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Correr na Cidade

Como 20km se transformaram numa Meia Maratona!

 

 

Por Joana Malcata:

 

Faz este mês um ano que começou esta jornada. Estava em excesso de peso, não praticava desporto e, fazia o que a maioria dos portugueses faz: casa – trabalho – casa.

Cansada de abrir o armário e acabar por vestir sempre a mesma coisa, resolvi procurar ajuda para emagrecer. E começa a aventura!

 

Inscrevi-me num ginásio, cuidadinho na alimentação e foi ver os quilinhos a desaparecer. O maridinho já estava embalado nos treinos de corrida e eu comecei ao poucos a juntar-me a ele. Inscrevi-me nos treinos “Just Girls”, nas provas de atletismo de Lisboa e arredores, e aos poucos (entre altos e baixos), o bichinho da corrida foi ficando.

 

Em Novembro passado, na prova do Grande Prémio da Arrábida, fiz 13km e pensei: “quem faz 13km faz 21km: venha de lá a Meia Maratona de Lisboa 2014!” Objetivo traçado.

 

Contudo, as lesões começaram a aparecer, e a preparação para a meia maratona a ficar cada vez mais atrasada.

 

Fomos convidados a fazer parte da família Correr na Cidade Running Crew, e em boa hora apareceram nas nossas vidas. Sem o apoio das meninas da Crew, teria deixado de correr há algum tempo. Apesar do apoio incondicional do maridão, eu não corria (nem corro) ao mesmo ritmo que ele, e acabava sempre por correr sozinha, o que me desmotivava bastante. Ter alguém ao nosso lado no treino, tem sempre outra animação e motivação. A elas agradeço a força que me têm dado e o companheirismo.

 

Para piorar, ameaça de fascite plantar, “nascida” na Corrida do Atlântico, a 16 de Fevereiro. Mas corredor, que é corredor, não vai deixar que nada o pare, e entre mesinhas, massagens, e escalda-pés, fui treinando e mantive a inscrição nos “20km de Cascais”. O objetivo era ambicioso, mas longe de ser cumprido, tinha consciência de que iria apenas fazer metade do percurso e regressar. 

 

10:08h lá avançamos nós em direção à partida. Ritmo leve (o que no meu vocabulário significa devagar), sempre “auscultando” todos os sinais que o corpo me ia dando: mau estar dos pés, dores no joelhos, músculos doridos da aula de Crossfit na véspera, etc. Desta vez o maridinho não estava em condições para grandes corridas (ainda a recuperar da Maratona de Sevilha), e só fez meia dúzia de quilómetros. A caçúla da Crew, Bo Irik, foi ao ritmo dela (muito mais rápido que o meu) e, fiquei entregue ao meu colega Nuno (um corisco mal amanhado que trabalha comigo J ), também ele um estreante em distancias longas.

 

O percurso da prova dos 20km de Cascais é lindíssimo: side-by-side com o Atlântico, a estrada só para nós, com alguns desníveis para apimentar a corrida, até ao Guincho e o regresso pelo mesmo caminho até ao centro da cidade.

 

Chegados ao km 7, a fáscia começa a querer ameaçar e, a deixar-me com algum receio de piorar ainda mais. Mas o Nuno, sempre muito assertivo: “Está quase Joana. Já só faltam 13km!”; “Joana, já só faltam 10km!”, quando os meus pés já começavam a querer parar e caminhar… Estranhamente, não me doeram poplíteos ou canelas, ou os quadríceps: eram os tornozelos e os pés que estavam a ceder. Hora do gel e aguinha, apesar de a Organização ter falhado o abastecimento dos 10km, tive sorte de ter guardado a minha garrafinha do abastecimento anterior! E sinto a energia a voltar.

 

“Força!”, “Está quase!”, “Vamos!”, acho que nunca tinha ouvido tanta gente a puxar por nós como desta vez, até os policias no carro de patrulha atrás de nós: “O último chegar paga o jantar!”- gritavam no megafone. Eramos o carro de vassoura (ou quase), mas o apoio dos restantes atletas e do Nuno foram brutais, e psicologicamente, o necessário para ir deixando os quilómetros para trás.

 

Km 14, Km 15, km 16, km 16, km 17… não, não me enganei, mas a organização sim! Como podem ter SALTADO 1km!!!!! Já não aguentava mais os pés e tive de caminhar. 200m depois vejo o meu maridinho à minha procura, e lá voltou mais uns pontinhos de energia. Diz-me ele: “já só faltam 2km!” Entregue ao meu Homem, o Nuno foi então finalmente correr.

 

Não me lembro de 2km me custarem tanto. As dores nos pés eram terríveis, mas a força de vontade de chegar ao fim era maior. E a força do marido ainda mais! Metro a metro, foram passando a Kms e 21,2km depois, cruzamos a meta, com o apoio da Bo e do Nuno já à nossa espera.

 

 

E no final disto tudo, repetia? Repetia e repetirei em breve. As dores no corpo são passageiras, mas o sentimento de orgulho, fica para sempre.

Meia Maratona de Lisboa, aqui vamos nóóóóóóssssss.

 

p.s. não fazer uma aula de Crossfit na véspera de uma prova longa, ou então sofrerão consequências inimagináveis durante uns longos e dolorosos dias…

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