliguei e também não consegui tirar o som. E afinal até estava mais ou menos a correr 6/km. Apesar de ir desfrutando do momento já não consegui desligar aquela voz interior a dizer, está tudo bem, podes ir mais depressa… E pronto consegui virar os 5km abaixo dos 30 minutos. Antes disso cruzei-me com o vencedor no km 4, ele no km 6 com cerca de 20 minutos e acabou a prova com 31:32.
Entretanto eu ajustei a passada com um grupo mais sénior, que vinham todos os anos a esta corrida, porque também eles vinham passar a Pascoa com a família. Vinham de Rio de Mouro, Cacém e Queluz, e trocamos algumas palavras enquanto corríamos os últimos kms. Ainda faltava 2km quando desloquei deste grupo, pois senti-me muito bem, sem dores e com vontade renovada pela paisagem. E acelerei e acabei por terminar a corrida fazendo 58:32. Impensável para mim, que o último treino de 10km tinha feito 1:09:00. Senti-me muito feliz por ter reentrado nas provas atletismo amador neste local. Não só pelo ambiente festivo, como pela organização da Xistarca (nada tenho a apontar, correu tudo bem no levantamento do dorsal, assim como no final, sem filas e sem esperas), como por me ter sentido bem e sem dores.
É uma daquelas sensações difíceis de explicar, tendo estado parado a tanto tempo e depois conseguir finalmente desfrutar de uma atividade (que é a corrida) que tanto me inspira e faz parte de mim. São tantas as emoções que senti, mas posso resumir tudo numa única palavra: Felicidade!
Certamente será uma corrida para repetir e aproveitar que estou na zona e para o ano ir também à Scalabis Night Race.