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Correr na Cidade

Review : Saucony ZEALOT ISO

 

 

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Por Luís Moura:

Nos últimos 12 meses tenho tido a sorte de experimentar diversos pares de sapatilhas, e enquanto anseio mais por uns do que outros devido a expectativas elevadas ou experiências passadas com modelos parecidos, o facto é que ás vezes é difícil de olhar para um modelo 100% isento.

 

Isto passa-se com estas ZEALOT. As expectativas que tinha para estas sapatilhas eram enormes já que tinha feito 900km com as minhas GUIDE 7 e para mim foi uma experiência do outro mundo. Foi por isso, que entrei nesta aventura de experimentar as ZEALOT ISO em treinos mais regulares ou compridos com muita, muita expectativa em cima dos ombros.

 

 

DESIGN

Para mim a Saucony tem sempre modelos "engraçados". Penso que têm a capacidade de agradar à maioria dos atletas com um estilo de corte tradicional ao mesmo tempo que aplica tecnologias e sistemas de amortecimento novos. As ZEALOT tem uma cor muito brilhante, muito clara, o que lhe dá uma visibilidade enorme, quase puxando os olhos para elas devido ao laranja forte que domina a parte superior. E aquele corte lateral com o símbolo disfarçado da Saucony dá-lhe um ar mais agressivo.

 

Os atacadores são "old-school" e apresentam uma boa qualidade geral e são fáceis de usar. A língua e a "meia" que envolve o pé quase todo está bem conseguido e quase que passam despercebidos visualmente. O pormenor de ter bandas refletoras para os treinos mais ao final do dia ou mesmo noturnos é sempre bem vindo para quem precisa ser visto.

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CONFORTO

 

Ao fim de mais de 200km em 2 meses, continua a ser o ponto onde tenho mais dúvidas, pois os sinais que elas dá são muito confusos. Já tenho feito muitos treinos médios de 15/25km pelo meio de Lisboa, indo de vez em quando a pequenos incursões em estradões e no final fico sempre na dúvida.

 

A sapatilha é confortável mas dou conta no final de cada treino a pensar porque me dói aqui e ali, ou porque estou com o pé desconfortável em sitio X.

 

É difícil de descrever, mas enquanto estou a correr apenas as sinto um bocado duras no centro e na estrutura central superior, sendo que a sola ajuda a amortecer os impactos bem. Aliás, a sola PWRGrid+ aumenta em 3mm a altura face a modelos anteriores tentando dar um máximo de conforto enquanto se corre. Parecem umas "falsas duras" na parte inferior, já que num primeiro toque e nos primeiros km's o conforto é menor devido à dureza da borracha.

 

De resto nunca senti desconforto em mudanças de pisos nem quando desço ou subo escadas ou ruas muito inclinadas. Parece-me mais que existe aqui alguma incompatibilidade específica do formato do meu pé em vez da culpa ser das sapatilhas.

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AMORTECIMENTO

 

O amortecimento é médio/médio alto. A sola é um pouco mais dura do que o habitual o que provoca um certo desconforto em algumas situações especificas mas no geral o amortecimento é muito neutro e interessante. Nota-se em algumas situações a altura da sola e parece mesmo que estamos a correr em cima de muita camada de proteção. Essa sensação vai-se esfumando à medida que fazemos quilómetros com elas.

 

Como disse no inicio, consigo fazer treinos de 20km sem quase as sentir nos pés e isso é bom. Apenas diria que em alguns pisos o feedback que recebemos do chão é demasiado filtrado e cria ali um pequena distância entre o que estamos a sentir da corrida com o que vemos no piso.

 

Em alcatrão cumprem muito bem o seu papel de fazer crer que estamos a correr em superfície mais mole do que na realidade é e ajuda um pouco a que não seja tão violento o esforço.

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ESTABILIDADE

 

Acho que neste momento é único ponto onde já não tenho dúvidas sobre estas companheiras de aventuras.

 

São equilibradas e sempre cumpriram com a função de tornar a passada estável e sempre no sitio correto. Mesmo em desvios feitos por estradões em Monsanto, sempre se mostraram à altura do que lhes era solicitado. Dinamicamente são umas sapatilhas interessantes, adaptando-se bem e não deixam os pés fugir do centro da sapatilha.

 

Para ligeiros pronadores como eu nota-se até um bom suporte na parte traseira do pé, apesar de ter sido desenhada para "neutros".

Um ponto que tenho vindo a aperceber-me ao longo destes meses é que de facto a sapatilha vai-se adaptando aos meus pés e algumas sensações iniciais que tinha foram desaparecendo. Existe uma boa simbiose entre a sapatilha a adaptar-se aos meus pés e a minha passada a adaptar-se a pequenas flutuações deste par de sapatilhas perante outros modelos que tenho em casa.

 

O drop baixo de 4mm obriga a pequenas correções na passada para quem como eu tinha o hábito de apenas entrar de calcanhar no contacto com o chão.

 

Mas ao fim de alguns km's penso que naturalmente começamos a mudar a passada e levar um pouco mais para o meio do pé.

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PREÇO

 

O preço normal que é pedido é bastante para os dias que correm. É verdade que a sapatilha tem uma qualidade geral muito boa e é composta por materiais premium, no entanto para o segmento onde se insere o preço normal é um pouco elevado quando comparado com a concorrência que é muito aguerrida actualmente.

 

Quem tiver paciência e/ou sorte de as encontrar em saldos ou promoções pode conseguir apanha-las a +/- 100€ o que as torna nesse contexto num bom negocio.

 

De uma maneira geral e é consensual, as sapatilhas em Portugal tem andado com preços muito elevados para a situação do Pais. Uma boa parte dos corredores neste momento apenas compra as sapatilhas nos saldos ou em promoções e deverá ser um ponto a ser analisado pelos marketings das marcas.

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Conclusão

 

As sapatilhas tem um bom amortecimento e estão dirigidas a corredores com passadas neutras, revelando um bom apoio lateral para quem precisa.

 

São confortáveis, tem bons materiais mas para mim e tendo em conta a expectativa com que entrei no teste, não me convenceram a 100%. Problema de ter entrado com expectativas muito elevadas. São boas sapatilhas de treino diário para quem for um pouco mais pesado ou precisar de um bom suporte para distancias médias/longas. O drop baixo é que pode complicar a passada a alguns corredores visto que tem uma tendência para aumentar o ritmo de corrida devido à posição do pé, o que se torna contraditório quando usado com sapatilhas com muito apoio e "maiores" como esta. O peso reduzido da mesma também é um excelente ponto positivo e vai ajudar imenso nas meias-maratonas ou mesmo maratonas. O sistema ISOFIT tenta de certa forma adaptar a sapatilha ao confortamento do pé enquanto corre, adaptando-se ás características do mesmo. Ao inicio tive algum desconforto na secção dos dedos pequenos visto que a parte frontal tem um corte muito pronunciado, deixando pouco espaço para quem tem dedos compridos.

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Já tive várias sapatilhas que logo ao fim de 3/4km tive sensações e feedbacks que permaneceram iguais ao longo do tempo de vida útil das mesmas, sempre se manifestando sem grandes mudanças. Estas acho que foram crescendo ao longo dos km's, adaptando-se lentamente ao meu pé e ao meu estilo de corrida. Não foi com certeza amor à primeira vista como aconteceu com as GUIDE 7 mas neste momento são boa companhia para treinos médios por Lisboa.

 

Continuo a ter uma certa incompatibilidade entre o formato dos meus pés/minha passada com esta conjugação de drop baixo/muito apoio vertical mas ao fim de quase 250km já começo a adaptar a elas.

O pvp elevado prejudica na altura de optar pela compra das ZEALOT.

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Resumo

 

+ Peso

+ Adaptabilidade ao pé

+ Durabilidade da sola

– Preço

– longa curva de aprendizagem

– existem alternativas dentro da marca mais equilibradas

 

 

 

 

CLASSIFICAÇÃO FINAL

DESIGN: 17

CONFORTO: 17

AMORTECIMENTO: 19

ESTABILIDADE: 17

PREÇO: 13

 

TOTAL: 83/100