A (breve) história do Correr na Cidade Running Crew - parte III
Por Filipe Gil:
E este terceiro capítulo da história do Correr na Cidade começa com a terceira edição das Just Girls. E para mim foi a última! Quer dizer, não foi, mas mal acabei o “evento” e todas participantes se foram embora disse para a minha mulher: “Nunca mais, nunca mais volto a fazer isto”.
A razão era óbvia, embora ninguém tivesse notado. Nada correu mal, mas apenas por sorte. Por impossibilidade pessoal e profissional dos restantes elementos da crew fiquei a fazer este Just Girls sozinho. A minha mulher estava lá, mas foi para correr com as nossas convidadas.
Sozinho, recebi as corredoras, entre as quais a atleta profissional Ercília Machado que deu o treino, recebi os representantes das marcas que gentilmente nos ofereçam produto. Tirei fotografias, andei com o automóvel de um lado para o outro - de Algés à Ponte 25 de abril e vice-versa - para apanhar bons momentos para fotografar. No final todas ficaram contentes, e apenas uma pessoa ficou sem todos os gifts, curiosamente a Joana Malcata – que ainda não era da crew.
Achei que não valia a pena estar a esforçar-me tanto para uma coisa que só por sorte correu bem e que poderia colocar o profissionalismo e dedicação que meto em tudo o que faço. Isso nunca! E assim saí dali com a ideia que tinha sido o último.
E começa aqui alguma desilusão com a running crew, não com os elementos, mas com a definição do grupo e o seu propósito. O blogue continuava bem, cheio de assuntos, de comentários, de reviews de produtos, etc. Mas e a crew? O que se podia fazer mais? Por outro lado o meu objetivo nunca foi massificar a crew, abrir a muitos mais elementos, por outro não conseguia dispor de mais tempo (família e trabalho em primeiro lugar, sempre!) para correr e melhorar a minha performance na corrida. E se há desporto em que temos de ser verdadeiros é na corrida! Não se consegue mentir na corrida, dizer que corremos e depois não corremos é das mentiras mais curtas que conheço. E os corredores não gostam que se minta com a performance. Nunca!
Entretanto, o Pedro, Tiago e Stefan, que tinham entrado há pouco tempo na crew começaram a dar um novo impulso ao grupo, sobretudo na performance nas corridas. Apostaram no trail running e, de um momento para o outro, vi-me também apaixonado pelo trail. E inscrevi-me para Casaínhos, um trail de 15K simples, perto de Lisboa e que me pareceu o ideal para começar.
O Pedro Luiz a iniciar uma descida em Casainhos
Os 4 cavaleiros do Apocalipse do Trail Running, a representar a crew nos trilhos. E aqui estreamos a nova t-shirt da crew, em tons de azul, para gáudio do Bruno Andrade
Entre esta inscrição e a corrida propriamente dita, fiz a Night Run em Lisboa. Uma corrida banal, igual ou pior que a São Silvestre de Lisboa, que tem mais carisma. O único apontamento de relevo foi ter conhecido, momentos antes da partida, e pessoalmente, o Nuno e a Joana Malcata. Falamos muito pouco, mas finalmente conhecia quem era o Nuno e a Joana das corridas de quem a minha mulher me falava nas últimas semanas.
Voltando ao trail de casainhos, este correu muito bem. Só que no final da prova senti fortes dores no pé direito e semanas mais tarde descobri que estava com uma Fascite Plantar. Uma “querida” que só me largou lá para Fevereiro do ano seguinte (já em 2014). E foi-se embora mais cedo graças à Dr.ª Sara Dias que se prontificou a curar a minha maleita. E conseguiu!
De Outubro a Fevereiro apesar de pouca coisa ter acontecido com a crew, muita coisa se passou na minha cabeça. Faria sentido continuar com a running crew? Vi o projeto Correr Lisboa a crescer, a conseguir reunir mais de uma centena de pessoas em Lisboa de forma profissional nos seus treinos solidários, e eu achei que não devia ir pelo mesmo caminho. Seria fácil replicar, copiar, ir atrás do que eles estavam, e bem, a fazer. Mas eu não sou assim. Gosto de coisas originais e nunca na vida iria fazer copy paste de algo já criado, sem, pelo menos lhe dar alguma inovação.
Entretanto, os projetos Correr na Cidade e Correr Lisboa começaram a afastar-se, e quem diz os projetos diz as pessoas. Eles vincaram a sua vertente mais profissional e fizeram o seu caminho. Começaram a afirmar-se como blog, entraram para o Clix, passaram a ser a equipa oficial da Adidas, tiveram a apadrinhamento dos bloggers mais importantes cá do burgo, e a partir daí o afastamento aconteceu. Qual a razão certa confesso que não sei apontar. Mas não há que disfarçar que hoje em dia há uma certa rivalidade salutar, e vou sublinhar, s a l u t a r, entre os dois projetos. O que até é giro. Há gente amiga dos dois lados que se dão bem e há outros que nem tanto, mas os projetos são diferentes, tal como as pessoas são diferentes. Nós somos e sempre seremos mais “Indie”. Ou para para ilustrar melhor, nós somos a Apple e o Correr Lisboa é a Microsoft. Perceberam?
Em janeiro, depois das férias e quando a minha lesão melhora e comecei a voltar às corridas, senti que a crew devia crescer e que deixasse de ser a crew do Filipe Gil, para ser de mais pessoas. Para mim era urgente! O Pedro Luiz ajudou muito nesse aspeto e o Tiago começou a perder a timidez inicial e começou a dar mais ideias e a aparecer mais.
Palmilhas para pronadores. As minhas melhores amigas desde então.
Não sei porque raio, dei por mim mais motivado e a decidir que tínhamos de crescer mais.
Convidei o Nuno e a Joana Malcata, que prontamente aceitaram, e houve ali uma empatia muito grande com ambos; o Nuno Ferreira perguntou-me se o convite que lhe tinha feito uns meses antes ainda se mantinha de pé e juntou-se. E ainda aceitei a auto candidatura da Bo Irik. O processo da Bo foi engraçado. Um dia coloquei no facebook que a crew precisa de mais mulheres, e recebo uma mensagem dela, no Facebook do Correr na Cidade, isto em finais de novembro, talvez, a perguntar se podia juntar-se a nós, à nossa crew. Pedi-lhe paciência e que quando decidisse abrir a crew voltava a falar com ela. E assim foi. Umas semanas mais tarde a Carmo Moser definiu-nos como a crew mais cool de Lisboa e arredores, e em resposta enviei-lhe um convite, prontamente aceite.
E em meados de janeiro eramos já 13 elementos: Eu, Natália, Nuno Espadinha, Bruno Andrade, Ana Morais, Bo Irik, Carmo Moser, Joana Malcata, Nuno Malcata, Pedro Luiz, Tiago Portugal e o Stefan e o meu primo Pedro, que mesmo assim se manteve mais afastado.
Apenas falta a nossa Carmo Moser para a crew estar completa, isto em fevereiro de 2014, foto dela abaixo.
A partir de Janeiro a história da running crew nunca mais foi a mesma. Aliás, nunca voltará a ser a mesma. Mas amanhã, no último capítulo saberão o porquê.
Boas corridas.