Longevidade das sapatilhas. Mito ?
Por Luís Moura:
Por norma os sites dedicam-se ao unboxing e a field tests de 50/100km ou 2/4 semanas, afim de se aferir as qualidades dinâmicas e estáticas das sapatilhas quando chegam ao mercado. Mas o que é que acontece ao fim de um tempo mais prolongado de uso ? Como as sapatilhas se comportam quando começam a chegar perto do limite “natural” delas ? Será que envelhecem todas da mesma maneira graciosamente ou começam a apresentar problemas grandes de suporte à passada ou protecção contra o impacto do pé ? Rompem-se em determinados sítios no tecido como acontece em alguns modelos crónicos ? Neste texto vamos analisar as Saucony Guide 7.
Hoje o artigo é sobre um dos pares de sapatilhas que uso para treinar na estrada neste momento. Com ela tenho feito muito treinos entre os 10 e 50km.
Foram compradas em Fevereiro e neste momento depois do treino de terça-feira passada em Lisboa de 17km por subidas e descidas do João Campos, já contam com quase 900km de uso. Será que estas Saucony Guide 7 mantêm um bom piso para correr ? Será que o conforto vai-se degradando ? E a aderência em pisos menos colaborantes à pratica da corrida ?
Peso
O peso da Guide 7 foi um dos motivos principais que me levou a escolher esta sapatilha para companhia dos treinos. Ao fim destes meses todos continua a demonstrar que é mais leve do que a maior parte das sapatilhas “normais” para alcatrão sem entrarmos nas minimalistas mas ao fim destes km’s todos e uma certa habituação a ela, psicologicamente parece que já não são tão leves como pareciam ao inicio. Parte devesse que quando mudei para elas vinha de uma New Balance muito mais pesadas. Essa sensação de leveza já não é tão evidente com o uso.
Conforto
Para quem é ligeiro pronador como eu, elas fornecem um nível de apoio e de conforto assinalável. Os pés assentam muito bem e de uma maneira equilibrada pela superfície de contacto interna com a sapatilha, proporcionando um bom conforto e apoio em todas as situações. Tenho andado com elas principalmente em treinos a subir e descer Lisboa, seja em escadas ou rampas, e demonstram um excelente equilíbrio entre o conforto e confiança a quem corre. Parece que se moldam ao nosso pé e ficam como uma extensão do mesmo. Esta sensação ao inicio não é linear, pois a forma levantada da frente da sapatilha estranha-se mas depois de habituarmo-nos a ela, parece natural a passada.
Desgaste da Sola
Podem ver pelas fotografias para não se ficarem apenas pelo meu texto, mas tirando uma zona bem definida onde tem algum desgaste, as sapatilhas não tem qualquer indicio de terem 871km em cima. Apresentam uma solidez na parte principal da sola muito bom. O pisar e o nível de feedback que recebemos do terreno que pisamos mantém-se quase inalterado desde que as comprei. Diria que é o ponto mais relevante do bom estado das sapatilhas e que garante que a confiança nelas se mantêm ao fim deste tempo de treino. Em sentido contrário, o grip/aderência que a mesma tem caído a pique. A parte exterior da sola que se tem desgastado tem um forte impacto na aderência. Em pisos com menos aderência como a calçada portuguesa e algumas passagens superiores para peões que são feitas de metais, nota-se bastante quando se tenta mudar de direcção rapidamente que elas já não aderem como quando eram novas onde tinham um excelente grip no geral.
Tecido superior protecção
Este é um dos calcanhares de Aquiles de muitos modelos modernos, onde é sacrificado um pouco de melhor qualidade por um menor custo de produção. O resultado é que muitas das sapatilhas abrem pequenos buracos nas laterais ou na parte frontal da sapatilha nas zonas de contacto entre a parte de cima da sola e os tecidos de protecção superiores. Neste momento, e tendo alguma sorte em não ter batido com elas em nenhum ponto, a parte superior da sapatilha encontra-se em estado imaculado. Se as lavar agora ficam quase como se tivessem saído da caixa novinhas.
Considerações gerais
Quem me acompanha sabe o que penso destas sapatilhas. Para mim foi a melhor compra para correr no campo das sapatilhas de alcatrão que já fiz até hoje. Estou maravilhado desde o primeiro treino com elas. Nunca vi nem testei nenhuma sapatilha que me desse uma experiencia de correr tão agradável como estas Guide 7 o fazem. São leves q.b., muito confortáveis e muito estáveis em vários pisos, seja alcatrão ou paralelo no meio de Lisboa. Para mim levam um 10 de 10 pela qualidade que demonstra ao fim de 871km, 80h de corrida a uma média geral de 5:34/km e com 13,808 metros de acumulado positivo. Tirando um pouco de desgaste da palmilha e de uma perca de aderência em pisos mais escorregadios e até pareciam que estavam com muito pouco uso. Vamos ver até onde se mantêm confortáveis
Podem ver imagens e as primeiras considerações do Filipe quando ele testou-as novas aqui e aqui.