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Correr na Cidade

Dias difíceis até para correr

Os últimos dois meses não foram fáceis. Alguns acontecimentos fizeram-me questionar, ainda fazem, os desígnios que nos estão reservados e o infortúnio que parece por vezes escolher algumas pessoas e persegui-las, testá-las até ao limite das suas forças. Quem menos merece é muitas vezes quem mais sofre, é quase sempre assim. Resta acreditar que no fim tudo isto fará sentido, que quando for altura ficará a memória dos bons momentos e a certeza que algumas pessoas nos fazem querer ser melhores. Mas ainda falta para a partida, não será agora, não pode. Sou egoísta, eu sei, mas se conseguires fica mais um pouco, até estar(mos) pronto(s).

 

Não consegui evitar o desânimo que me invadiu a alma, senti-me a enfraquecer enquanto por fora sorria, a vontade esvaiu-se. Com tudo isto a corrida deixou de ter aquele efeito catalisador no meu dia-a-dia, e pouca alegria me trazia.

 

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Correr é a maior parte das vezes um momento introspetivo, em que estamos sozinhos com os nossos pensamentos, as ideias fervilham, a mente vagueia entre as banalidades, alegrias, medos e tormentos. Penso em tudo enquanto tento não pensar em nada. Esforço-me mas enquanto corro não consigo controlar os meus pensamentos. A única certeza é que nos últimos tempos invariavelmente penso em ti, em nós, nos risos, choros, nas histórias que conto e irei contar, nas memórias que recordo vezes e vezes, com receio que algum pormenor me escape. Tudo aquilo que queria evitar. Só me apetecia desligar, entrar num vácuo cerebral, ficar numa espécie de entorpecimento que me proporcionasse uma falsa sensação de bem-estar.

 

Até ao início de fevereiro, correr ficou em 2.º plano, apesar de já no dia 22 deste mês, ir tentar realizar a minha 1.ª maratona, Sevilha. Completar uma maratona é um dos meus objetivos que quero cumprir antes dos 35 anos, e esta será a minha última oportunidade. Os treinos em estrada foram quase nulos, tirando algumas corridas no paredão de cascais e 2 treinos do CnC por Lisboa. Não corro mais de 21 km em estrada há pelo menos 5 meses. Algumas provas de Ultra-Trail mas nada de estrada. Não perdi muito tempo preocupado com isso mas os meus companheiros de maratona fizeram treinos longos em estrada e eu nada.

 

Mas se correr por si já era pouco convidativo, correr em estrada ainda o era menos.

 

No entanto, na última semana recuperei alguma da alegria perdida. Correr é o meu escape do quotidiano. Torna a minha jornada um pouco mais colorida. Preciso de o fazer. Quero correr!

 

Alguns bons treinos com amigos, os treinos sociais servem, para mim, para nos motivar e permitir passar bons momentos com pessoas de quem gostamos. No final de tudo, se daqui a largos anos não corrermos mais, ficarão as recordações dos risos e das histórias partilhadas nos trilhos e na estrada.

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Aliado a isto tenho acompanhado quem amo a dar os primeiros passos no seu regresso à corrida, e que alegria tem sido assistir a isto na 1.ª fila. Já não me recordava do difícil que é começar a correr.

 

Foram estes momentos que me motivaram e ajudaram a erguer-me um pouco. Tenho sorte. Eu sei disso apesar de poucas vezes o valorizar. Posso fazer o que gosto, o que quero e quando quero. Tenho que aproveitar cada momento, por mim e por quem o fazia e já não o pode.

 

Afinal já dizia o Professor Keating “Carpe Diem”.

 

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