1ª impressão Puma Ignite
Por Filipe Gil:
Fiz os primeiros 10 quilómetros com os Puma Ignite na passada segunda-feira, em terreno plano, de Algés à Ponte 25 de abril. Aqui apanhei pisos diferenciados, desde a “pista” de alcatrão, à calçada portuguesa, etc. Um caminho excelente para experimentar e testar sapatilhas de estrada.
Os primeiros 15 minutos com os Ignite foram insípidos. Talvez por ter demasiadas expetativas, talvez porque tinha na cabeça aquela ideia de reatividade e velocidade instantânea prometida pelo marketing da marca, mas confesso que nos primeiros 15 minutos de corrid não senti nada. Apenas uns ténis confortáveis - e atenção que como são ténis para corredores neutros, substituo as palmilhas originais pelas minhas palmilhas para pronadores. Ganho em estabilidade mas perco em amortecimento. Mas mesmo assim, confortáveis
Senti um drop mais elevado do que alguns modelos que tenho estado a experimentar. Segundo a Puma este modelo tem 11.8 mm de drop. Senti também aquela peça mais dura que a sapatilha tem no calcanhar e que, também segundo a marca, serve para uma maior reatividade em conjunto com a espuma da sola desenvolvida pela BASF. Às tantas percebi que, se o estava a sentir, era porque estava a aterrar o pé com o calcanhar. Tentei corrigir a passada, e tentei pisar com o meio do pé. O que resultou.
A partir de uma certa altura, depois de ter aquecido, comecei a correr um pouco mais rápido. E aí a sola faz diferença. Nota-se a tal reatividade. Mas não esperem passar a correr aos saltos. É algo simples, muito simples, difícil de explicar, mas que está lá. É um efeito um pouco à semelhança do que se sente com os Boost da Adidas - perdoem-me ambas as marcas, mas a comparação é inevitável. Tal como se compara, por vezes, o "gel" da Asics com o "air" da Nike.
Percebi claramente que é uma sapatilha para estrada, para velocidade, mas com conforto. Pela minha experiência diria que será ideal para a distância da meia maratona e terá um comportamento muito bom em provas de 10 quilómetros. Isto não quer dizer que não sejam boas para distâncias maiores, mas como nunca ultrapassei os 21 kms em estrada, não sei do que estaria a falar. Gostei do material duro de parte da sola que, ao que parece, garante uma maior durabilidade.Ainda bem.
No segundo treino, também de cerca de 10 quilómetros, fiz subidas. São treinos em que não ganho muita velocidade, mas onde há trabalho de força. E, mais uma vez, gostei muito do comportamento dos Ignite. Aqui a sola fez-se sentir também, tornando a passada mais serena e mais calma, mas o pormenor que mais me interessou foi a sua leveza. São mais leves do que aparentam ser.
O que gostei menos foi a língua dos ténis. É curta, e apesar de estar cozida ao resto da sapatilha, o que é bom porque não dança, é curta e os atacadores vão para cima do peito do pé, o que requer algum cuidado ao atar para que fiquem mesmo em cima da tal língua e não fricionarem o pé com o andamento.
Em suma, nestas primeiras impressões, e apesar das expetativas estarem muito altas, gostei da sensação que as sapatilhas me proporcionaram. São ténis bem construídos, bem pensados. E estéticamente são diferenciadores, bonitos e têm muita "pinta". Ainda não sei quais as cores que veem para o mercado nacional, mas a marca devia perceber que os corredores gostam de combinações estéticas diferenciadoras. O que há mais por aí são ténis pretos e cinzentos.
Apesar de estar a gostar e de, sinceramente, me ter trazido de volta alguma alegria em correr em alcatrão, tenho uma teoria com todas as sapatilhas: até aos 10 quilómetros é rara a sapatilha que seja má, a partir dos 14 quilómetros é que se separam as águas.
Assim, num próximo treino vou levar os Ignite a passear mais quilómetros para ver do que realmente são feitos. E para vos contar a experiência aqui.
Como se diz em inglês: so far so good! E em grande estilo! De acordo com a Puma, os Ignite irão chegar ao mercado nacional em meados de Março. Até lá, a informação em primeira mão é aqui no Correr na Cidade.