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Correr na Cidade

Race Report: A minha estreia em trail

Por Natália Costa:

 

Como em experiências anteriores no running, vou sempre assim meio ao engano. Meio ao engano, isto é, sem pensar muito no que vou fazer.

O meu marido disse-me há uns meses que iríamos fazer um Trail pela Serra da Lousã (que eu desconhecia por completo), ele de 33 Km e eu de 17 km. Até aqui tudo bem... Pensei “ bem eu já fiz a meia maratona, são 21 Km, por isso é na boa”.

 

Em abril, aquando das festas da aldeia do meu pai, lá para os lados da Guarda, o Filipe disse “ vamos fazer um trail por aqui porque tens que te preparar para a Lousã”, e lá fomos nós. Foram 7 Km, praticamente sempre a subir, em terra batida. Custou-me um bocado, mas sinceramente nunca mais pensei no assunto. Tenho tido novos projetos profissionais, com os miúdos à mistura, tem sido uma roda-viva.

 

Mas a data foi-se aproximando e na terça-feira anterior à prova o Nuno Malcata deu um treino às meninas da crew pelo Jamor de modo a termos mais noção daquilo que iríamos encontrar na Lousã. E lá fomos nós, foi super divertido, conseguímos rolar bastante a subir e a descer, de frontal, porque entretanto caiu a noite, e quando cheguei a casa disse ao Filipe, “ olha adorei! É super divertido!” e ele ficou mais aliviado, porque tinha algum receio que fosse odiar esta nova, para mim, vertente da corrida.

 

O sábado foi-se aproximando, e eu fui completando o outfit. A mochila, empréstimo da Carmo Moser, a quem eu agradeço desde já, luvas (que pensei ser um exagero, mas deram imenso jeito), os pernetes da compressport e as sapatilhas, os Go Bionic Trail da Skechers.

 

 

Sexta, depois de uma semana complicadíssima de trabalho, lá arrancou a crew a caminho da Lousã. Após um jantar com muitas massas e risadas, lá seguimos estrada acima. Estava a chover e não se adivinhava muitas melhorias para o dia seguinte.

 

Ao aproximarmo-nos da Lousã, fui deslumbrando a serra, a tal serra que íamos “trailar”. E ai sim, pensei “Natália, tu tens mesmo um parafuso a menos! Tu já viste no que te vais meter?” , mas não partilhei isto com ninguém, se há coisa que não dou, é parte fraca!

 

Ficamos instalados na casa dos avós do Pedro Tomás Luís, a quem também quero mandar um especial agradecimento, principalmente aos pais dele pela hospitalidade. Chegada à cama, nem pensei no dia seguinte e seguiu “para bingo”, que o dia seguinte ia ser complicado...

 

O dia da prova chegou, equipei-me, preparei a mochila com água e alguns abastecimentos e lá fomos nós. Não havia aquela multidão de gente a que estou habituada quando faço as outras provas, mas estava tudo muito bem organizado.

 

Às 10h arrancaram os 33 km e às 10h15 arrancamos nós, as mesmas do costume, a Ana Morais, a Joana Malcata e eu. Passados nem 2 Km, começamos a passar riachos, e eu no primeiros ainda tentei não molhar os pés, saltando pedras, mas foi impossível. De pés ensopados, lá seguimos nós serra acima.

 

 

Entretanto reparamos que vinham dois membros do Lousan Trail atrás de nós, vinham a fechar o grupo, escusado será dizer que éramos as últimas.Apresentamo-nos, eles também, o Sérgio e o Moita, e lá seguimos os cinco juntos. Entretanto a nossa “Frost” ( Joana) como carinhosamente lhe chamamos começou a entrar em dificuldades, o pequeno almoço estava embrulhado, ficou com os dois elementos do Louzan Trail e eu e a Ana seguimos.

 

Passado muito pouco tempo, mando uma queda, aliás um verdadeiro “espalho” de cabeça no meio da lama. Pensei, pronto acabou para mim, já me lesionei… Mas não, levantei-me e só tinha era lama da cabeça aos pés.

 

Subimos, subimos, subimos, por verdadeiros caminhos de cabras, mas com uma paisagem de cortar a respiração. Quando chegamos ao primeiro abastecimento, chovia copiosamente. Os amendoins e as batatas estavam todas moles, havia coca-cola com água da chuva. Mas mais uma vez a organização mostrou a sua “raça” e prontificaram-se a abrir novos pacotes de amendoins e de batatas fritas, para não comermos os moles.

 

Abastecidas, lá seguimos nós no meio da chuva. Passamos as aldeias de xisto, que são para lá de lindas. Continuamos a subir, e as minhas pernas a doer... Entretanto com a altitude, chegou o frio, toca a vestir o corta-vento que vinha na mochila. E lá começamos a descer.

Nunca conseguimos correr muito, por causa da lama, mas aceleramos passo e chegamos ao segundo abastecimento, quando nos dizem que já era hora de almoço. O QUÊ?? Já??

 

 

Mas o Filipe disse que achava que fazia aquilo em 2h30... e já passaram quase 3h e eu longe de chegar. “Olha, sabes que mais, vamos mas é comer!” disse eu à Ana.

 

Entretanto começo a ouvir vozes vindas da floresta atrás de nós. Era a nossa “Frost”, acompanhada do Sérgio e do Moita. Seguimos os cinco.O dia começou a melhorar e como a descer todos os santos ajudam, começamos a conseguir rolar mais. Havia trilhos já praticamente desfeitos, pois já lá tinha passado muita gente, e aí preferimos descer de lado, agarradas a galhos (abençoadas luvas!), de rabo, valeu tudo!.

 Quando chegámos ao último abastecimento, que era só de líquidos, cruzamo-nos com os primeiros que vinham dos 33km. Lá iam eles, a descer como se fosse uma coisa fácil... Talvez um dia!

 

Passadas 4 horas chegámos! Fomos as últimas, está claro, mas também foi o meu primeiro trail e não foi nada meigo para uma primeira vez.

Na chegada estava o nosso campeão, o Stefan que infelizmente se lesionou, e o sempre simpático Luís Moura, a dar aquele apoio. Ah, e claro, o pai do Pedro Tomás Luiz que tem mais de 60 anos e fez em pouco mais de duas horas o mesmo percurso dos 17K...

 

 

Cheguei rota, com lama dos pés à cabeça, mas feliz. Mais uma prova superada! Estou orgulhosa de mim, tornei-me numa pessoa mais forte física e mentalmente. Será o primeiro de muitos, adorei esta experiência.

 

A organização está de parabéns, estava tudo sem falhas a meu ver. Até tive direito a massagem desportiva. E um especial obrigado ao Sérgio Leal e ao Jorge Moita pela infinita paciência de nos acompanharem e pelo apoio. Sem vocês tudo teria sido mais difícil.

 

 

Review: Adidas Supernova Riot 5: quem feio ama...

Por Filipe Gil:

 

Vou começar esta review pela negativa. Os meus Adidas Supernova Riot 5 são feios! A sua cor cinza, com uns pequenos apontamentos cor de laranja, é monótona. São as sapatilhas mais low profile que já vi. Passam despercebidos ao lado de outros modelos mais coloridos de outras ou da mesma marca.

 

Mas esse é talvez o único defeito que encontrei neste modelo. Tudo o resto tem nota máxima. Lama, piso escorregadio, conforto, leveza são terrenos e condições que este modelo trata por tu, e com distinção.

 

Ora vamos por partes. A quem serve este modelo? A corredores pronadores, e que necessitem de algum apoio durante a corrida, ponto! Os corredores neutros podem começar a ficar com inveja, porque o resto do texto são só elogios a este modelo.

 

Sou da opinião que os melhores ténis são aqueles que não se sentem. Têm de lá estar, mas quanto menos os sentimos e quanto menos pensamos neles melhor, é porque funcionam como a perfeita extensão do pé. E fui isso que senti nos 33K do Louzan Trail (posso escrever 33 novamente?).

 

Em terreno solto (embora não muito solto), em lama ou em pedras este modelo da marca germânica portou-se imaculadamente. Com o passar dos quilómetros fui-me adaptando cada vez a eles, e quando queria deslizar, fazia-o com facilidade, quando queria prender a passada, igualmente, quando pisava pedras mais salientes o conforto e a proteção lá estavam. A sola da marca Continental (sim a mesma dos pneus) é capaz de ter aqui, neste modelo, o seu expoente máximo de usufruto.

 

Apesar de feios (já escrevi isto, não já?) comecei a gostar cada vez mais deles e, tivesse eu mais experiência em trail, tinha “puxado” mais por eles, sobretudo nas descidas onde a minha coragem é (ainda) muito pouca.

 

Nas subidas em pedra, sobretudo na subida para o Trevim (quem fez o Louzan Trail não esquece este nome tão cedo) portaram-se excelentemente – é uma subida com 40% de inclinação e mesmo depois de ter chovido meio dilúvio, e das pedras estarem molhadas, não senti, uma única vez os pés a derraparem. É obra!

 

Esqueci-me de escrever que este trail começou com uma passagem por diversas ribeiras baixinhas. E molhei o pé, várias vezes. Primeiro a medo, depois com mais coragem. A secagem foi rápida. Passados uns quilómetros deixei de sentir os pés molhados. Apenas quando choveu muito – como indiquei acima – é fiquei com alguma água ou humidade nos ténis e que demoraram a secar. Estranho. A água que entrou pelos lados secou rapidamente, a que veio por cima demorou a secar e corri uns quilómetros com aquela sensação de barulho nos pés. Ainda temi que arranjaria uma bolha com a brincadeira, mas nada. Pés e unhas bem tratados, apesar da sujidade que ainda hoje, três dias e várias lavagens depois, ainda persistem...

 

 

Confesso que já tinha ficado bem impressionado nos testes que tinha feito em Monsanto e quando falei com o Ricardo da Pro Runner (ler aqui) mas tinha a secreta esperança de poder dizer mal deles: sobretudo porque são feios e tinha olhado para outros modelos, desta e outras marcas com o intuito de "um dia ponho estes Riot de lado".

 

Mas, como se costuma dizer, "quem feio ama, bonito lhe parece". E hoje em dia, depois de terem sido os meus fiéis companheiros do meu primeiro trail, estou rendido e já olho para eles como os meus parceiros ideais de futuros trails. E não os penso trocar nem em colocá-los de lado, aliás só penso em numa coisa: espero que não se gastem depressa!

Uma última nota diretamente para a Adidas: Ai de vós que descontinuem este modelo! Ai de vós….

 

Ficha Técnica:
Modelo:Adidas Supernova Riot 5
Tipo de piso: Trail
Preço: 95€ na loja online da Pro Runner
Nota: sola da Continental