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Correr na Cidade

Quatro dias e 100km de superação em equipa

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 Uma das imagens que melhor ilustra a dureza desta prova: para além do percurso em si, as condições climatéricas.

 

Por Bo Irik:

 

Tal como muitos de vocês já devem ter reparado, o Nuno Malcata, Tiago Portugal e eu, participamos no Gerês Trail Adventure, no passado fim de semana (prolongado), em equipa. Ainda estou a digerir a aventura, sim, aventura. De facto, o “Adventure” do nome desta prova faz jus à dureza da mesma, algo que vim a adorar. Para já, segue um resumo de cada uma das quatro etapas, na minha vivência, em termos de percurso / organização, desempenho meu, alimentação e calçado / material.

 

Quatro dias de prova seguidos e com as distâncias e D+ em causa pareciam-me algo impossível. Quando é que o corpo recuperaria? Tinha a certeza que no último dia faria a prova toda a caminhar… mas puxei o limite do meu corpo e posso dizer que os últimos kms da última etapa foram feitos a correr e foram dos melhores e mais inesquecíveis da minha vida.

 

É uma tarefa muito desafiante transcever estes dias intensos em palavras. Felizmente, as imagens ajudam. Para hoje seguem as primeiras duas etapas e amanhã as duas últimas e condiderações finais da minha parte.

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 Os vários elementos do CnC que participaram no GTA'15

 

Stage 1 – 5ª feira dia 30 de abril – 21h00 – 15km -1000D+

 

Percurso / organização: esta etapa, noturna, foi a mais rolante. Com uma altimetria relativamente simpática, ao km 7 encontrámos vários lances de escadas, desde a barragem do Rio Cávado até ao cume da colina a Oeste da Vila do Gerês, com um total de 2000 degraus, segundo quem sabe, o Quim Sampaio. A prova tinha apenas um abastecimento, o qual decidimos saltar, pois estávamos com um bom ritmo. Paisagens muito giras à volta da barragem, com uma passagem por água que originou um breve engarrafamento - ótimo para conhecer alguns dos nossos co-aventureiros. Na minha opinião, esta etapa tinha muito alcatrão, mas confesso que foi bom para “aquecer” para a dureza que nos esperava nas etapas seguintes.

 

Desempenho: Início rolante graças ao percurso simpático, primeiro por zonas habitadas e depois ao longo da barragem. Sentia-me bem e propus nem parar no abastecimento. Comi e hidratei antes da grande subida, mas esta custou-me de facto muito. Duas mil escadinhas seguidas são muuuuuitas e posso dizer que esta subida para mim foi a mais dura da prova toda. Vá lá que a meio deste inferno se encontravam alguns elementos do Grupo Folclórico local para animar o pessoal numa noite com chuva non-stop. Segundo o Strava, em 2 km, subimos mais de 400m, o que vim a sentir nos gémeos e nádegas nos dias seguintes :p Mas o que sobre também desce e a descida de volta à Vila soube que nem ginjas. Sempre a abrir, na companhia, por vezes só do Tiago e Nuno, e a luz dos nossos três frontais. Adorei.

 

Alimentação: Massa ao almoço, bifanas ao lanche, 1 gel Biotech, água, Fast Recovery da Gold Nutrition e massa na Pasta Party.

 

Calçado / material: Merrell AllOut Peak e mochila Raidlight Olmo pequena. Não larguei os bastões e foi a única etapa onde usei o corta-vento.

 

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 A passagem mais difícil pelo Rio Cávado onde a entreajuda entre participantes e voluntários é bem visível. O senhor ao meu lado é o Presidente de Cabril. Muito agradecida.

 

Stage 2 – 6ª feira dia 1 de maio – 10h30 – 38km – 2000D+

 

Percurso / organização: logisticamente esta prova foi mais chata, pois não começou na Vila do Gerês, pelo que a organização disponibilizou autocarros. A vantagem e podermos explorar outras partes da Serra, a desvantagem – ter que levantar mais cedo. Partimos de uma aldeia muito linda, Xertelo, ao longo de uma encosta com vistas deslumbrantes e passagem por várias cascatas. Se, por um lado, não me importei com alguns engarrafamentos nesta parte da prova porque permitia desfrutar melhor da vista, por outro lado, o nevoeiro e chuva sem parar bloqueavam a vista. Adorei a descida muito técnica com muita pedra, daquelas cinzentas grandes típicas do Gerês, até ao Rio Cávado. A passagem do Rio, como podem ver na foto, foi uma verdadeira aventura. Água até ao peito e impossível de passar sem a ajuda dos nossos co-aventureiros. Quando nós chegamos ao Rio, tínhamos uma ajuda muito especial. Para além do Mauro Gonçalves, estava lá o Presidente do Cabril, Monte Alegre, que nos ajudou na passagem do Rio, e um km depois nos recebeu na sua aldeia com o melhor abastecimento de sempre: pessoas muito queridas que nos ofereceram, para além do habitual abastecimento, croissants e pão acabadinhos de sair do forno, chouriça, presunto cortado no momento, sopa e até chanfana! Foi sem dúvida um dos momentos altos da prova. De resto, o percurso teve uma subida relativamente longa mas que fiz bem, a aprender com as dicas do mestre Quim Sampaio, e uma descida até a Vila, onde já sentia algumas dores, mas que a natureza envolvente fez desaparecer (quase).

 

Desempenho: Senti-me muito à vontade na primeira parte mais técnica, com muita pedra e água. Descobri que adoro a vertente “aventura” do trail. Em termos de esforço, ia já a pensar nos 60km do dia seguinte, pelo que fui com alguma calma, mas não demasiada, com a pressão e motivação do Tiago e Nuno. A descida final foi dolorosa e queria muito voltar a repeti-la sem dores. Foi, para mim, a etapa mais bonita, e mais… o percurso mais bonito que alguma vez fiz, embora tivesse chovido sem parar.

 

Alimentação: Pre-Workout da Gold Nutrition (realmente é uma excelente invenção para pessoas como eu que têm problemas de "arranque" de manhã....), 1 gel Biotech, 1 gel Gold Nutrition, 1 barra de frutas da Aptonia, sopa, batatas fritas (muitas!), água, isotónico, Fast Recovery da Gold Nutrition e massa na Pasta Party.

 

Calçado / material: Merrell AllOut Rush e mochila Raidlight Olmo grande. Mais uma vez, não dispensei os bastões.

 

Amanhã há mais... Entretanto continuo com um sorriso contínuo na cara que nem deixa transparecer a dor nos tornozelos... :)