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Correr na Cidade

Tire todas as dúvidas sobre o Azores Triangle Adventure

 

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 Foto por Paulo Gabriel

Já falta pouco para o Azores Triangle Adventure. Nos dias 6 a 8 de outubro as ilhas do Pico, São Jorge e Faial irão receber os mais aventureiros que vão embarcar num desafio repleto de momentos fantásticos e paisagens mágicas. Os treinos aproximam-se do fim e a ansiedade cresce a cada dia. Se estás curioso e te queres juntar a nós nos Açores lê a entrevista ao diretor da prova, Mário Leal, que segue abaixo, e vens connosco de certezinha!

 

Como nasceu e porque decidiram criar o Azores Triangle Adventure?

O Azores Triangle Adventure teve a primeira edição em 2015, mas a sua génese começa muito antes do trail running. Nos anos 90 era comum os jovens açorianos fazerem caminhadas pelos trilhos pedestres, muitas vezes para mostrar a realidade das suas ilhas aos colegas do continente que os vinham visitar. Depois de termos ganho algum know-how com o Azores Trail Run, no Faial, começámos a perceber que tínhamos condições para abraçar um projeto ambicioso mas com muito potencial: inspirar-nos nesses passeios pelas três ilhas do Triângulo para criar uma prova única, que unisse estes três vértices, tão próximos uns dos outros que permitem uma corrida de três etapas em três ilhas diferentes e em apenas três dias, mas ao mesmo tempo tão complementares que oferecem uma experiência única em cada um dos dias de prova. Numa única prova é possível conhecer a paisagem da cultura da vinha, património mundial da UNESCO, e subir ao ponto mais alto de Portugal, a montanha do Pico; bem como as paisagens únicas das fajãs de São Jorge e os vulcões da ilha do Faial.

 

Nesta edição vão existir novidades?  

Sim, este ano introduzimos a possibilidade de os atletas fazerem cada etapa da prova isoladamente. Assim, para além da Triangle Adventure, de três etapas, uma em cada ilha, é possível fazer apenas o “Trail da Vinha à Montanha”, no Pico; o “Trail das Fajãs”, em São Jorge; ou o “Trail dos Vulcões”, no Faial.

 

Como achas que o trail se vai desenvolver nos próximos 5-10 anos? Os Açores têm condições para ser um local de referência nesta modalidade?

Sem dúvida. O trail tem crescido muito nos últimos anos, em todo o mundo e os Açores enquanto região com características excecionais para a prática de atividades de natureza, tanto pelo facto de muitos turistas procurarem o arquipélago para a modalidade, como pelo facto desta estar a ganhar cada vez mais adeptos entre a população açoriana. Os Açores têm mais de 800 km de trilhos pedestres homologados, e existem trilhos em todas as ilhas. São, desta forma, o local perfeito para o desenvolvimento do trail.

 

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O aumento do número de corredores nos trilhos tem impacto no meio-ambiente e na fauna local? E de que forma podemos reduzi-los.

Como qualquer atividade humana realizada no meio natural, o trail running tem algum impacto, mas bastante reduzido quando comparado com outras atividades. Além disso, os praticantes de trail têm, geralmente, uma forte consciência ambiental e de proteção da natureza. As próprias regras da prova promovem um convívio harmonioso com o meio ambiente: por exemplo, qualquer atleta que, comprovadamente, deixe lixo nos trilhos é automaticamente desclassificado. Além disso, durante o briefing as preocupações ambientais são sempre enfatizadas.

 

O que podem os atletas esperar desta prova? Como é o percurso altimetria, abastecimentos, segurança?

Podem, seguramente, esperar uma experiência inesquecível. Trata-se de uma prova exigente, com três percursos bastante técnicos ao longo de 3 dias consecutivos, com a particularidade de sujeitar os atletas a outros fatores que não a corrida mas que também poderão ter um papel decisivo na sua prestação, como é o caso das viagens de barco ou as condições meteorológicas. No total, são cerca de 100 km, com bastante desnível positivo, destacando-se naturalmente a subida dos 2351 metros da montanha do Pico. Os abastecimentos existem, em média, a cada 10 km, e são constituídos pelos produtos habituais, escolhidos para fazer face ao elevado desgaste que os atletas experienciam. Existe a preocupação de aproveitar os abastecimentos para dar a provar alguns produtos da Região.

No que diz respeito à segurança, esta é uma das maiores preocupações da organização, como é natural, uma vez que as três etapas são bastante exigentes, com destaque para a subida à montanha, que pode ser bastante dificultada pelas condições meteorológicas. Nesse sentido, é essencial que todos os atletas sigam à risca o regulamento no que ao material obrigatório diz respeito.

 

Existe algum momento da prova que se destaque? E quais são as principais dificuldades desta prova?

A prova está repleta de momentos inesquecíveis. A parte final da subida à montanha do Pico é épica, pois sobes 1200 metros em 3,5 km. Além disso, não se trata de uma meta no sentido a que estamos habituados, uma vez que, apesar da distância terminar nesse local, os atletas têm depois de descer até à Casa da Montanha, onde poderão então desfrutar do calor do abastecimento, trocar de roupa, etc.  Em São Jorge, destaco também a chegada à meta, na Fajã dos Cubres, recentemente eleita como a melhor Aldeia de Mar na iniciativa “7 Maravilhas de Portugal”, dedicada às aldeias. No Faial, talvez destacar a partida, no Vulcão dos Capelinhos.

 

Que conselhos dão aos participantes? (Calçado, tipo de material obrigatório, roupa?)

É essencial que cumpram cuidadosamente com todo o material obrigatório definido no regulamento. Nesta prova, os atletas entregam-se completamente aos caprichos da Mãe Natureza, e por isso têm de estar preparados para as piores condições meteorológicas que poderão enfrentar. Só assim estarão em condições de desfrutar da prova o melhor possível.

 

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Que recomendações podem dar aos atletas que irão participar na prova por etapas, muitos deles pela primeira vez?

A recomendação mais importante é, volto a frisar, a atenção com o material obrigatório. Também a particularidade da meta na montanha do Pico não ser efetivamente uma meta. Depois, é essencial que façam uma boa gestão do esforço, tendo sempre em conta que estão perante uma prova por etapas. Acima de tudo, espero que aproveitem ao máximo esta experiência, que conjuga as paisagens maravilhosas da natureza intacta dos Açores com a adrenalina e camaradagem próprias do trail. 

 

Uma frase de incentivo aos atletas.

Penso que as imagens das edições passadas da prova falam por si. É uma prova fantástica, e nós estamos ansiosos por receber-vos com a hospitalidade própria dos açorianos, e empenhados em proporcionar-vos uma experiência para a vida.