A corrida de estrada onde fui mais feliz!
Por Natália Costa
Eram 8 horas da manhã e estava a chegar ao Hotel Dom Pedro, hotel oficial da Rock’n’Roll Maratona de Lisboa e Meia Maratona, de onde iria partir pelas 8h30, num autocarro para a zona da partida na Ponte Vasco da Gama. Apesar de nos oferecerem o pequeno-almoço, eu preferi tomar o meu em casa, mas mesmo assim ainda tive tempo para beber um café e apreciar o ambiente à minha volta. Devo confessar que estava calma, os nervos foram no dia anterior, a única coisa que me preocupava era a chuva. Mas São Pedro foi um tipo "fixe", e deu uma pausa no mau tempo, fazendo desta prova, a prova de estrada onde fui mais FELIZ!
Chegados ao local da partida, eram 9h30, deu tempo para as habituais fotos, ver e rever amigos, fazer o aquecimento e comer a dita banana. Tive umas companhias bem especiais: o meu marido e o meu filho mais velho, que se estreou nestas andanças com dorsal ao peito para fazer a Mini Maratona. E não é que ele se portou muito bem? Fez os seus 5,5 km com apenas três paragens, sempre a correr! Que orgulho!
O ambiente estava fantástico, como sempre. E às 10h30 foi dado o tiro da partida! Ai fomos nós, tudo a dar à perna com os 21.097 metros na cabeça. Confesso que aqueles km´s iniciais são sempre os que faço mais rápido, fico doida com aquela gente toda que corre muito mais que eu, e contagiada pelo ritmo acabo sempre por esticar um pouco a passada, mas ao quilómetro 5 volto ao meu registo, precisamente o local onde se faz a separação entre a Mini e a Meia no Parque das Nações.
Era muito o público no Parque das Nações, mas o português ainda tem aquela coisa tímida de ficar a olhar impávido e sereno... Eu em "modo Bo Irik", comecei a pôr os braços no ar a pedir palmas e a gritar palavras de apoio, ao que alguns reagiam e outros ficavam pasmos, do género “Esta passou-se”!
Ia sozinha, tinha que me ir distraindo...
Nunca tinha feito uma prova com tantos abastecimentos de água e ainda bem. Isto de ir fazendo contas de cabeça e gerindo quantos kms faltam para o próximo abastecimento é uma grande chatice.
Ao km 6 vejo o nosso colega Tiago Portugal e durante algum tempo foi a minha lebre. Queria tanto apanhá-lo, mas ainda não tenho pernas para isso. Vai chegar o dia podem ter a certeza!!! Ao 8º Km, fiz o meu primeiro abastecimento sólido, umas daquelas gomas energéticas, e fui prego a fundo até nos cruzarmos os dois pelo km 12, já ia ele de regresso ao Parque das Nações.
Deu-se a volta de regresso, misturo-me com os maratonistas que vinham de Cascais, e é ai que há a diferença nesta Meia: temos logo ali bananas, laranjas e géis energéticos. Pode-se perfeitamente não ter que levar nada connosco para a corrida, porque ao longo da prova vai sendo fornecido tudo o que precisamos.
Chegada ao quilómetro 16, o meu segundo abastecimento, era agora o tudo por tudo! Eu tinha que acabar abaixo das duas horas. Foram dois meses de treinos, de sacrifício pessoal e familiar para dar o meu melhor nesta que foi a minha segunda Meia Maratona. A primeira foi há um ano com 2horas e 30 minutos.
Música a abrir, escolhi uma mulher com um porte atlético à minha frente e pensei "vais ser a minha lebre!" E assim foi, confesso que os dois últimos kms foram já em sacrifício, estava quase a acabar e queria dar o meu melhor! Só pensava no meu marido e no meu filho na chegada, assim como alguns amigos. Queria cumprir aquilo a que me tinha prosposto. E apesar de não ouvir os apoiantes nos metros finais, a música ia demasiado alta para isso, os sorrisos deles davam-me alento, as palmas marcavam a passada!
Às 1h e 55 minutos passo a meta da Meia Maratona Rock´n´Roll Vodafone, onde estavam os meus homens, a Ana Guerra e o Tiago Portugal.
Sei que muitos de vós podem achar ridículo o meu tempo, mas sabem que mais? Estou super orgulhosa, porque ser mãe de dois, mulher e profissional sempre com novos desafios, este foi um grande feito!
Mas fica já feita a promessa, para a próxima vai ser melhor!
Quero deixar um agradecimento especial ao meu marido, que sempre me deu força, e ficava com os miúdos para eu ir treinar a altas horas da noite. Às minhas amigas corredoras que, por vezes, me acompanhavam nos treinos, e às não corredoras por me aturarem com as conversas entusiastas das corridas, que apesar de não entenderem, sempre me deram o maior apoio!
E claro está, à organização pelo convite, que me deixou viver esta experiência em pleno, desde as apresentações das provas, dos atletas, pelo transporte e por conhecer algumas velhas glorias do atletismo!
Para o ano há mais!