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Correr na Cidade

Como Santa Maria me conquistou novamente: Columbus Trail 2017

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Já devem estar fartos de ouvir que adoro correr nos Açores. Se sim, não leiam este post porque vou voltar a repetir: adoro correr nos Açores. É fevereiro e no mês de fevereiro nos Açores corre-se na Ilha de Santa Maria com o Columbus Trail, organizado pelo Azores Trail Run.

 

Já o ano passado tive o privilégio de participar na primeira edição do Columbus Trail e, na minha race report, disse que gostava de voltar. Assim foi. Na sexta-feira apanhei o avião até Ponta Delgada e, depois de uma escala de cinco horas que aproveitei para trabalhar num café no centro da cidade, apanhei a conexão para a Ilha do Sol – Santa Maria.

 

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Santa Maria situa-se no extremo sudeste do arquipélago dos Açores. Tem uma superfície de 97,4 km² e vivem cerca de 6000 marienses nesta linda ilha. A ilha terá sido a primeira ilha dos Açores a ser avistada pelo navegador português Diogo de Silves em 1427. Posteriormente, em Fevereiro de 1493, Cristóvão Colombo escalou na ilha no regresso da sua primeira viagem à América. Daí o nome desta prova, o Columbus Trail.

 

O ano passado fiquei fã da prova por vários motivos, um dos quais a organização. Este ano, mais uma vez, o Mário Leal, o Diretor da prova, não deixou nada a desejar (mais sobre a edição de 2017 aqui). Na chegada ao aeroporto de Santa Maria, os atletas foram recebidos pelo próprio Mário. Um autocarro levou os atletas aos respetivos hotéis para largar as malas e, de seguida, à Biblioteca Municipal onde levantamos os dorsais e realizou-se o briefing. Este ano, ao contrário do ano passado, previa-se chuva e por isso alertou-se a cuidados adicionais. Depois do briefing tivemos direito a uma pasta party que decorreu na Pousada da Juventude, onde muita gente estava a ficar hospedada e que fica mesmo ao pé da meta da prova dos 77km. A pasta party deste ano foi menos requintada que o ano passado mas o ambiente estava ótimo e, com a barriga satisfeita, voltamos ao hotel para o merecido descanso.

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Eram 6 da manhã quando o despertador tocou. O pequeno-almoço no hotel seria às 6h30, o autocarro para a meta às 7h e a prova teria início às 8h. Assim foi. Tinha trazido um saquinho com aveia e sementes porque antes de provas grandes não me quero aventurar com pequenos-almoços exóticos. Foi difícil resistir à grande variedade de tentações no buffet de pequeno-almoço no hotel, mas consegui (mais ou menos). Estava um nascer do dia lindo e parecia que não iria chover tão cedo.

 

A prova dos 77km e dos 42km partem ao mesmo tempo no Forte de São Brás. Um enquadramento lindo e típico mariense para um arranque único desta aventura de volta (ou meia volta) à ilha. Um ambiente fantástico. Muitas caras que já conhecia de outras provas do Azores Trail Run, tanto voluntários como atletas, que tão bem souberam rever! Depois do controlo do material obrigatório, a prova arrancou com muita animação do apresentador e música para motivar os atletas.

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O percurso dos 42km e 77km é comum até à meta da dos 42km, dando meia volta à ilha. Este ano, o percurso foi alterado de forma a ter mais trilhos e menos estradões e estrada. E sim, o percurso este ano foi realmente ainda mais lindo e desafiante do que o ano passado. Uma clara melhoria para quem gosta de trilhos “single track” e caminhos desafiantes. A primeira parte da prova é espetacular, sempre junto à falésia, entre campos verdes sem fim e o Atlântico. Adoro! Trilhos lindos, sobe, desce, vaquinhas felizes, cascatas incríveis, flora muito variada e cheirava sempre tão bem! O ar nos Açores é muito limpo e isso sente-se.

 

Depois há uma parte em que corremos nas pedras junto aos mar, pedras soltas e rocha vulcânica com cores incríveis. Ainda corremos uma parte na areia também. Depois disso chegámos à primeira subida. O percurso dos 42 conta essencialmente com 3 subidas. Esta era a menos íngreme mas muito técnica e, para mim, impossível de correr. Saquei os bastões e lá fui eu, monte acima. Subimos dos 0 m de altitude até cerca de 300m, as outras duas subidas também eram mais ou menos assim mas mais íngremes, pois eram fajãs, com degraus em pedra muito irregulares.

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Estava um dia muito nublado com chuva miúda de vez em quando e nos pontos mais altos chegámos a apanhar algum vento e corríamos literalmente nas nuvens. As cores que tanto marcam esta ilha e pelas quais me apaixonei o ano passado, este ano eram um pouco mais diferentes. Acentuou-se o branco e o cinzento e o mar era muito mais escuro. Santa Maria com sol sabe bem mas confesso que também gostei de sentir a ilha assim, mas fria e rigorosa.

 

Outro fator que me fez apaixonar por Santa Maria são os marienses. Este ano,mais uma vez, fiquei impressionada com a simpatia genuína dos habitantes desta ilha (e também das outras, verdade seja dita). Os Açorianos que participavam na prova eram sempre muito simpáticos e divertidos e fizeram os quilómetros passar sem dar conta com boas conversas e piadas. Também havia muitos marienses a apoiar a prova. Nos lugares menos esperados, encontrávamos claques surpresa para animar os atletas que enfrentavam chuva e frio. Destaco também a simpatia extrema dos voluntários. Havia tantos, talvez a cada quilómetro ou dois. Escuteiros e outros voluntários que me faziam sorrir com as suas simpáticas palavras de ânimo. Agradeço muito a esta gente toda que trocou o quentinho do lar pelo frio e chuva para garantir segurança no percurso. Soube tão bem ver algumas caras conhecidas, voluntários que já tinha conhecido o ano passado!

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Em termos do meu desempenho, a prova correu bem. Acabei com um sorriso e a sentir-me bem e era esse o objetivo este ano. Desde que cheguei da minha viagem a Tailândia ainda não voltei bem à minha rotina desportiva e de alimentação saudável em Lisboa e isso sentiu-se. Faltam os treinos longos, os treinos com mais D+ e os treinos de reforço muscular. Além disso, embora a minha mãe goste de ver a minha cara “mais cheínha”, os quilinhos a mais são dispensados nos trilhos. Principalmente em provas grandes. Não tive dores nem cãibras e a alimentação correu bem. Caí duas vezes mas não passou de um susto.

 

Na meta dos 42km havia uma autocarro para nos levar ao hotel, para tomar banho e depois ir à meta dos 77km para apoiar os valentes desta distância que iam chegando. Aqui havia sopa, bifanas, cerveja e música ao vivo. Uma autêntica festa. A entrega de prémio foi acompanhada de um jantar volante. Tão bem que soube ver o nosso João Gonçalves no pódio dos 77km no seu escalão! Um orgulho! Também sinto sempre muita admiração pelas mulheres que completaram a prova dos 77km. Uma inspiração!

 

E sim, mais uma vez, adorei correr nos Açores, tanto pela paisagem natural incrível e única como pela excelente organização da prova em si. E claro, pela híper-simpatia dos marienses. Ainda este ano gostaria de voltar a correr nas ilhas. Faial em Maio não será possível, mas talvez uma prova mais para o final do ano. Sugestões?

 

Columbus Trail 17 (3).jpgPontos positivos:

- serviço completo: transfers, refeições e convívio. O atleta só se tem de preocupar com a corrida.

- kit do atleta: para além da t-shirt, buff e medalha, ainda incluía biscoitos regionais e uns brindes alusivos à ilha de Santa Maria.

- convívio: a pasta party e a receção nas duas metas proporcionam oportunidades de convívio e estreitamento de laços entre os participantes.

- simpatia da população local: cinco estrelas, como foi mencionado acima.

- beleza única: as imagens dizem tudo. Faça chuva ou faça sol.

 

Pontos a melhorar:

- nada. Na prova dos 42km, diria que não há nada a melhorar. Eventualmente alguns pontos de sinalização, mas nada de grave.

- entrega de prémios: este ano a entrega de prémios realizou-se à meia-noite no dia da prova. Escusado é dizer que os atletas já só sonhavam com a sua caminha. O ano passado a entrega de prémios foi no dia seguinte e pareceu-me uma melhor opção.

- massagens: não há a opção de massagens (pagas ou não) pós prova.