Nos últimos tempos, parece que isto de ter um Coach na corrida virou moda, assim como algum tempo a trás treinar com um personal trainer era quase indispensável.
Como todos sabem, fazer desporto tornou-se num hábito comum a muitos de nós, sendo isto uma excelente evolução contra o sedentarismo, acho que é um sinal de evolução. Contudo passar de sedentário a praticante de desporto assíduo nem sempre é feito da melhor forma, originando mais cedo ou mais tarde lesões diversificadas.
Desde criança que pratiquei diversos desportos, a corrida aconteceu perto dos trinta anos, inicialmente sem muita paciência para tal, mas correr começou a ser um escape ao stress do dia-a-dia, grande parte dos meus paciente correm e sem saberem motivaram-me a ter objetivos na corrida.
Ora isto seria tudo muito bonito e corria bem, se eu fosse uma pessoa focada nos treinos, mas… não era, aliás se querem arranjar desculpas para não irem treinar falem comigo.
A minha profissão foi sempre o principal entrave, trabalho muitas horas seguidas e é um trabalho exigente a vários níveis, maior parte das vezes que termino o meu dia de trabalho só me apetece deitar. Chegava ao final da semana, muitas das vezes sem correr 10km e ao fim de semana lá vinham os longos na serra. Resumindo se a semana era cansativa o fim de semana não ficava atrás.
Decidi procurar alguém que me orientasse treinos mediante os meus objetivos, alguém que não tivesse confiança para que isso não levasse ao desleixo, alguém que tivesse experiência na área e de preferência que ainda corresse trilhos. Encontrei o Coach João Mota responsável pelo projecto Trail Running & Endurance - Coaching, que se prontificou a ajudar-me a evoluir nesta modalidade.
Para isso para além de correr em estrada e trilho, teria de fazer reforço muscular diversas vezes por semana, exercícios de séries, rampas e algumas atividades de recuperação ativa como bicicleta. E claro os dias de descanso, esses continuam a ser os meus preferidos.
Pareceu-me importante trazer a opinião do Coach João a três questões que me parecem pertinentes:
1) João, a teu ver quais são as vantagens de seguir um treino personalizado?
O treino personalizado permite a sistematização de processos sendo dessa forma muito orientado para o desenvolvimento técnico e físico do individuo, é também promotor de saúde; respeitar os períodos de descanso, efetuar uma correta gestão nutricional em prova e nos treinos, são alguns dos aspetos fundamentais para a evolução do atleta.
A experiência e o conhecimento de quem orienta o planeamento é um aspeto decisivo.
Hoje em dia, a dica já não funciona, há a vários anos investigação nos Estados Unidos sobre a modalidade e ter acesso a esse conhecimento permite adquirir as competências necessárias para poder evoluir mais rápido e em segurança.
2) Mediante a tua experiência o que leva um atleta amador não seguir um plano e optar pelo treino sem regra?
O atleta por regra geral o que quer fazer são provas.
Começam com uma distância mais modesta e se atingem o objetivo de terminar, querem fazer mais quilómetros ou seja uma prova com maior distância.
Não procuram consolidar nem desenvolver recursos. Este cenário acaba sempre da mesma forma; lesão, estagnação na evolução como atletas ou doença impeditiva de continuarem na prática da modalidade.
O apelo para a participação nas provas e o excesso de eventos também promove este comportamento.
O atleta procura pelo orientador quando deixa de evoluir, ou quando sabe que o colega de treino segue esse caminho, ou então quando não consegue atingir o objetivo a que se propôs.
Curiosamente começam a aparecer pessoas mais informadas que procuram em primeiro lugar um Coach e dessa forma começam a construir os alicerces para poderem evoluir de uma forma sistematizada.
3) Quais as recomendações que deixas enquanto coach, para aqueles que querem levar o Running e o Trail Running mais à séria?
Há um aspeto fundamental para quem procura novos desafios na modalidade, é o conhecimento dos limites e a promoção da sua própria segurança.
É deveras importante que um atleta consiga fazer uma utilização avançada do seu equipamento GPS, que tenha formação de sobrevivência em montanha e que consiga saber orientar-se por cartografia.
É também importante que procurem um orientador em quem confiem e que possa acrescentar valor.
Neste momento encontro-me a cumprir a oitava semana de treinos sobre as “ordens” do João, posso dizer que neste tempo falho muito poucas vezes o discipulado por ele (fui obrigada a reorganizar agenda e finais de dia), a parte cardíaca melhorou substancialmente, sinto um aumento brutal de resistência física, a balança de bio impedância acusa a conversão de cerca de 3% de massa gorda em músculo, gordura visceral também diminuiu de 4 para 3 (escala de 1-10).
Para terem ideia da distância percorrida e desnível positivo, nas primeiras quatro semanas de treino corri cerca de 190km estrada/trilhos com um total desnível positivo de 2660m.
Respondendo à pergunta do título deste post, sinceramente acho que é mais uma necessidade, os resultados não deixam margens para dúvidas, sem a planificação do Coach João de certeza que não teria evoluido desta forma.
Bons treinos.