Arrabida Ultra Trail - 15km de entreajuda
Uma das coisas que mais gosto no trail, é o espírito de sacrifício, humanitário, de entreajuda, que os atletas demonstram perante os outros.
No passado domingo, apesar de ter feito só os 15km do Arrábida Ultra Trail 2014, estes foram cheios de alegria e entreajuda.
Estando eu em baixo de forma, tenho sido (quase) sempre a última a passar a meta. Demasiadas lesões, excesso de peso, falta de treino, tudo ajuda. E para me ajudar mesmo, basicamente obriguei o meu marido Nuno Malcata a ir comigo ao mini-trail. Assim, nem eu estava parada, nem ele se esforçava muito, e poupava os joelhos.
Logo no inicio, grandes descidas que me deram ânimo: afinal não fico em último! Mas rapidamente começam as subidas, e a ser ultrapassada em grande velocidade.
Comigo para trás, começa a ficar a João: experiente em caminhadas, caloira em trail e “enganada” pelo marido que a inscreveu, por serem “apenas” 15km (coisa pouca!). Não imaginou ela que os "apenas" 15km, seriam a subir e descer a serra, com lama, pedras, silvas e, pequenos riachos nascidos da chuva.
O nosso lema na Crew, é que ninguém fica para trás, e não deixamos a João ficar para trás. Fosse com palavras de ânimo, fosse com um pequeno empurrão, a partilha de isotónico e gel, lá fomos de quilometro em quilometro, até à meta.
O Nuno, armado em “pulga saltitante”, andava e saltava para trás e para a frente, sempre de gopro na mão, a filmar e a tirar fotos a quem por ali andava. Não parou um minuto (fez 20km, garantidamente!). É um chato de primeira: “não pares!”, “Anda para a frente”. “Já disse que as descidas são para correr.” É um chato... mas eu amo este chato, e sem ele não teria sido a mesma coisa. Também ele abdicou por mim, e esteve lá para me apoiar.
É o que o espírito de Trail consiste. Não foi a minha prova, mas a nossa prova. No final, conseguimos chegar à meta, todos juntos.
Adorei o percurso preparado pela Organização da AUT, apesar de ir com algum receio, melhor, um certo respeito pela Serra da Arrábida. Tudo bem identificado, os voluntários sempre prestáveis e com um sorriso nos lábios.
Cruzar a meta e ter uma bela refeição quente para nos reconfortar, foi das melhores surpresas que tive na prova!
Para o ano, podem contar comigo, mas desta vez nos 23km!
Boas corridas!