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Correr na Cidade

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Estávamos a meio do mês de Fevereiro, quando surge oportunidade de participar no II Trail de Almeirim, na altura pensei: tens aqui a oportunidade de “matar o monstro” da tua última experiência nos 30km em trilhos. Aceitei o desafio e comigo várias mulheres da Crew decidiram participar.

 

Devo confessar que na altura estava a passar por um processo difícil a nível desportivo. Felizmente não tinha lesões, mas a vontade de treinar era escassa. Sabia que tinha de treinar, até porque tenho diversos desafios para este ano, mas quanto mais pensava nisto menos vontade tinha de fazer seja aquilo que fosse. Dei por mim a falhar um mês aos treinos de natação, treinos esses que faço sem obrigação.

 

Início de Março e com o novo mês, nova vontade de treinar mais à séria para me preparar para os 30km Almeirim. A motivação começou, falar com outros que já a tinham feito e diziam bem da prova, aumentava a vontade de treinar. Não posso negar que tenha sido só isto, o meu espírito de competividade acordou e dei por mim a ser regular nos treinos de corrida, natação e reforço muscular.

 

Chega o dia tão esperado, 5:30 da manhã toca o despertador, era tempo de me despachar para apanhar boleia junto daquelas que também iam fazer a prova. Acho que foi a primeira prova que planeei tudo, sabia os abastecimentos de cor e salteado, gráfico altimetria na cabeça, planeei a ingestão de sólidos e líquidos, o tempo que queria estar em cada abastecimento e o mais importante queria ter a cabeça sem pressão no tempo que urgia.

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Uma hora e pouco estávamos em Almeirim, estacionamento bem perto do local partida, levantámos os dorsais sem grandes demoras.

O kit de participação era composto para além do dorsal, uma Tshirt técnica do evento, um pacote sumo Compal, diversos flyers de provas, uma unidose de mel de abertura fácil da marca iellow, uma revista Sport Life e uma senha que nos daria acesso ao almoço depois da prova.

Gostei do chip de controlo usado pela empresa Offcrono, podia ser usado no pulso, mas como muitos outros optei por usar preso no meu colete de autosuficiência.

 

Entre cumprimentar amigos e caras familiares nestas andanças, lá saiam uma fotografias entre palhaçadas, muito importante para animar aquele momento.

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Começa a aventura, fitas azuis e brancas deliniavam aquele que ia ser o caminho a percorrer dos 18 e 30km. E claro, raro é o trail que não tem início a subir, este não foi excepção. Aliás este trail foi sempre um carrossel de sobe e desce, raros foram os momentos que me lembre de correr em trilho plano, mesmo quando estávamos dentro dum imenso pinhal. Diversidade no terreno, não esperava correr em areia, que dificulta um pouco as coisas, mas gostei imenso.

Ao longo do percurso iam surgindo alguma placas com muito sentido de humor, em especial nas subidas.

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Fotografia de David Clemente 

 

Relativamente à marcação de percurso, sei que houve várias pessoas a enganarem-se no percurso, foi o caso da Liliana Moreira que iria fazer os 30km e acabou por fazer o percurso do trail curto de 18km. Aconteceu também à Natália Costa, que depois de andar perdida, acabou por completar o percurso mais longo. Na verdade haviam muitas fitas a indicar o caminho, apesar de em alguns locais a metodologia não ser mantida, fitas à direita como à esquerda, suficiente para uma pequena distração gerar enganos.

 

Os abastecimentos foram simplesmente magníficos, desde o primeiro ao último, mantendo a variedade tanto de sólidos como de líquidos. Desde fruta, grande variedade de frutos secos, tomate com sal, tostas que podiam ser barradas com manteiga de amendoim ou Nutella, cubos de queijo e de marmelada e chouriço. Para além de sumos Compal, Coca-Cola, bebida energética e águas à discriminação.

 

O tempo passava, ia fazendo o melhor que sabia e usei tudo aquilo que ouvi do meu coach João Gonçalves no dia anterior, mantive a calma, disfrutei do percurso e de algumas companhias que foram muito poucas. Foram basicamente 30km sozinha com os meus pensamentos.

Tinha como objetivo terminar antes das 4h30, a certa altura olho para o relógio e durante 5km acreditei que podia acabar abaixo das 4h00, mas ainda não foi desta.

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Tinha o João Gonçalves à minha espera no km 29, aquele que me treinou para fazer esta prova, aquele que me deu na cabeça quando falhava aos treinos, aquele que sabia o quanto era importante para mim fazer  um bom tempo.

Termino 4h11m depois da partida, com a minha Crew a gritar por mim, aqueles que me ajudam a ter força para continuar a treinar.

 

Depois destas horas de esforço, merecemos um banho bem quente e um belo almoço, a tão falada sopa da pedra acompanhada com um pão tipico região com bifana e claro de sobremesa um pampilho.


Por fim, gostava de deixar uma sugestão à organização, apesar de achar que a II Trail de Almeirim foi simplesmente brutal, sabemos que o tempo de chegada do último participante é por norma elevada, este merece uma recepção por parte da organização igual ao primeiro a chegar. Não consigo achar piada a certa altura e quando já faltam poucos participantes a chegarem, a organização iniciar a desmontagem do equipamento, deixando o essencial. Isto torna a chegada dos últimos muito impessoal e sem aquele sabor que os primeiros têm, afinal o esforço do último é igual ao esforço do primeiro.

 

Até para o ano...