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Correr na Cidade

Correr é a maior recompensa

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Comecei a correr em 2011, a treinar mais seriamente em 2014, mas tenho no entanto, lutado desde há vários anos com um dilema. Afinal que ganhos obtenho por todo o trabalho árduo e esforço que coloco no treino? Nunca irei ser um corredor de elite e será um milagre se alguma vez estiver perto de ganhar uma prova. Quanto muito posso aspirar e com muita sorte a um pódio no meu escalão, isto numa prova pequena e com muito poucos corredores. Porque então tanto suor e lágrimas?   

Bem, em grande parte correr é em si mesmo a maior recompensa. O simples facto de estar na rua ao ar livre, percorrer trilhos novos ou conhecidos, ter a capacidade de correr mais longe, mais rápido, mas acima de tudo ser capaz de correr, é em si mesmo pela alegria e serenidade que me dá o maior ganho que posso ter e a minha grande recompensa.   

No entanto, há dias em que simplesmente faço o que está planeado para alcançar os objetivos futuros que estabeleci a mim mesmo. Dias de chuva, vento, frio ou cansaço em que não apetece sair de casa ou em que só saber que é dia de séries já custa, dias em que o esforço mental é sem dúvida maior do que o físico. Infelizmente eu nunca sei ao certo se um determinado treino ou ciclo de treino vai ter o desfecho pretendido. É preciso confiar que tudo faz sentido e que no final os resultados aparecem. Existem planos, das mais variadas formas e feitios claro, existem ferramentas informáticas e tecnológicas para acompanhar o progresso e a evolução, mas elas só interpretam uma parte, pequena, do que todo o treino e trabalho realmente estão a fazer ao teu corpo e mente. Portanto, nenhum VO2Max, nenhuma previsão do relógio, nenhum treino ou nenhuma prova teste podem garantir que no final vou alcançar os meus objetivos. 

Eu sei que o treino bem planeado e estruturado tem efeito e produz resultados, já vivi em primeira mão. Não houve uma única altura em que no fim do planeamento eu não tenha melhorado. Inclusive as medalhas do strava ajudam-me, ainda que seja um placebo.  Mas isso não elimina todas as minhas dúvidas sobre se desta vez o esforço irá compensar e serei capaz de ultrapassar as metas que me impus.

É ter um pouco de fé, acreditar, sem expectativas de retorno imediato, que tudo faz sentido e que no final, na linha de partida estarei preparado para atingir todos os objetivos. Se não conseguir, é repetir o processo uma e outra vez, porque no fim com esforço e trabalho tudo é possível.

 

Merrell MTL Long Sky - Review

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Quando se fala em marcas de sapatilhas de corrida e trail, a Merrell não é das que nos vêm logo à cabeça, mas a marca tem argumentos para alterar esta situação. A Merrell em Portugal é mais conhecida pela sua gama de sapatilhas para outdoor, caminhadas e montanhismo, mas ao longo dos anos desenvolveu alguns dos modelos de trail preferidos de vários membros do Correr na Cidade.

Coube-me a mim testar os novos Merrell MTL Long Sky, o modelo pensado e criado no Merrell Test Lab (MTL) com a ajuda dos corredores profissionais da marca como Pere Aurell ou Ragna Debats e destinado principalmente para a competição de larga distância, dependendo do peso do corredor.  

Antes de aprofundar o que tenho a dizer após mais de 100km corridos na serra de Sintra vamos à ficha técnica:

  • Peso: 280 gramas. É verdade que existem modelos mais leves, mas sobretudo à custa de aliviar o peso da sola ou de materiais que comprometam a durabilidade. Se aguentar bem os quilómetros cada grama será justificada;
  • Drop: 8 mm. Os MTL Long Sky tem uma altura de 19,5 mm na frente e 27,5 mm atrás. Para mim o ideal para longas distâncias são drops entre os 6 e os 8mm;
  • Suporte interno: Temos uma faixa interna que aperta o peito do pé e nos dá mais confiança nas seções técnicas;
  • Medial Post: Para melhorar o suporte e de estabilidade ao longo do tempo à medida que as pernas e os pés ficam cansados com os quilómetros; 
  • Sola: Vibram Megagrip com tacos de 5 mm. Estes componentes permitem uma aderência em todos os tipos de terrenos, incluindo pedra molhada e lama, e uma durabilidade acima da média.
  • Vegan Friendly 

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A Merrell utiliza uma entressola de espuma acetato-vinilo de etileno, ou simplesmente EVA ( um material do tipo elastomérico, suave e flexível, com boa claridade, brilho, resistência a baixas temperaturas e resistência stress cracking), relativamente densa e com um leve controle de pronação. Pessoalmente não notei o suporte adicional durante os vários treinos que fiz, possivelmente em distâncias mais longas ou durações maiores este ligeiro suporte vai permitir diminuir a fadiga e a controlar melhor a passada, pelo menos em teoria. O amortecimento relativamente firme, juntamente com a excelente sola ajudam ao conforto ao longo dos quilómetros, mas a falta de placa de pedra (rock plate) faz sentir em demasia as pedras mais pontiagudas contribuindo para um ligeiro desconforto em alguns trilhos.

A sola é do meu ponto de vista a melhor característica deste modelo.  Construída com tacos multidirecionais de 5 mm do composto Vibram Megagrip que alia durabilidade e aderência em praticamente qualquer superfície transmitindo uma enorme sensação de segurança em cada passada. E não podemos pedir nada melhor do que umas sapatilhas que nos transmitam essa confiança para atacas todos os trilhos sem medo. A borracha mais macia também tornou a sola um trunfo na estrada e em superfícies duras, aumentando a amortecimento e o “rebound” fazendo dos MTL long Sky um modelo versátil para realmente todos os terrenos.

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Em termos de durabilidade e apesar da sujidade com mais de 100km feitos na serra de Sintra o desgaste é nulo.  

Os Merrell MTL Long Sky são acima de tudo um modelo versátil, pois devido às suas características poderão ser usados ​​tanto em curta, média e longa distância, tudo dependendo da técnica e do peso do corredor, adaptam-se a todos os ritmos e também podem ser usados em todos os tipos de terrenos, sendo do meu ponto de vista a única exceção terrenos com muitas pedras. São os sapatos típicos que recomendo a quem procura um único modelo que responda bem a todos os seus passeios e corridas de montanha.

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Aspetos que mais gostei:

  • Confortáveis logo ao sair da caixa e com bastante mais macio com bastante “rebound” à falta de melhor termo, mas que na maioria das vezes é estável e protetor.
  • Versatilidade em todo o terreno, até mesmo estrada. A fantástica sola vibram enfrenta qualquer tipo de terreno;
  • Ótima sensação e agilidade nos trilhos;
  • Respondem bem a todos os ritmos e a flexibilidade do modelo permite uma suavidade mesmo a ritmos mais altos

Aspetos que menos gostei:

  • Em terrenos mais técnicos o pouco suporte na zona média do pé pode dificultar principalmente em descidas;
  • Sem placa de rocha. A combinação da entressola mais macia e o design da sola na parte frontal é um pouco fina e com pouca proteção o que nos faz sentir muito as pedras.