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Correr na Cidade

A importância de avaliar a forma como corremos

Há cerca de duas semanas fui convidado pela Athletika, uma nova clínica de desporto (que, entre outros conta na sua equipa clínica com o médico e atleta olímpico Arnaldo Abrantes) a fazer uma avaliação técnica da minha corrida. Cada vez mais tenho consciência que devo conhecer os meus erros a correr, sobretudo os técnicos, de forma não só a melhorar a performance como a evitar as malfadadas lesões.

 

Assim, decidimos experimentar a parte do teste feito com câmaras de filmar e fotografar na pista do Estádio do Jamor. Num dia em que a chuva ora vinha ora ia, eu e o técnico biomecânica de desporto da Federação Portuguesa de Atletismo, Paulo Oliveira, fizemos as filmagens para serem avaliadas a posteriori tanto por ele, como pelo fisioterapeuta Ricardo Paulino e, claro, pelo médico/atleta Arnaldo Abrantes.

 

Fizemos três corridas, com um ligeiro intervalo entre elas, em que, de cada vez tive que correr 1000 metros na pista (sendo que cada volta é, como sabem, de 400 metros, por isso…é fazer as contas).Da primeira vez fiz os mil metros a uma média de 4,45 por km; na segunda tentativa baixei e fui até aos 4,30 por km e na última, já cansado e a denotar a minha falta de forma, voltei a fazer mais tempo em 4,40 ao km. Mas foi o que bastou para se gravar e fotografar o que era necessário para a minha avaliação de atleta amador – talvez num atleta profissional tenha de se fazer mais umas quantas voltas à pisa.


Passado pouco menos de uma semana, o simpático Paulo (e restante equipa da Athletika) apresentou-me os resultados desta análise.Talvez tenha de escolher outro desporto porque os erros são tantos que nem sei por onde começar... Fora de brincadeiras, percebo agora perfeitamente porque me lesiono com facilidade. Não tenho a postura correta, tenho "uma questão mecânica" no pé direito, e nem vou escrever o quão incorreto aterro com os pés. Ah, e para não falhar nada, nota-se encurtamentos nas coxas o que, volta não volta potencia a lesão. A nível da passada um elemento importante: "em ambos os passos de corrida verifica-se um ligeiro apoio do tipo supinador". Sendo recomendado o uso de sapatilhas do tipo neutro com palmilha adequada ao apoio. 

 

Depois de terem analisado a amplitude do meu passo, o tempo do passo, a frequência do mesmo e a velocidade média (da perna esquerda e da direita), deu nisto:

1.jpg

Braços:

Tenho uma má definição dos braços e consequente oscilação do tronco (ver imagem acima) o que me faz perder energia. E ainda: os meus braços tanto trabalham de forma interna (junto ao tronco) como externa é isto que me faz balançar. E passei a saber que tenho de aumentar a abertura do braço e do antebraço para um ângulo de cerca de  60º (o aconselhável), coisa que não faço. 

 

2.jpg

 

Joelhos:

Aqui há boas notícias: o joelho são neutros e não apresento risco de lesão. Yes!!!!

 

Pé:

O esquerdo está bem, e não apresentou nenhum comportamento irregular na fase aérea. Já o pé direito….vejam a figura acima. Esquisito, não? E esta brincadeira, segundo a Athletika, coloca-me em risco de lesão sucessivamente (glup!).

3.jpgAspetos técnicos Gerais:

Não aterro o pé nos 2/3 deste, como se consegue perceber pela imagem é com o calcanhar que aterro – e até dói ao ver. Tenho flexão de joelho exagerada – o que denota falta de força. E devia levantar mais a perna livre a cada passo. Para além disso a frequência do passo entre a perna esquerda e direita é diferente, e essa diferença aumenta com a velocidade.

Em termos de avaliação de fisioterapia, e há que ter em conta que não fiz avaliação estática que é mesmo muito importante, mas segundo o fisioterapeuta Ricardo Paulino “apresento uma anteriorização da cabeça e tenho o pescoço em contração". Em suma, para não vos maçar: apresento uma predisposição para problemas neuromusculares como ciatálgias, inflamação dos tendões dos músculos isquiotibiais e fascite plantar! 

Pimba, todo o tipo de lesão que costumo ter. Foi como ir à bruxa!


E agora?

Bem, depois desta avaliação preciosa os responsáveis descansaram-me e afinal não tenho que me dedicar à pesca! – pelo menos por enquanto. Preciso sim é de melhorar a postura e fazer treinos técnicos, se possível com um treinador ou alguém que me possa corrigir a postura.

Confesso que desde que recebi a avaliação, tento perceber a forma como corro, tento melhorar aqui e acolá, ora na passada, ora no pé, ora no grau dos braços. Se está a funcionar, duvido, porque sem uma ajuda mais profissional irei demorar muito mais tempo e nunca irei conseguir o perfeccionismo. Mas estou a tentar.

 

Claro, já estão a pensar, ter treinador acarreta custos. É verdade! É uma opção pessoal. Não posso deixar de sublinhar que mais vale prevenir do que remediar. Tal como nas massagens desportivas, mais vale ter alguém de confiança que nos massage regularmente do que ir apenas quando dói. Por isso, acho que uns meses com a ajuda de um treinador para melhor a técnica podem fazer a diferença. 

 

Não é por ter tido o privilégio de ter sido convidado pela Athletika que o escrevo, mas aconselho a fazerem este tipo de teste. Como me disse o atleta Arnaldo Abrantes os erros técnicos na corrida levam a lesões mas também existem alterações no nosso corpo (e muitas possíveis de serem corrigidas) que podem levar à má técnica de corrida.

E vocês, não têm curiosidade em saber como correm e como podem melhorar alguns aspetos?

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