Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Correr na Cidade

E ao segundo km, ela caminhou sobre as águas…

Quase podia ter saído de um qualquer capítulo da Bíblia, mas não: Louzan Trail, trail curto, 15km (16, 750m para sermos precisos), a Joana molhou o pezinho:

Vou-vos confessar, que desde o primeiro dia que eu disse a esta malta: “EU NÃO VOU! No limite, faço a caminhada e mais nada!”

A minha experiencia no Piódão, não foi das melhores, e fiz apenas a caminhada. Detestei! Subi e desci aquela serra. Muita pedra escorregadia, muitas subidas e muitas descidas sem qualquer apoio e apenas companhia nos últimos kms. Cheguei ao final dos 11km, exausta, cheia de dores nos joelhos, e a prometer a mim mesma, que não me metia noutra tão cedo. “Sou corredora de estrada, não do mato.”

E surge o Louzan Trail… Tudo entusiasmado, menos eu! Os mais experientes inscreveram-se nos 33km, a Ana e a Natália inscreveram-se nos 15km. Eu, para não fazer má figura, lá tive de me inscrever nos 15km e não na caminhada.

Fizemos uns treininhos por Monsanto, pelo Jamor, comprei a mochila, os géis, escolhi a roupa, e pronto. A única coisa boa nisto tudo era o passeio e o convívio com a Crew.

Chegados a Lousã, fomos descansar porque o dia seguinte ia ser longo.

10:15h: ready to go! Acho que o contagiante entusiamo do grupo, tomou conta de mim, e estava para o que desse e viesse.

E lá fomos nós. Rapidamente fiquei em último. Esta gente corre para caramba! Mas as meninas combinaram não me deixar para trás.

Depois do alcatrão, entrámos no trilho e comecei a ouvir um “treca-treca-treca” atrás de mim: dois mocinhos que iam na conversa, mas sem grande interesse em me ultrapassarem. Chegámos aos riachos: das duas, três: ou por milagre se consegue encontrar pedras para passar sem molhar, mas a probabilidade de escorregar e molhar é alta, ou então mete-se os pés na água e pronto. E nós tentámos a primeira opção… e começamos a escorregar… e pronto, pezinho na água, que não faz mal nenhum e até soube bem! Os meninos que vinham atrás de nós, entraram em acção e prontificaram-se a nos ajudar a passar os riachos. Ficámos a conhecer o Moita e o Sérgio, que faziam parte da organização, e tinham por missão fechar o trail curto. Acho que respirei de alívio por ter alguém que conhecia aqueles trilhos ao nosso lado.

Como sou mais lenta, e as subidas custam-me bastante, avisei as meninas para seguirem, que estava bem entregue. Começa a chover copiosamente. Mas nem isso nos demoveu. Na companhia do Moita e do Sérgio, fui ultrapassando cada km, cada aldeia, cada abastecimento (um grande bem haja a estes voluntários: a chuva não lhes facilitou a vida, mas sempre com um sorriso na cara e prontos a dar de comer e beber a quem chegava).

Entre chuva, subidas, lama, chegamos ao segundo abastecimento, onde a Ana e a Natália estavam a tratar de se alimentarem. A partir dali fomos os 5: as descidas feitas agarradas aos galhos e raízes das árvores (sim: não sentei o rabiosque na lama!!!), os estradões feitos em ritmo mais acelerado (quando tinha força), subidas a caminhar. O Moita e o Sérgio, faziam parecer que era tudo fácil e estiveram lá sempre para dar uma mão, um pé, chegar um galho, um espetáculo!

Lá chegámos ao terceiro abastecimento. Curiosas por saber dos nossos meninos, e onde estariam, e se os nossos campeões já teriam chegado, e se estavam bem… Bebe mais um golo e siga, sempre a descer até à estrada. Algures pelo meio somos ultrapassadas pelo nosso Pedro Luiz, a chegar dos 33km (que vergonha… demoramos a fazer quase 16km o mesmo que ele estava a demorar a fazer 33km).

Pelo alcatrão fora, chegámos à meta:

Foi uma prova à prova de tudo. Cheguei ao fim cansada, mas com uma felicidade imensa. O trauma “Piódão” estava ultrapassado.

Quero agradecer:

 - à organização do Louzan Trail, pelo belíssimo percurso que nos criou, e a todos os voluntários, que sempre nos receberam com um sorriso.

 - ao Moita e ao Sérgio, um agradecimento do tamanho dos 16km que fizemos juntos, e que nunca se mostraram “fartos” de ir a puxar pela mais lenta.

 - e aos pais do nosso Pedro Luiz, que nos alimentaram com a bela da chanfana.

 

Se voltarei ao trail? Isso nem se pergunta! Até já sonho com Mont-blanc (ihihihihi)