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Correr na Cidade

A outra banda!

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Por Filipe Gil


Faz no próximo dia 7 de junho três meses! Três “mesinhos”. É obra, não? Três meses de lesão, três loooongos meses em que não corro de jeito. Três meses de aprendizagem. Três meses que nunca mais esquecerei na minha ainda curta vida de corredor.

 

Ok, nestes três meses tive um treino de 30km e uma prova de 53km (a tal Ultra do Piódão). Mas tudo o resto se tem resumido a treinos de 6, 7 ou 10kms (duas vezes, no máximo). Treinos com dor no final e outros sem dor imediata mas com retroativos que surgem após umas horas. Ao mesmo tempo, o último mês foi a altura mais complicada da minha vida profissional: no espaço de apenas uma semana moderei (com rigor, isenção e brio) 6 debates, apresentei duas cerimónias de prémios, e fiz networking quase 24 horas por dia. E isto é apenas para vos contar as coisas menos chatas, porque detrás disto há muito trabalho de backoffice (desde regulamentos, a avaliação de candidaturas e, pasmem-se, duas revistas para fechar). That's life!.

 

Pensei que não ia aguentar, mas aguentei com rigor e tudo correu bem (esta é talvez a frase mais feminina que alguma vez escrevi aqui no blog). Ouvi muitos parabéns e felicitações, mesmo descontando as palmadinhas nas costas daqueles que têm medo que criem má imprensa ao dizer mal ou a apontar defeitos.

E todo este stress sem correr. Ou a correr muito pouco. Foi muito duro. E eu que adoro trabalhar (pensar) enquanto corro, e aí (e no duche) que tenho sempre as melhores ideias. Mas já passou e tudo correu melhor do que alguma vez havia corrido.

 

Isto tudo porque ainda ando com problemas no meu joelho direito, tal como os leitores mais assíduos sabem, eles que surgiram no dia 7 de março após um treino de 30km pelos trilhos de Sintra. E, claro, um pouco agravados pela insistência de fazer os 53km do Piódão, dos quais 44 foram com dor contínua. Já falei disso no meu texto sobre o Ultra do Piodão,onde relatei toda a verdade (ou se preferirem: toda a estupidez). Decidi contar tudo como aconteceu sem omitir nada.

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 A meio do treino de Sintra. O pior ainda estava para vir. Life's a Beach!

 

Todo o sangue, suor, lágrimas e anti-inflamatórios estiveram lá. E falo deste último ponto porque existiram leitores que tomaram aquelas linhas como um verdadeiro tratado à  ingestão de químicos para correr. Houve ainda que depois de uma segunda ou terceira leitura só à quarta perceberam que, afinal, aquele" malandro" estava a incentivar outros a tomarem anti-inflamatorios. Confesso que estou indeciso entre chamar-lhe iliteracia ou apenas...parvoíce.

 

Quantos há que o fazem mesmo e não dizem a ninguém, e depois relatam epopeias heróicas que fazem arrepiar até as pernas depiladas de quem os lê? Quantos há que não fazem umas “batotas” para terem mais endurance, força e resistência? É uma área cinzenta, não vou por aí. Quero acreditar que todas as performances que leio são fruto de muito treino e "stamina". Certo?!

 

Atenção, não me estou a queixar das críticas. Estou habituado, sou jornalista há 15 anos e se há profissão que tem culpa de tudo o que de mal acontece no mundo é esta. Aliás, prefiro uma boa crítica sustentada do que palmadinhas nas costas com medo da tal "má imprensa". Por isso critiquem à vontade, mas façam-me um favor, leiam bem e sustentem-na. Não sejam preconceituosos e não inventem o que não está escrito, nunca defendi o uso de anti-inflamatórios, nem nunca o farei. Apenas relatei o que aconteceu. Nú e crú. 

 

Mas para os interessados que ainda estão aí a ler este texto, aqui vai o ponto de situação da minha lesão. Sobretudo para aqueles que estão a passar o mesmo que eu e sabem bem e sentem na pele o que é não correr. E não é para terem peninha.

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É ali que dói.

Depois de várias tentativas de corrida, após períodos de descanso, e novas tentativas de corrida, onde ao final de 7/8km o joelho começava a doer, fui a um ortopedista habituado a desportistas e especialista em joelhos. Contei-lhe timidamente dos 53km ao que me disse: “Fez não fez? Então está feito, vamos lá tratar isso”. Gostei e confiei no senhor. 

Desfeitas as duvidas sobre eventuais problemas no menisco fiz uma ressonância magnética. Que, após uma semana e meia depois indicou o seguinte:

- Discreto síndrome da banda ilio-tibial
- Microquisto de Baker
- Sequelas de rotura parceria de LCP em grau 1 a 2, em 3.

 

Esta última lesão é graças a várias anos de jogar andebol a nível federado e ao facto de jogar na posição de pivot (a atacar, defendia a central) e, maioritariamente, rematar em queda por cima dos joelhos. Sim, havia joelheiras, mas que é que convence um puto de 17/18 anos a usá-las. Nessas idades somos todos imortais e invencíveis...

 

E pronto, vamos lá então curar esta síndrome chato que, mesmo assim, dando tanta chatice é “ligeiro” - devem estar a gozar comigo!!! 15 sessões de fisioterapia com ultra sons, laser, técnicas especiais (espero que sejam brandas) e massagem técnicas (medo!). Serão, no mínimo, cinco semanas de sessões. 

 

Vou fazer isto e pôr em prática toda a literatura e sapiência que ganhei sobre esta síndrome. E ainda vou continuar a fazer aquilo que nunca tinha feito em três anos de corrida e que comecei recentemente: reforço muscular. Sim, agora “meti” ginásio nisto da corrida. Trabalho para fortalecer o core e para reforçar as pernas para os trails e ultra trails futuros. Acho que só tenho a ganhar com isto. O dinheiro que gasto no health club, ou na ginástica como gosto de dizer, espero poupar na cura de lesões. Vou também continuar a fazer umas sessões de massagens e acunpuntura com a Dr.ª Sara Dias. Equipa que ganha não se mexe!

 

Com isto tudo, e sem correr, decidi por bem abdicar, com muito custo, da prova do Louzan Trail. Se no Piódão queria provar muita coisa a mim mesmo, nesta não. Estarei a terminar o tratamento nessa altura e não quero esperar muito mais tempo para voltar a correr a 100%. Ouvir o corpo é importante. E aprendi a lição – isso e fazer MESMO alongamentos. Vai ser muito chato porque é um running trip da crew daquelas que, certamente, deixará boas memórias.E se há coisa que gosto é ir com a minha familia/crew pelos caminhos de Portugal...


Entretanto, na semana passada fui a uma consulta antes de iniciar a fisioterapia. Já tinha o diagnóstico feito, mas como é "obrigatório" passar pela consulta lá fui novamente consultado e analisado. Por motivos de educação e respeito profissional não vou indicar o nome do médico, mas tive esta conversa:

 

O médico: "Então faz jogging, é?"
Eu: "Não. Eu corro. E maioritariamente em trail, ou seja, nos trilhos"
O médico: "hummm!

 

 Entretanto esteve a analisar o joelho. Pediu-me para saltar, para agachar e apalpou, esticou, encolheu, tocou. E disse o médico: "Tem flexibilidade a mais para o meu gosto. E tem os joelho laços".

 

Confesso que achava que era bom ter flexibilidade. Depois de me ver os joelhos disse-me:

"Não acho que seja da banda ilio-tibial, acho que há aí qualquer coisa dos tempo do andebol, mas tudo bem, vamos lá fazer isso". "Se não resultar, já sabe: o Cristiano Ronaldo também vai abandonar a carreira aos 35...Olhe, dedique-se à bicicleta".

 

Saí de lá com uma daquelas raivas...e passadas umas horas fui correr para Monsanto com o meu amigo Tiago Portugal. O treino correu bem e sem dores. Eu acredito na minha recuperação e que só irei fazer bicicleta como metodologia de treino.

 

Aos leitores que começam agora a ter as suas primeiras lesões, aconselho-vos seriamente a irem sempre a médicos ortopedistas, ou de outra especialidade, ligados aos desporto. Tudo o resto acha isto tudo da corrida uma pavoíce. Será inveja?

 

Boa corridas.

 

 

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