Entrevista Carlos Sá: "Quero voltar à Badwater e fazer outros novos desafios em estrada"
Esta é uma das primeiras entrevistas que o ultra maratonista Carlos Sá dá depois do UTMB 2013. Prova que não lhe correu de feição "Fadiga acumulada de uma época alucinante" foi uma das razões apontadas pelo corredor. Mas, mais importante que isso é sabermos mais sobre este herói da corrida. O blog Correr Na Cidade tem a honra de publicar as linhas de uma conversa com Carlos Sá.* Texto: Filipe GilFotos: cortesia Berg/Carlos SáO que se passou na UTMB 2013 que o levou a desistir? Foi cansaço depois da vitória de Badwater, foi lesão ou ainda outra razão?Foi um conjunto de situações, desde a fadiga acumulada de uma época alucinante, até às mazelas que tenho vindo a adiar a sua recuperação devido ao calendário a que me tinha proposto.Apesar da desistência, o Carlos Sá é já um grande nome das edições do UTMB, com o 5º e 4º lugar já alcançados em edições anteriores. Como avalia a prova deste ano? Continua, na sua opinião a ser a prova rainha do Trail Running na Europa?Acho muito importante estar presente neste grande evento, seja qual for o objetivo ou a condição física que tenha no momento. Continua e continuará a ser a prova rainha das ultramaratonas, e como tal os melhores devem estar nestes grandes palcos.A tremenda vitória que obteve em Badwater foi a sua primeira em asfalto. Pensa repetir a experiência e correr mais maratonas ou ultra maratonas em asfalto?Sim, sem dúvida. Quero voltar à Badwater e fazer outros novos desafios em estrada.Psicologicamente, e fisicamente, um corredor de trail é assim tão diferente de um corredor de estrada?Não. Creio que a motivação de ultrapassar desafios é a mesma, mas os cenários do Trail são muito mais aliciantes, quer pela sua beleza, quer pela sua dureza.Porque prefere a corrida na montanha à de estrada?Na montanha sentimo-nos pequeninos, os desafios a ultrapassar são aliciantes, descobrimos um novo mundo que só conhecíamos por fotos, vídeos, ou até nem fazíamos ideia que existia.Que conselhos dá aos jovens que, com o seu exemplo, querem iniciar-se no trail running?É difícil para eles, porque não há ainda condições nem provas para as suas idades. Lancei no ano passado um Trail Jovem na serra D’Arga a que vou dar continuidade, e outras organizações estão também a trabalhar neste sentido. Espero que não se perca esta dinâmica e que os jovens possam ser o futuro da modalidade.Há um boom de corrida em Portugal. E consequentemente um boom de corredores de trail. Qual a razão que aponta para o que está a acontecer?A necessidade e a consciência de que as pessoas têm de se mexer e de cuidar da sua saúde. No caso do Trail não tenho dúvidas que é devido aos grandes resultados Internacionais alcançados por nós, e pelo bom trabalho que a comunicação social tem feito.Uma das novas tendências na corrida é o calçado minimalista, também no trail. O que pensa desta nova “moda”?Desde que tenha as características adequadas para a proteção do nosso corpo e para um bom desempenho, concordo. Até porque o conforto de andar com material mais leve é melhor.Descreva-me um “dia normal” de preparação para uma prova para si?Levantar às 7h00 e tomar o pequeno-almoço. Treino de 1h a 1h30, às 9h00. Final da tarde, pelas 17h00, treino de 1h30 a 2h00. +/- 30km diários.O Trail Serra D’Arga está quase a decorrer. O que podem esperar os participantes nesta prova organizada por si?O mesmo das edições anteriores: muita aventura, e profissionalismo na organização. Uma festa do desporto.Quem são os seus heróis, em matéria de desporto?Marco Olmo, senhor Italiano que venceu o Ultra Trail do Monte Branco com 58 e 59 anos.
BI:Idade: 39Clube do coração: SportingProva de trail preferida: Grande Trail Serra D’ArgaMarca de ténis de trail preferida: Jaguar da BergMarca de ténis de corrida para asfalto preferida: Não tenhoRelógio de GPS preferido: Suunto AmbitSuplemento alimentar preferido: Mel
*Esta entrevista só foi possível graças à Sport Zone e à marca Berg, ao qual o blog Correr Na Cidade agradece.