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Correr na Cidade

Como é ganhar uma corrida pela primeira vez...

 

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Por Pedro Tomás Luiz

 

Todas as boas estórias têm curiosidades e o Trail da Ericeira está carregado delas. Sábado, 21 de setembro de 2013, dava-se em provas de Trail, a minha estreia e desse monstro em crescimento chamado Stefan Pequito. Havendo na altura duas versões uma de 30km e uma de 15km por estafetas optámos por fazer a versão de estafetas, porque simplesmente achámos que 30km era muita fruta (este sábado o Stefan fez top 100 nos 115km dos Pireneus que evolução!!).

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Assim, se me tivessem dito que dois anos depois ia ganhar a prova, ou melhor se me tivessem dito que iria ganhar uma prova, teria possivelmente rido e aconselhado a pessoa a reduzir a ingestão de bebidas espirituosas.


Há que convir, sou um corredor esforçado, mas faltam-me muitas características de um atleta que normalmente faz pódios.

No entanto este domingo, mais do que um dia para festejar vai ser um dia para recordar. Fiz o meu primeiro pódio e ganhei a prova… Incrível? Não é? Para mim foi de certeza…


O Trail da Ericeira estava colocado no plano de treinos, por forma a ajudar-me a atingir níveis de esforço que, sozinho normalmente sinto muita dificuldade em atingir. Assim, não houve lugar a qualquer descanso e a semana antes foi bem recheada de treinos ( Inclusive o dia anterior tinha sido pautado com uns 2,4km de natação em águas abertas.

 

Mesmo "a jogar em casa", sabia que iria passar por sítios da Ericeira que desconhecia por completo. Por isso, quando arrancámos do parque de campismo de Mil Regos às 9 horas, ia na expetativa do percurso que me esperava.

Corrida a decorrer e, ao fim de 10 minutos, estava na frente junto ao Amândio do Desnível Positivo (que acabaria por ganhar a prova dos 30km) e de mais dois corredores que estavam a fazer a prova dos 30km. O ritmo estava perfeito (para o que tinha programado), por isso deixei-me ir na "cola" deles. Ou seja, na minha cabeça pensava: "Vou aqui, mas de certeza que atrás de mim vêm outros atletas colados".


A prova dividia perto dos 6km e aí percebi que estava completamente sozinho (ou quase, porque a organização acompanhou-me de BTT todo o caminho) e que afinal podia fazer um pódio ou até ganhar a prova.

 

A partir da divisão das provas foi correr o que podia e, embalado pela adrenalina lá fui progredindo nesta prova, que embora tecnicamente seja bastante rápida e acessível, não deixa de ter uns bons “parte pernas”, principalmente nas zonas das arribas.

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Passei a praia de S. Lourenço, subi para Ribamar, desci para a praia dos Coxos tudo por caminhos novos, mas sabia que a partir dali até à praia de Ribeira d’Ilhas o caminho era sempre rápido para culminar na subida da escadaria desta última praia (100m de degraus com 33% de inclinação e um ganho de 46 m de D+).


Passada a escadaria, ainda com as pernas a latejar de a subir, pensei: “Epá afinal parece que vais ganhar isto!” e foi assim, rolar o km final, até ao parque de campismo. Com uma felicidade imensa e com um grande sorriso cruzei a meta e pensei “então esta é a sensação de cruzar a meta em primeiro lugar… “.

 

De volta à terra. Para um atleta com as minhas capacidades vencer uma prova de atletismo é algo quase bastante rebuscado, sendo necessário o alinhamento perfeito dos astros para que tal facto aconteça, não porque seja um "tosco" ou excessivamente lento, mas porque efectivamente compreendo as minhas limitações face a atletas muito mais dotados do que eu (alguns dos quais convidei para vir fazer a prova comigo). 

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Mas, às vezes, o impossível acontece e os sonhos tornam-se realidade. Às vezes apenas precisamos de estar no local certo à hora certa... E Domingo foi o meu dia, talvez nunca mais se repita, mas para mim será um dia que jamais vou esquecer.

 

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Aqui fica o track no movescount.