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Correr na Cidade

Race Report: GP Natal!

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Por Filipe Gil:

 

Um aviso aos leitores – devo-lhes isso- se pensam que vão ler um trecho de texto inspirador, cheio de aventura de feitos e de glória, estão errados. Esta é um post simplista da minha race report da corrida do Grande Prémio do Natal. A primeira corrida que fiz sem dores desde março. Exato, nove meses disto. Um inferno.

E se tivesse que escolher uma palavra para classificar o meu sentimento até ao final da prova, só há uma: Medo!

 

A partir do quilómetro 5 comecei com medo de voltar a ter dores no joelho. O mesmo se passou nos quilómetros seguintes até pisar a linha da meta. Mesmo nestes últimos metros, na descida da Avenida da Liberdade, estava hiper atento a ver se me doía qualquer coisa. Tive uma leve impressão ,que me vinha a acompanhar desde o Marquês de Pombal, e stressei um pouco. Mas era, e agora, várias horas depois da corrida, tenho a certeza: apenas medo!

 

Falando da prova em si, deixou-me feliz. Não só porque voltei a correr sem dores – já o tinha dito quando fiz a Corrida do Sporting, mas tal não foi verdade. Nessa corrida do clube de Alvalade, a cada descida ou subida nos túneis da Avenida da República sentia o tendão do joelho a puxar. Não era dor, mas uma impressão. No GP do Natal não senti nada.

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Agora sim, a prova. Irrepreensível. Tudo bem marcado, quilómetros, portais de passagem e até a inovadora solução (pelo menos para mim), de um saco gigante para acertarmos em andamento com as garrafas de água que já não queremos usar mais. Este GP do Natal, organizado pelo Maratona Clube de Portugal – em conjunto com a TVI e a EDP, tem tudo para se tornar, a par da São Silvestre de Lisboa e do Meo Urban Trail numa das melhores provas de 10Km organizadas em plena capital portuguesa. Todos, na crew, ficamos com a sensação que iremos voltar à mesma prova em 2016. 

 

Voltando à minha prova. Arranquei bem, mas ao 3º quilómetro o meu corpo relembrou que, sem treino, sem sacrifício, sem fechar a boca – coisa que raramente faço nesta altura do ano - as coisas ficam muito mais difíceis. É isso que aprecio na corrida, é algo honesto, não dá para mentir. O certo é que tenho treinado muito pouco, raramente não páro a meio do treino, ora para beber água, ora para fazer uma "festa" ao joelho. Ora tudo isto, e o tal medo que já aqui falei foram suficientes para me tirar a vontade de apertar um pouco com a corrida . E também uma valente tosse que se apaixonou por mim nos últimos dias e que me faz tossir como quem ladra. Mas, mais uma vez, estivesse eu em forma, e a tosse era um pormenor.

 

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Assim, por muita vontade que tivesses em correr forte, tanto o Pedro Luiz, o Tiago Portugal, o Rui Pinto e o Nuno Espadinha, zarparam para longe de mim, como era de esperar. O Tiago ainda veio aqui e ali dar-me apoio, mas insisti para seguir à frente e não estragar a sua corrida.

 

É mesmo estranha esta sensação de (ainda) debilidade. Recordo-me de, em janeiro passado, me sentir quase invencível. Acordava aos domingos às 7:30 da manhã e ia correr três horas para Monsanto, à chuva, ao frio e ao vento. Não me constipava, dormia bem, sem problemas respiratórios, sentia-me magro e forte, quase como se tivesse 30 e poucos anos. Passado quase um ano, sinto-me "quarentão",lento, mais gordo e pesado e com medo das lesões. Está, verdadeiramente, na hora de volta à boa forma.

 

Mas este GP do Natal foi mais importante que isso tudo. Não só porque voltei a fazer uma prova em conjunto com a minha mulher  e corri ao lado (atrás e à frente) da minha crew. E voltei a sentir-me saudável. Feliz. Sem dores. Parece que é desta que a "coisa" entra nos eixos. Mal cheguei a casa e banho tomado, fiz 30 minutos de alongamentos específicos e, passadas umas horas, não há sinal de dor. 

 

Aqui uma nota de agradecimento. Encontrei algumas caras conhecidas que me perguntaram pelo joelho. Como sou péssimo na relação cara/nome os meus agradecimentos a eles todos. E foi com conversa de lesionado que acabei o meu 1º GP do Natal ao lado do David Silva, elemento do Correr Lisboa. Falamos dos nossos joelhos mancos, e da paciência que é necessário para este tipo de lesão e da certeza que em breve, noutras provas, estaremos a competir para outros tempos. 

 

E pronto. Acabou. Foi uma corrida feita com medo, em que não quis “puxar” porque...sinceramente não conseguia mais. Mas fiquei com o sentimento que, com calma, parece-me que as coisas se estão a compor e que em breve posso voltar aos meus 50/51 minutos aos 10km. O que para mim é Top! Acabei a prova feliz. Tanto, que mal tive um tempo voltei ao computador para vos escrever este post. Já não me lembro da última vez que escrevi sobre corrida com um sorriso nos lábios.

 

Boas corridas.

 

 

 

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