Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Correr na Cidade

Race Report: Seria possível superar o resultado de Lisboa ?

 

10647051_715309578550376_576508130186080192_n.jpg

Por Luís Moura,

Depois da crew ter ido em peso ao Meo Urban Trail de Lisboa fomos, no sábado passado, a outra etapa do circuito Urban Trail, desta vez em Sintra.


Sintra por si só tem condições do outro mundo para a pratica do trail e deveria ter muito mais visibilidade do que aquela que tem, mas isso é assunto para outro post.

 

Como preparar uma prova de 10km super rápida com uma semana de antecedência ?
Nos últimos 3 a 4 meses tenho andado exclusivamente a preparar os ultra trail e o tipo de esforço, preparação e execução de um trail de 10km super rápido como foi o Meo Urban Trail de Sintra é muito diferente.

Na semana anterior decide reduzir bastante os treinos em termos de distância e fiz 3 treinos em Lisboa, um de 20km em Monsanto e depois 2 vezes de 7,5km no meio do sobe e desce de Lisboa, sempre em estrada e com sapatilhas de alcatrão. Serviu também para medir a "m´squina" antes da romaria a Sintra e o sinal dado pelo coração não poderia ter sido melhor. No entanto, as expectativas para o Meo Urban Trail não eram elevadas, estou concentrado na minha meta: os 80km na Arrábida no dia 16 Novembro. 


Inicio da prova
Depois de termos levantado os dorsais e preparado o corpo e a mente para o esforço, estivemos uns minutos a conversar e a dar conselhos uns aos outros. Sempre interessante ouvir outras opiniões ou perspectivas para o mesmo assunto e como efectivamente o trail evolui nos últimos 3 anos. Por esta altura estava um pouco apreensivo,  a preparação para um evento tão curto e rápido não foi de todo a melhor, mas naquela altura e depois do convite aceite havia de aproveitar o máximo o ambiente e o traçado. 


Pelo que pude estudar no site da prova, o percurso tinha 2 zonas distintas com muita dificuldade e o resto serviria para "recuperar" o fôlego.


Tal como em Lisboa, e dado ao estrangulamento previsto no percurso, sair na frente era fundamental e iria condicionar toda a prova. Dado o tiro de partida e saímos todos de "canhão". Passei na partida com 2 segundos de prova, o que se provou mais à frente ser o mais acertado como estratégia. Entretanto tinha avisado outros corredores para terem atenção à subida do castelo e como este seria um factor decisivo fazer uma excelente gestão do ritmo na subida.


Para não variar andamos uns 100 metros a ultrapassar pessoas que iam a 5/km, e que devem ter um gosto gigantesco em sair na primeira linha da frente... deve ser "uma cena fixe" como alguém costuma dizer.Quando chegamos à primeira subida, nas traseiras do Palácio de Sintra, o pelotão começou a alongar. Nesta altura disparou o primeiro km no meu Garmin: 3:28 min ao quilómetro.

 

Primeira zona difícil
Ao fim de pouco tempo, passamos novamente em frente ao Palácio onde estava muita gente a assistir e a incentivar, juntamente com os da caminhada que sairiam para a sua prova passado uns minutos. E, um pouco mais à frente começou a subida para o castelo. Quase a meio da subida, ainda na zona com "pouca" inclinação, o GPS avisa para o segundo quilómetro: 4:49/km. Daqui para a frente foi empinar o corpo, reduzir a rotação e subir.

No terceiro km, e depois de passar por 2 atletas, no inicio do castelo o Garmin apontou uma média de 7:44/km. Foi muito complicado subir tantos degraus antigos e com grande distância entre si. Subi mais um pouco até às portas do castelo e depois comecei a descer para o Largo S.Pedro.

Só que em vez de irmos a direito como no percurso do BES Run, andamos às voltas ao longo da descida, usando apenas uma parte da descida demoníaca naquela zona. Ao chegar ao largo, os últimos 2 kms marcaram 4:03 e 3:59/km. Depois foram cerca de 2km a bom ritmo com algumas escadas o que deu para relaxar um pouco e recuperar fôlego para a parte final. Por esta altura já vinha há algum tempo a correr sozinho.

 

Ultima parte da prova
Do km 6,5 até ao 9km foi quase sempre a descer, com uma média de 4:05/km segundo o Garmin. A temperatura estava óptima para a pratica da corrida e o traçado era muito interessante, com mistura de escadas e estrada alcatroada, e muita curva rápida.

 

Quando chegamos perto do km 9,1 começou a subida final. Foram cerca de 100 metros de acumulado positivo em pouco mais de 600 metros percorridos, o que demonstra o quanto custou subir aquelas escadas. Aqui a vontade foi abrandar e gerir esforço, pois tenho uma prova grande daqui a 3 semanas e é para ela que estou a trabalhar. 


Quase a chegar à meta a organização "fez-nos" andar cerca de 300 metros entre casas antigas, sempre às curvas, e com muita gente a aplaudir e a incentivar. O que é sempre bom! Até que chegamos ao topo, passamos ainda pelo Palácio e cruzamos a meta.


Sensação esquisita quando passei o pórtico da meta e me deram uma garrafa de água. Os 20 metros que estavam à minha frente estavam quase vazios e estavam lá poucos atletas. Uma jovem da organização tinha dito que estava em 13º lugar na classificação e ai fez-se luz do porque de estar pouca gente ali. Sentei uns minutos e descansei na escadaria. Bolas, que sensação!!!

Diploma de participação
Participação da Crew
Entretanto foram chegando os restantes elementos da crew, e todos eles com um misto de cansaço, respeito e alegria bem patentes nas várias caras. A prova correu bem a todos os elementos da crew, alguns a chegar com um ritmo bem acima do que acreditavam ser possível antes da partida. Outros como a Bo Irik, ainda a recuperar do Ultra Trail Lousã, a rolar a um ritmo mais controlado.


O encanto do trail é esta sensação generalizada de se sofrer bastante durante as provas mas sempre com um sorriso e uma vontade imensa de andar mais e mais. Dentro de limites, do bom senso e na maneira como abordamos o trail, é umas das actividades que mais retorno dá ao nosso cérebro. E nestes eventos temos que gerir muito bem o esforço do inicio ao fim e não deixar a nossa vontade inicial de andar muito depressa levar a melhor. Se na estrada isso provoca pagar caro nos últimos km, nos trilhos a factura é enorme e normalmente faz mossa.

1932261_715313401883327_2820789051270324019_n.jpg

O evento
Esta prova do Meo Urban Trail provoca um misto de sensações contrárias.O traçado de Sintra esteve top, o único abastecimento no castelo foi quase suficiente, mas um segundo no largo de S.Pedro não tinha prejudicado ninguém. Tivemos direito a todos os tipos de pisos, desde alcatrão, calçada, paralelos, trilhos e muita escuridão...


Parece-me, e é consenso geral, que o preço que pedem para as provas é um pouco elevado para o retorno visível que temos. Duas garrafas de água, uma pêra, um frontal barato e uma t-shirt não justifica o preço elevado da prova. Por outro lado, todas as sensações vividas antes, durante e depois da prova, fazem quase esquecer este "pormaior".


Sapatilhas Salomon X-Scream
Corri com umas Salomon X-Scream que escolhido devido ao tempo estar seco, e vieram a revelar-se uma excelente escolha. Tirando um pequeno traçado a descer com muita pedra, o comportamento delas foi bem acima das minhas expectativas. Em mais de 100 km no meio de Lisboa tinha ficado com algumas duvidas com o suporte ao pé e a tracção em pisos mais dúbios, mas em Sintra estiveram "Top".

Espero que se divirtam tanto a correr como acontece comigo. A corrida, e o trail em especial, é um sitio de autoconhecimento e de aprendizagem continua. O bem estar deverá ser sempre a nossa meta e isso é o mais importante no meio de todo este turbilhão de emoções por que passamos constantemente na corrida.

Divirtam-se e já agora venham correr com a crew no dia 9 Novembro a Casaínhos e no dia 16 Novembro no Ultra Trail da Arrábida