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Correr na Cidade

Como tratar uma fasceíte plantar

431042_341419142558044_1138062320_nTal como tenho vindo a dar conhecimento aqui no blog a minha lesão está a melhorar. Portou-se muito bem durante os 10Km da São Silvestre de Lisboa e desde então não tenho tido dores, apenas uma impressão em alguns pontos da planta do pé. Como estou a ter uma semana de “intenso” descanso, espero que seja o suficiente para ficar curado de vez. A ver.Entretanto fiz uma pequena entrevista à Dr.ª Sara Dias, Naturopata que me tem ajudado a curar esta maleita desportiva. Com o objetivo de ajudar todos os que estão a passar pelo mesmo e aqueles que, mais tarde ou mais cedo, poderão ter este tipo de lesão A entrevista é feita tendo em conta a minha situação e é nela que as respostas são baseadas, havendo, contudo, como se percebe pelas respostas mais generalizas, informação útil para  outro tipo de lesões que, infelizmente, fustigam os corredores com muita frequência. Perguntas & Respostas a Drª Sara Dias, Naturopata:Qual a sua análise deste tipo de lesão?A lesão de pé é muito frequente e transversal ao Ser Humano, a incidência aumenta quando falamos de adeptos de corrida. O pé é uma das regiões do corpo que mais sofre alterações anatómicas ao longo da vida. Este recebe e distribui o peso corporal e adapta-se a superfícies irregulares, atuando como uma alavanca rígida que impulsiona o organismo durante a marcha/corrida. Não podemos esquecer que se trata de uma região complexa, formada por músculos, numerosos ossos, ligamentos e articulações sinoviais. A lesão mais comum nesta região do corpo é a fasceíte plantar, trata-se de uma inflamação na fáscia plantar (tecido conjuntivo denso que reveste a planta do pé), esta estende-se desde o calcâneo (osso que forma o calcanhar) até aos dedos. A fáscia plantar é responsável por manter o arco plantar longitudinal, sendo este importante na acomodação do pé ao solo. Quando sujeito a sobrecarga excessiva e repetida, sendo o caso da corrida, a estrutura deixa ter a capacidade de recuperar do trauma. Inicialmente surge uma dor ligeira que desaparece com o repouso, caso este não seja respeitado, evolui para inflamação, rigidez plantar e dor aguda.Da sua experiência, o que poderá ter causado este tipo de lesão neste caso?Este tipo de lesão pode ter uma causa única e/ou a junção de diversas causas. Tal como foi referido anteriormente o arco longitudinal tem uma importância extrema no pé, existem três tipos de pé: pé normal, pé plano (diminuição significativa do arco longitudinal) e pé cavo (aumento significativo do arco longitudinal). No caso do pé plano e do pé cavo, a biomecânica da locomoção não é mantida, desenvolvendo compensações no resto do corpo; Alterações musculares da perna, nomeadamente encurtamentos musculares por excesso de exercício e ausência de alongamentos (muito comum nos atletas); Calçado inadequado; Corridas de longas distâncias, em especial aquelas desenvolvidas em terrenos irregulares; Atividade profissional que implique muitas horas de pé; Este tipo de patologias é recorrente entre os 40 e 70 anos, em ambos os sexos, devido á perda de elasticidade da fáscia.Que tratamento tem utilizado nas sessões já efetuadas?No caso específico do Filipe, onde não existe inflamação, mas sim rigidez e muita tensão, foi sujeito aplicação, na região sintomática, uma técnica de Moxabustão Japonesa chamada Okyu. Esta produz no organismo uma resposta imunológica (aumento da produção de leucócitos) atuando na região onde é aplicada regenerando o tecido.Posteriormente foi feita libertação miofascial, ou seja pode-se dizer que se trata de uma massagem profunda, que por isso mesmo provoca alguma dor, mas que trabalha pontos específicos de tensão na fáscia, que por sua vez estão a exercer pressão em outros tecidos, estruturas e órgãos. Após a libertação desses pontos, que poderá não ser imediato, depende se a lesão é aguda ou crónica, a elasticidade e flexibilidade reaparece deixando de haver tensão nos tecidos adjacentes e por fim as dores desaparecem.Como se pode evitar este tipo de situação nos corredores?Todos os desportistas deviam ter muita atenção à fase de aquecimento antes de cada treino ou competição, contudo não menos importantes são os alongamentos no final de cada treino. Arrisco a dizer que 70% dos meus casos clínicos em desportistas (independentemente do desporto que praticam) não fazem nenhum tipo de alongamento; Aconselho que recorram no mínimo uma vez por mês (em fases mais calmas de competição) a tratamentos Miofasciais importante na manutenção da saúde muscular; Ter muita atenção ao calçado e conjuga-lo com o seu tipo de pé, recorrer a profissionais especializados na área;Moderação na aplicação de gelo quando há dor, tentar perceber se a dor advém de uma inflamação ou de tensão, caso advenha de tensão opte por calor para promover vasodilatação e consequente relaxamento da zona sintomática;Sempre que sinta tensão ou pressão na região plantar, coloque essa zona em cima de uma bola de ténis e exerça alguma pressa sobre a mesma, promovendo movimentos circulares lentos; Nunca descorar uma ligeira dor;Respeitar os descansos necessários à recuperação.Quando um corredor amador se lesiona, o que deve fazer nos primeiros dias? A que tipo de terapia deve recorrer?Nos primeiros dias deve suspender a atividade física, caso sinta a região lesionada quente deve aplicar gelo dinâmico (aplicar um cubo de gelo na região lesada sempre em movimentos circulares até derreter o cubo), deverá tentar perceber mais sobre a dor (os movimentos que doem, quando dói, quando melhora, etc), deverá sempre pedir ajuda de um profissional de saúde especializado para que o possa avaliar e poder ajudá-lo após avaliação. Nunca descore nenhuma impressão ou dor ligeira passageira. Evite a automedicação, muitas das vezes quando a lesão tem pouco tempo não necessita de tomar químicos para resolver a mesma. A cura de uma lesão muitas vezes não depende de medicação mas sim de ser “mexida”.A Drª Sara Dias é Naturopata e tem formação complementar em acupuntura, terapia miofascial, mesoterapia homeopática e moxabustação japonesa. E dá consultas, entre outros locais, no espaço Saúde de Corpo & Alma.