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Correr na Cidade

Lesões no Desporto - 2ª Parte

Depois da 1ª Parte do Artigo, apresentamos agora a 2ª Parte.

 

Por Pedro Ribeiro Gomes (triatleta profissional)

 

Periostite/Canelite

 

A periostite ou canelite é a uma inflamação do periósteo e é uma das principais lesões em corredores inexperientes ou atletas que aumentem a intensidade e volume de treino subitamente. Esta inflamação reflete-se em dor na zona inferior da tíbia (antes do tornozelo) e nos casos mais graves pode levar a uma fratura de esforço da tíbia. Com efeito, o periósteo inflamado perde a sua capacidade de absorver a vibração do impacto do pé no chão o que significa que estas “ondas de choque” são transmitidas com mais intensidade para o osso. Se correr com uma periostite em superfícies duras como a estrada, calçada, ou cimento o aparecimento de uma fratura de esforço é quase inevitável.

 

Como prevenir?

 

Um bom calçado de corrida volta a ter muita importância na prevenção desta lesão. Contudo, excesso de peso e / ou aumento súbito da intensidade e volume de treino podem ser catalisadores desta inflamação. Procure superfícies moles para correr, bem como aconselhamento profissional no seu planeamento de treinos.

 

Tratamento

 

Embora a técnica R.I.C.E. (Rest, Ice, Compression, Elevation) funcione bem em todas as inflamações, no caso de uma periostite é efectivamente o tratamento perfeito. Repouso, exercícios de fortalecimento, alongamentos (sem excesso!) e um retorno gradual à actividade - após a dor desaparecer – trata as periostites mais simples. A fratura de esforço é, quase sempre, uma consequência directa de negligência a uma periostite, por isso caso desconfie que sofre de uma deverá consultar um médico sem demora. Perante uma fratura de esforço deverá ter-se muita paciência e é melhor anular a inscrição nas próximas provas.
Para prevenir o reaparecimento deste tipo de inflamações uma análise biomecânica da sua postura e passada pode vir a ser muito útil.

 

“Joelho de corredor”

 

O Síndrome da Banda Iliotibial é uma lesão tão comum em corredores que é por muitos simplesmente apelidado de “joelho de corredor”. Segundo as estatísticas cerca de 10% dos corredores são afectados por esta lesão em algum momento da sua carreira. Regra geral, sente-se uma dor na zona exterior do joelho, dor esta que pode “irradiar” até à coxa ou para o tornozelo. A dor surge durante a actividade física e pode acalmar nos períodos de descanso, embora, em alguns casos possa causar desconforto no seu dia-a-dia, por exemplo, a subir e descer escadas.

 

Como prevenir?

 

Esta lesão deve-se, pura e simplesmente, a um excesso de treino.
Uma vez mais, deverá procurar aconselhamento profissional no seu planeamento de treino e aumentar gradualmente a carga de treino. Um aumento súbito da carga de treino leva a uma sobrecarga dos tecidos moles do seu corpo antes de estes estarem devidamente preparados para o efeito. O alongamento dos “Gluteus Medius” e do músculo tensor da “fáscia lata” após os treinos é um simples procedimento que pode adoptar para evitar o aparecimento desta lesão. Novamente, os pronadores excessivos são os mais afectados pelo “joelho de corredor”. Na minha opinião, os ténis de corrida com a referência “Motion control” podem, de facto, ajudá-lo a prevenir o joelho de corredor, pois previnem o excesso de pronação, e são bastante eficazes quando o seu problema é biomecânico.

 

Tratamento

 

O “joelho de corredor” que não é mais que uma inflamação da mencionada Banda Iliotibial pode ser tratado de forma eficaz numa fase inicial com gelo e anti-inflamatórios não esteroides (prescritos por um médico). Sessões de fisioterapia podem ou não ser necessárias, porém, se optar por consultar um fisioterapeuta, não só o processo de recuperação se torna mais eficiente e rápido como o terapeuta pode ajudá-lo a corrigir problemas de postura e alinhamento do seu corpo assim como orientá-lo com alongamentos e exercícios que podem melhorar o seu problema.
Em todas as lesões que mencionei – e não só - o aumento súbito da carga de treino e/ou correr com calçado inadequado são os principais factores de risco. Em todos os casos de inflamação, a técnica R.I.C.E. é bastante eficaz e pode fazê-lo em casa. É preciso contudo saber distinguir o tipo de problema que nos assola. O gelo é quase sempre nosso amigo exceto no cenário de uma contratura, onde este deve ser substituído pelo calor.

 

Em conclusão, sendo um corredor novato ou experiente nunca se deverá ignorar uma dor persistente, ou deixar de dar atenção aos primeiros sintomas / sinais do nosso corpo. Este cuidado poderá evitar lesões graves, cujo tratamento é mais complicado e demorado. Na realidade, ainda que não se interrompam os treinos de imediato é importante consultar um especialista (fisioterapeuta ou médico) que melhor o possa a aconselhar em quais serão as melhores medidas a adoptar para resolver o problema.