Correr uma Maratona - Sevilha 2018
Dizem que com passar dos anos começamos a apreciar mais os pequenos momentos, os detalhes, os lugares, as situações quotidianas, as pessoas.
Quando a New Balance me convidou a correr a maratona de Sevilha 2018 não hesitei. Apesar de não andar a treinar especificamente para este tipo de prova e ser para mim a maior demonstração de superação e resiliência em corrida, não consegui resistir ao fantástico convite que nos fizeram.
Desde a minha primeira maratona, Sevilha 2015, que queria regressar a uma prova destas e esta era a oportunidade perfeita. Uma prova plana, um ambiente fantástico, os espanhóis são fenomenais a puxar pelos atletas, e o facto de fazer 38 anos nesse fim-de-semana tornaram o convite irrecusável.
Assim dia 25 de fevereiro de 2018 corri a minha segunda maratona e pelo menos nos próximos tempos para mim chega. Começar os 38 anos desta forma foi uma experiência fantástica.
Chegados ao estádio para colocar o saco com a muda de roupa o ambiente estava intenso e barulhento. Corredores em todos os lados, uns a ultimar os últimos pormenores, outros a tirar as muitas fotografias que inundaram as redes sociais. As condições para a prova estiveram ideias e sentia-se a alegria no ar.
Ao meu lado estava o meu grande amigo e primo Ulisses Nunes, mais recente membro do Correr na Cidade que se estreava nesta distância, o que ajudou a tirar algum do stress por ser o mais experiente dos 2 nestas provas.
O objetivo era correr num ritmo constante de 5´30´´ e se conseguíssemos acelerar a partir do quilómetro 35.
Correu tudo conforme planeado e mais importante corri feliz. Não foi tudo fácil, numa maratona nunca é. Do primeiro ao último todos sofrem em algum momento, é preciso ser resiliente, otimista e absorver a energia do público e dos restantes corredores, e muito importante treinar e estar preparado para este esforço físico.
Corri tranquilo até ao quilometro 35, imaginem só, sempre a um ritmo constante, a comer a cada 50 minutos e a beber em todos os muitos abastecimentos da prova. No final já não conseguia engolir mais aquaris e tive que efetuar um pit-stop rápido ao 12 quilómetro.
O que me ajudou foi correr descontraído, aproveitar cada momento da prova e correr acompanhado, sozinho seria capaz de correr tantos quilómetros em estrada.
O quilómetro 35 foi o teste e desta vez passei com distinção. Apeteceu parar a cada momento, as pernas estavam cansadas e sempre que alguém deixava de correr ao meu lado o meu cérebro gritava para fazer o mesmo. Mas continuei, foquei-me no objetivo e fui correndo um quilómetro de cada vez.
Nessa altura o Ulisses arrancou a grande velocidade para tentar baixar das 3h45 e eu continuei no meu ritmo tranquilo sabendo que o objetivo de baixar das 4h estava cumprido, faltava agora tentar o melhor tempo possível, mas também não era para isso que estava ali.
Queria divertir-me e marcar este ano como um ano de mudança e superação. Comecei bem agora resta continuar.
O final da prova é sempre emocionante, muito choro, sofrimento, superação e demostrações de humanismo e amizade.
Quero agradecer à New Balance pela oportunidade de correr em Sevilha, uma prova muito bem organizada, onde nos sentimos em casa com tantos portugueses e com um ambiente fantástico, para mim a prova ideal para quem se quer aventurar nos 42k.
Um grande abraço ao meu companheiro de aventuras Ulisses Nunes que está cada vez a correr melhor, a partir daqui é sempre a melhorar.
Nota final para os New Balance 1080v8 que são 5 estrelas. Confortáveis, com amortecimento suficiente para uma maratona e que me permitiram correr com os pés “frescos” e sem dores até ao fim.
Review em breve no blogue.
Tempo final 3h52m22s.
Acho que agora só aos 40 é que me meto noutra destas.