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Correr na Cidade

My Path to MIUT 2015 - Histórias de uma jornada - O MIUT

 

 

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 Por Pedro Tomás Luiz

 

25 horas 59 minutos 40 segundos

 

Começar pelo fim… o MIUT é uma prova que nos agarra e nos vira do avesso qualquer concepção ou pré-concepção que tenhamos sobre o que é uma corrida de montanha, sobre o que é subir ou descer ou ainda o que são subidas longas e íngremes. Ok! Tenho de cingir-me a uma experiência curta, circunscrita apenas a Portugal, mas que inclui umas incursões pela Serra da Estrela, Lousã, Gerês e Arga.  No entanto e conversando com atletas bem mais rodados e experientes a opinião é unânime, o MIUT é a prova de corrida de montanha mais difícil em Portugal e das mais difíceis ao nível europeu.

 

Estou apenas a falar de provas de corrida de montanha, não de corridas de aventura ou de raids, cada "macaco no seu galho" e "gostos não se discutem".

 

Falamos de uma prova de uma beleza surpreendente, onde nos sentimos pequeninos, engolidos pela beleza da montanha, pelo verde, pelos picos escarpados, como alguém (francês) dizia "isto é Chamonix de Portugal"... e é mesmo.

 

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Depois há o facto de que para treinar para a Madeira só mesmo na Madeira, vivendo à cota 0 e tendo como palcos de treino a Serra de Sintra e a Serra da Lousã o handicap da ausência de altimetria, de degraus e declives faz-se sentir.

 

Aqui, tenho de tirar o chapéu ao meu treinador, pois se dúvidas houvesse da competência e dos resultados dos métodos que utiliza, o MIUT retirou qualquer dúvida. Conseguiu que um tosco como eu, que nunca tinha feito mais de 53km, conseguisse acabar, sem nenhuma mazela, sem nenhuma queda, sem uma única bolha, sem um sofrimento atroz (expectável para esta corrida) e ainda que dois dias depois conseguisse subir e descer escadas e sprintar para o metro. Tudo se treina... é preciso é saber. 

 

É claro que uma corrida destas, para os comuns mortais, sai-nos literalmente do pêlo, basta ver esta "brilhante"   compilação de imagens tiradas por ordem cronológica.

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Basicamente as minhas lindas bochechas desapareceram, bem como surgiu uma ligeira incapacidade de mexer os músculos faciais e sorrir. Dos meus habituais 12/13% fiquei com 9,2% de massa gorda, ou seja neste momento tenho "ordem para enfardar".

 

Mas desenganem-se os incautos se pensam que passei por um calvário imenso onde me penitenciei de todos os meus pecados, onde me chibatei com os bastões, onde amaldiçoei o dia em que me inscrevi, onde disse que nunca mais fazia uma prova daquela distância... Já passei por tudo isso, mas aquele não era um desses dias. Estive sempre confiante que ia terminar e digo e repito que o "sofrimento" por que passei foi bem inferior quando comparado com outras corridas. 

 

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Assim, se me pedissem para explicar em gráfico, a forma como decorreram os 115km do MIUT simplesmente apresentava este.

 

A classificação obtida,  é para mim totalmente irrelevante, até podia ter ficado no último lugar, que simplesmente me seria indiferente. Pois, como expliquei a alguém que me perguntou porque ia tão atrasado - só existe um único atleta a competir, EU!.

 

Este é o meu desafio, este é o meu objectivo.

 

Fruto da minha total inexperiência neste tipo de distância optei então por uma abordagem muito conservadora da prova que basicamente se resumiu a ser bem poupadinho nas subidas e cauteloso nas descidas. E assim foi, durante 89km poupei-me, até encetar a "revolta dos pasteis de nata" levada a cabo nos últimos 26 km...

 

To be continued...