Pode o Reiki ajudar-nos na corrida?
Vou confessar que este é dos post que mais me custou escrever. Ando a “arrastar” isto há semanas. Porque tenho medo de me expor em demasia numa coisa que tenho algumas dúvidas. Tenho medo de quebrar a linha prática, sintética e direta que o Correr na Cidade tem desde a sua fundação. Mas, perdoem-me, e vou pôr “a carne toda no assador”. Vocês depois julgarão. Estão à vontade!
Comecemos pelo início. Como aqui já indiquei semana sim, semana não meto as pernas nas mãos da Sara Dias. E um dos locais onde a Sara faz as suas terapias é o CAHL. É perto do meu emprego e a simpatia de quem lá trabalha fideliza. Numa das muitas conversas que costumo ter com o Pedro Leitão, o responsável do Centro, desafiou-me a experimentar uma das terapias na qual mais acredita e da qual se está a especializar: o Reiki.
Acreditem que a primeira coisa que pensei quando ele me disse isso foi “Nem penses!!!”, e claro, como bom português em vez de ser direto respondi com um sorriso amarelo a dizer: “Sim, sim, um dia destes”. E tentei mudar de assunto para o tal dia de “São Nunca à Tarde”.
Mas quis o destino, ou não, que cada vez que ia ao CAHL, (geralmente é à hora de almoço), encontrar sempre o Pedro. E, simpaticamente e de maneira muito fugaz voltava a falar do Reiki e como ele poderia ajudar-me no equilíbrio energético na corrida. Acenava, dizia sempre que sim, não muito confiante na oscilação afirmativa que a minha cabeça fazia no momento.
Tudo isto se foi arrastando durante semanas e meses. Depois de estar curado da iliotibial do lado direito, num treino de 10km por Monsanto, mesmo, mesmo no final, comecei a ter dores na iliotibial do lado esquerdo. Entrei em desespero! Ao fim de nove meses com lesão de um lado da perna iria passar por mais nove meses na outra perna? O que se passaria com o meu corpo?! Cansaço, falta de vitaminas, stress absurdo (disto tenho a certeza que sim) frustração de ter milhentas coisas para fazer e nunca dar vazão a elas todas? A crise dos 40?
Falei com várias pessoas. Mudei um pouco a alimentação, decidi comprar vitaminas (as quais nunca cheguei a tomar). E numa daquelas semanas estranhas da nossa vida em que tudo se conjuga, vim dar comigo a ler sobre Mindfull Running, sobre Yoga, meditação e sobre Reiki.
Não sou muito esotérico. Aliás, nada. Sou prático. Mas nessa semana tudo apontou para aí. E então, rendido lá aceitei fazer a tal sessão de Reiki com o Pedro Leitão.
E lá fui eu. A medo. O Pedro teve uma conversa comigo no início da sessão e falámos sobre várias coisas, desmistificando logo, logo, que o Reiki é algo esotérico. Tem a ver com energias. E nisso, tenho que concordar. Somos feito de energia. E então eu que tenho essa noção presente quase todos os dias em que dou ou apanho choques em coisas. É tão irritante às vezes…Bem, mas antes de continuarmos com isto, tenho de explicar o que é o Reiki, segundo as palavras do Pedro Leitão. Aqui vai:
“O Reiki é uma terapia que trabalha a nível emocional, mental e espiritual e pode mudar muita coisa na sua vida. O Reiki ajuda atletas a recuperar mais rapidamente das suas lesões e entrar mais rapidamente na sua atividade. O Reiki acalma, reduz o stress e provoca no organismo uma sensação de profundo relaxamento, conforto e paz. Limpa e clarifica o seu campo energético. Alivia a dor. Consegue aumentar o nível e a qualidade do sangue que circula no nosso organismo, conseguindo mesmo fazer parar pequenas hemorragias. Consegue “limpar” os nossos órgãos como o fígado, rins, as artérias e outros. É seguro no tratamento de doenças crónicas e agudas, doenças relacionadas com stress e desordens, como nos casos de sinusite, rinite, menopausa, cistite, asma, fadiga crónica, artrite, ciática, insónia, depressão, apenas para mencionar algumas delas”.
Confesso que me custa acreditar que faça “tanto” por nós. Mas também tenho que confessar que não nego à partida uma ciência que desconheço.
A sessão decorreu normalmente. A música do costume nesta coisa mais orientais, e relaxei. Enquanto o Pedro ponha as suas mãos em algumas partes do meu corpo (cabeça, peito, pernas, pés), senti-me a descontrair. Quase que adormeci.
Talvez a sessão tenha durado 30 minutos ou uma hora, sei que o tempo passou e para além de uma ligeira sensação de calor nos locais onde o Pedro colocava as mãos e uma ligeira flutuação no braço direito, só senti relaxamento. No final, o Pedro disse-me o que tinha sentido das energias do meu corpo (o que não vou partilhar convosco) mas falou que as dores iriam aliviar e a tensão arterial também poderia baixar um pouco. Simpaticamente, e não mais do que isso, concordei.
E saí de lá totalmente relaxado e com sono. Mas fora isso tudo na mesma: uma moinha estranha no joelho esquerdo, que já me incomodava há umas semanas, e uma pequena sensação de dor de cabeça. O pensamento que tive, confesso, foi mesmo: “belo momento para relaxar, porque de resto estou na mesma”. E voltei ao meu dia-a-dia.
Até que já perto das 22h do mesmo dia voltei a pensar no assunto e levei a mão à perna que doía. Pois, leram bem, escrevi no passado. Já não doía. Pensei cá para mim: “Oh Diabo! O que é isto!?” Mexi a perna para um lado e para o outro, andei, saltei e o raio da moinha tinha de facto desaparecido. Meio incrédulo fui medir a tensão, que costuma estar mais alta ao final do dia e, estava muito normal e baixa para o que costumo ter. E já não tinha dor de cabeça. Acionei a minha racionalidade. Trata-se, certamente, de uma grande coincidência.
O certo é que desde aí, e durante as próximas semanas a minha tensão andou muito regular (por acaso ainda anda) e a dor no joelho não voltou. Se foi o Reiki? Não sei. Talvez! Se funcionou como placebo, talvez! Se foi tudo uma grande coincidência, talvez? Será que o Pedro “arranjou” as minhas energias?
Será que o Reiki pode ajudar a balançar as nossas energias e ser útil para a corrida? Talvez. Mas que algo se passou e que mexeu com as dores que tinha, isso, aconteceu.Eu vou tirar as teimas e vou marcar outra sessão para breve.
E vocês? O que acham?