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Correr na Cidade

Como escolher uma Maratona no estrangeiro?

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É agora, nestes dias antes da Meia Maratona de Lisboa que mais se fala de corrida de média e longa distância em estrada. É também nesta altura que alguns corredores começam a pensar se não valerá a pena ir correr "lá fora", onde muitos dizem que o público é melhor que em Portugal. Este domingo realiza-se a Maratona de Barcelona com a presença de muitos portugueses. Quisemos saber melhor como devemos escolher corridas (meias e maratonas) no estrangeiro.

Por isso falamos com um especialista, Glenn Martin, responsável da Endeavor Travel & Sportsque tem levado muitos portugueses lá fora, a correr. Atentem nas dicas de quem sabe sobre como escolher uma Maratona no estrangeiro:

 

 

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Como é que os corredores escolhem, normalmente, uma maratona no estrangeiro? Através de agências de viagem, de clubes de corrida, do site das provas?
Glen Martin - Geralmente o corredor escolhe as provas pelo seu budget e pelo grau de atratividade. No topo das preferências estão as maratonas consideradas "Major Marathons" (consideradas as melhores do mundo, e que englobam: Tóquio, Londres, Boston, Berlim, Chicago e Nova Iorque). Se os corredores puderem investir nessas provas é para elas que a maioria vai. Senão, escolhem alternativas mais em conta, economicamente. As Major são reconhecidas porque combinam os elementos mais importantes para uma viagem a uma maratona: são bons destinos turísticos, têm uma grande participação de corredores, a qualidade da organização é excecional e, talvez o fator mais importante, têm muito publico a assistir e a apoiar. Todo este conjunto de características fazem com que a experiência vá para além do correr uma Maratona. Existem também um sem número de Maratonas de nível B com menos participantes na corrida mas que também são bons destinos turísticos e provas bem organizadas, tais como Edimburgo, Munique, Roma, Florença, Paris, etc. Normalmente, é possível conseguir voos na tarde de sexta-feira e regressar a casa no domingo ao final do dia ou na segunda-feira logo de manhã. E assim, talvez só necessitem de tirar apenas um dia de férias.

 

Através de que organizações escolhem ter informações e viajar? Através de agências de viagem, de clubes de corrida, dos sites das provas?
No que respeita às agências de viagem o melhor é escolher uma que seja partner oficial da prova (Official Travel Partner) ou uma agência especializa em viagens para maratonas. Em primeiro porque a experiência da agência de viagens especializada permite perceber tudo o que respeita com a viagem de um corredor e com as questões próprias de quem vai correr uma prova: será que o hotel serve o pequeno almoço bem cedo na manhã da prova? Há algum tipo de complicações na recolha de dorsais? Há problemas com a bagagem? E ainda, sendo uma official travel agency terá sempre staff que irá viajar com o grupo de corredores e que estará disponível durante toda a viagem. E, se for um corredor que viaje sozinho ou só com um pequeno grupo de amigos, esse tipo de agência de viagens, normalmente, providência que os corredores se encontrem e troquem experiências e expetativas em relação à prova. É bom perceber a reputação das agências de viagem. Muitos operadores reduzem os custos para baixar preços mas depois deixam os corredores sem qualquer apoio no destino da prova.

 

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Quais os aspetos que os viajantes devem tomar mais atenção? A localização do hotel, o tipo de quarto, os restaurantes, os transfers para o dia da corrida?

Os corredores devem prestar atenção a uma série de aspetos. Em primeiro lugar, dependendo da distância do seu país de origem, devem chegar à cidade da prova com tempo suficiente para se aclimatizarem. Isto é menos importante em destinos dentro da Europa mas se o corredor viajar para os Estados Unidos ou para o Oriente, é algo que deve ser tido em conta. É muito importante não sofrer das consequências de jetlag ou de diferença de altitude, pois isso afetará o seu rendimento na prova. O melhor, nesses casos, é chegar na quinta-feira à tarde ou sexta de manhã e ter três noites no destino para que o relógio interno se habitue ao novo horário. O corredor não deve viajar no sábado, porque pode acontecer algo e não chegar a tempo de levantar o dorsal na feira da Maratona e assim não consegue correr a prova. Na grande maioria das organizações de grandes provas o dorsal só poder ser levantado pelo próprio corredor. Outro dos pontos importantes é a escolha de um hotel perto da meta. Isto porque depois de 42 quilómetros a energia estará em baixo e a última coisas que vai querer é caminhar longas distâncias ou apanhar transportes públicos. Na maioria das vezes a meta está localizada no centro da cidade, o que é perfeito para tirar proveito da viagem turística que se faz. Apenas em raras ocasiões, como Tóquio ou Edimburgo, a meta fica longe de tudo, o melhor é ir para um hotel perto da partida ou do centro destas cidades. Existem ainda fatores muito importantes na escolha hotel. Se têm uma boa qualidade de cama, um bom quarto de banho, se existe muito barulho dentro ou nos arredores do hotel e ainda se o pessoal é simpático ou não. É claro que irá passar pouco tempo no hotel, mas também é certo que se for confrontado com pequenos problemas com a sua estadia irá dormir mais stressado e pior, e isto irá irritá-lo e poderá prejudicar a sua condição para a prova. Outro fator importante: investigar o transporte para a partida e para a meta, para que não existam surpresas no dia da maratona.


E quais as maratonas que um corredor deve mesmo fazer. Que devem estar na sua "bucket list"?
As Majors. Nova Iorque, Chicago, Londres, Berlim, Tóquio e Boston. Fora destas, Barcelona, Florença, a  "Marine Corps Marathon" na cidade de Washington, Dublin, Amesterdão, Roterdão...existem tantas imperdíveis...

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Para um corredor inexperiente, ao fim de quanto meses deve começar a correr a sua primeira maratona?

Esta é uma questão que gera muita contorversia. Sou Osteopata  e quando praticava tive a oportunidade de tratar inúmeros corredores. Nessa minha experiência acredito, e sou a favor, de uma abordagem mais lenta e conservadora à distância. Começando devagar e indo criando aos poucos a resistência para corridas de fundo. Isto é o ideal para correr a maratona em boas condições. O que isto quer dizer? É acabar uma maratona sem grandes mazelas, sem lesões que o obriguem a parar por um par de meses. Tudo depende da maneira como o corredor respeita e trata o seu corpo. Para uns pode ser uma questão de anos, primeiro a correr provas de 10K e depois Meias Maratonas e indo fazer vários longões em treinos. Contudo, já testemunhei pessoas estarem aptas para correr a maratona logo no primeiro ano em que começam a correr. Mas estas são pessoas, na sua maioria, muito disciplinadas, que seguem esquemas de treino, que vão ao ginásio fazer reforço muscular e que não se concentram tanto nos resultados da maratona. Normalmente, participam para terminar a prova num tempo um pouco superior ao esperado quando treinavam.

 

Qual a questão mais importante no dia antes da maratona?
Se forem fazer turismo convém não andar muito no dia antes da prova. Muitos viajantes ficam excitados com a parte turística da viagem e perdem a noção do que andam no dia antes. Em muitas cidades existem BUS turísticos que permitem ver a cidade sem ter que andar muito. No caso da Endeavor Travel & Sports, na grande parte dos nossos destinos disponibilizamos algumas horas de visita à cidade através de BUS turístico, como no caso de Nova Iorque. A outra questão importante é a comida. É bom experimentar comida interessante, mas é necessário ter muito cuidado com pratos que possam ser muito pesados ou picantes. O que aconselho é comerem como se estivessem nas suas próprias casas, mas com um twist (LOL). De qualquer forma, muitos corredores evitam comer coisas estranhas sempre antes de correr. E, decididamente, têm que se deitar cedo! Apesar do prazer da viagem e do acontecimento há sempre algum stress e emoções envolvidas quando estamos no estrangeiro fora de casa.

Glenn, qual a sua Maratona favorita? 
Tenho que admitir, e não é por ser nova iorquino, que para mim é a Maratona de Nova Iorque. Embora o início da prova seja complicado porque têm de se viajar até Staten Island muito cedo, não há nada no mundo como o espírito dos nova iorquinos e, para nós, cada corredor é um herói! Não é por fazer um bom tempo ou correrem muito rápido mas porque têm a coragem de participar. Adoro quando os nossos clientes usam as suas medalhas de finishers nos dias a seguir à prova e podem sentir o gosto e prazer das pessoas de Nova Iorque que os abordam na rua e perguntam se corremos a prova, se acabámos para depois nos darem os parabéns, dizendo: "Congratulations, fantastic!".