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Correr na Cidade

Oh Meu Deus já estou a ver o Horizonte”s” (2ª e última parte)

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Por Stefan Pequito:

(Aqui podem ler a 1ª parte desta aventura).

 

Seguiu-se mais uma bela subida com +/-800 D+, sempre a subir! O joelho “chiava” mas não quebrou, por isso continuei. O calor era muito. Às 11 horas só queriamos chegar antes do meio dia a Alvoco. Quase a chegar, o Lino e eu começámos a sofrer dos pés. A água e areias acumuladas tinham deixado mazelas, mesmo com a troca de meias do Lino em Unhais (pois era outro local de troca de roupa que a organização tinha permitido, mesmo por causa desta razão). Mas não tinha resultado e começou o sofrimento até Alvoco.

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Chegámos a Alvoco, e aqui levo a minha segunda grande “chapada”: o Lino decide desistir, pois tinha os pés feitos “num oito”, os meus estavam um pouco melhor mas o joelho não estava melhor.

 

Fiquei lá bastante tempo a pensar, “vou não vou” ,”quero ir mas se calhar não devo”, “mas que raio e que devo de fazer” foram algumas das coisas que me passaram pela cabeça. Quando dou por mim já tinha tudo preparado para arrancar; já tinha as sapatilhas nos pés novamente e a mala às costas, e pensei “que se lixe vou ate a Torre e logo se vê”, e lá fui eu!

 

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Do Alvoco até à Torre foram cerca de 8km sempre a subir com mais de 1400D+ até ao topo da Serra da Estrela. Foi sempre “a partir” até lá. Só parei na Torre. Só sei que houve muitos colegas que me chamaram maluco com tantos km nas pernas e fazer aquilo “a abrir” - a verdade e que estava bem muscularmente, só o joelho me chateava.

 

Chegada à Torre: a terceira chapada!

 

À chegada à Torre levo outra chapada: o Bondoso estava deitado na maca a dormir. Outro craque encostado. “Porra, o que estou a fazer, será que devo de ficar aqui?", pensei. Comi bem, outra vez, hidratei-me e preparei as coisas para arrancar. Aqui fiz algo que não gosto: tomei um Ben-U-Ron para as dores. Estava com 120 km e o joelho ainda não me tinha “largado”. Entretanto, o Bondoso acorda e perguntei se ele queria vir comigo mas levei uma nega redonda! Lá fui eu mas antes perguntei quem estava à minha frente e a uns quantos minutos estava a Sofia Roquete. Outra vez uma rapariga a minha frente como no MIUT …

 

Arranquei em boa companhia para a “minha querida” Loriga , com o Hélder Batista que estava a fazer os 100k. A parte inicial com mais calma pois sabia que era mais técnica mas sabia que a meio ia ficar “melhor” e poderia acelerar - e foi o que fiz. Cheguei a Loriga e já estava a +/- a 50 min da Sofia Roquete. Comi rapidamente, bebi e carreguei-me de água e arranquei, até tive direito a ser chamado de maluco por dois franceses.
 

O próximo objetivo era chegar o mais rapidamente a Cabeça. Foi uma zona muito bonita onde fomos durante 7km ao lado de uma levada que deu muito jeito para arrefecer. No meio disto, consegui passar o rapaz que estava entre mim e a Sofia.

 

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Quando cheguei a Cabeça, o objetivo era comer, beber e arrancar. Então perguntei a quantos minutos estava da Sofia, ao qual me responderam 30 minutos, mais ou menos. Estava quase a arrancar mas de seguida um rapaz ofereceu-me uma cerveja a qual não a recusei pois ainda faltava 24km. Mudei o meu objetivo de apanhar a Sofia para chegar de dia! Entretanto chegou o rapaz, que se chama João, e fiquei mais um pouco com ele.

 

Arrancamos os dois para a última “grande“ subida (sim nesta altura já era tudo GRANDE), a qual fiz tudo com ele. Quando “planou” disse-lhe que tinha de arrancar pois queira chegar ainda dia. E lá fui eu a “abrir” (tanto quanto o que o joelho me deixava ir).

 

Cheguei à Lapa dos Dinheiros, a 10km do fim, onde comi e bebi rapidamente como fiz na Loriga. O que posso dizer é que foram os 10km que mais me custaram. Parecia que nunca mais chegava ao fim e aquela última subida foi tramada. Só queria chegar. Cheguei ao topo e vi Seia, sendo que a partir dali seria sempre a descer. Tinha que acabar rápido por o sol também estava a “descer”.

 

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Chegado a Seia, fiquei algo triste. A parte mais fraca da prova, e não por culpa da organizacão, mas sim das pessoas não terem cultura desportiva, senti falta de apoio da população. Uma pessoa passava ao lado de nós e nada. Foi triste. Felizmente, depois a chegada à meta foi glorificante!!! Ver caras conhecidas a chamar por nós, ver a Liliana e o Luís Moura na meta, os aplausos de outros atletas que já tinham chegado e no fundo da meta o Lino e o Rui Luz a chamar por mim. Foi muito gratificante esta parte.

 

O meu pensamento foi do género “Acabei esta porcaria, porra para o meu joelho”.  Confesso que caíram-me lágrimas, mais de dor do que de outra coisa.

 

Adorei o OMD, ainda bem que não ouvi os outros e comprovei que a organização da Horizontes é boa. Parabéns à Horizontes, e obrigado novamente pela família que são.

 

Claro que tive um ou outro ponto menos bom, mas a maioria são positivos. A melhorar: o primeiro abastecimento e aquela descida para Unhais (estou a brincar não gostei mas sei que o trail tem destas coisas). Se é uma prova que volto a repetir? Sim, sem dúvidas.

 

Acabei num 7º lugar a 14 minutos da Sofia Roquete, com 29 horas. O vencedor foi o Grande Mota, com 25 e a GRANDE Sofia Roquete a 1º nos femininos - Mota fica prometido que da próxima vou contigo!

 

Material usado:

  • Sapatilhas: Salming t1, que adoro sem duvida são as minhas “meninas”.
  • Mochila: foi a Vest da Salomon lab3 emprestada pelo meu padrinho Pedro Tomás Luiz, da qual gostei bastante, mas é grande.
  • T-shirt e Calções da Reebok, aqualidade de material muito bom na segunda parte useu tshirt da Hoko pois era uma cor mais claro por causa do sol e também tem muito boa qualidade.
  • Meias: na 1º parte da Injini muito confortáveis mas em fase final de vida.A segunda parte meias da k»Kalenji trail que gosto bastante.
  • Frontal: foi um Silva também emprestado pelo Pedro, não sei o modelo.
  • Relógio: o grande A-Rival spoq que durou 23 horas até morrer.
  • Karimorr: baratos leves e facéis de usar.
  • Nutrição: barras da Biotecusa de amêndoas e pêssego - que adoro -  e usei 3 até ao Vale do Rossim, a partir daí não precisei mais. Gel da biotechusa também que usei metade de um pois não sou muito apologista de géis. E isotónico de manga da Biotechusa também (tudo isto podem encontrar nos meus companheiros  da Girassol). Não usei anti-inflamatórios pois sei que não fazem  nada bem durante uma corrida, como o Filipe Gil já o disse.

     
    Meias: na 1º parte da Injini muito confortáveis mas em fase final de vida.A segunda parte meias da k»Kalenji trail que gosto bastante. 

 

Agora que venha a Ultra Pirenéus, com uma pequena passagem pela Louzan Trail e Douro e Paiva (as provas pequenas).

 

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Agradecimentos:

Um enorme obrigado às Mães se não fossem elas a motivar não eramos nada! De seguida um enorme obrigado a minha crew que sempre acreditou em mim, aos meus amigos todos e família, e claro ao meu treinador Paulo Pires que me tem ajudado a crescer de dia para dia neste mundo do ultra trail.

Um enorme obrigado à Girassol pelo o apoio na Nutricão e ao pessoal da Biotechusa Portugal, ao Miguel Santos grande amigo e massagista, e ao Osteopata Rui Martins  por me pôr direito, mesmo que depois estrague tudo antes da prova…