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Correr na Cidade

Oh Meu Deus já estou a ver o Horizonte”s” (1ª parte)

 

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Por Stefan Pequito:

 

Bem isto tudo começou há 1 ano atrás, em janeiro de 2014 quando fiz a minha primeira Ultra em Proença-a-Nova com esta família que é a organização da Horizontes,- a quem prometi que faria as minhas primeiras 100milhas com eles. Foi desde aí que em cada treino pensava desse grande dia. Ouvi muitas pessoas a dizerem mal e a desaconselhar-me a prova tudo por culpa do primeiro ano que eles organizaram as 100 milhas, pois foi um mau ano para eles. No entanto, em 2014 “arrasaram” com uma grande prova por isso fiquei convencido! Claro que fiquei com algumas duvidas, é normal. Quis acreditar nesta organização pois já tinha feito varias provas com eles e sei que melhoram de prova para prova. Querem crescer e isso demonstra vontade. Gosto disso!

Então “fechei os ouvidos” e quando abriram as inscrições no final do ano passado inscrevei-me de seguida. Isto, passado uns meses valentes depois de uma MIUT nas pernas. Entretanto, chega Junho e os nervos começaram. Sabia que tinha treinado bem, pois com o Paulo Pires da APT é impossível não treinar bem, mas mesmo assim estava muito nervoso. Eram as minhas primeiras 100milhas. “Oh meu deus” será que ia conseguir?

 

Uns dias antes da prova fui para Proença-a-Nova com a minha família para tentar descansar um pouco. Aproveitei e falei com o vencedor da prova do ano passado, o André Castro. Chegou o dia 5 e lá fui eu para Seia. Cheguei cedo, levantei o dorsal e almocei “a minha” massa com a atum e tentei descansar, mas estava um calor infernal na altura e isso foi complicado. Na altura ainda tinha visto o Paulo Alexandre (o Pai da Criança).´

 

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A hora da partida aproximou e a malta começou a chegar e fomos falando e acalmando um pouco. Chegada a hora no controlo Zero fiquei ao pé do Luis Mota na conversa e a planear a prova (achava eu).

 

Às 16h deu-se a partida para a loucura. Com calor abrasador lá fomos nós atrás do jipe da GNR até à entrada do trilho. A primeira parte até ao abastecimento foram de cerca de 17km de distância. Geri com calma e aproveitei a boleia do David Faustino, o mestre das Ultras. Contudo, aos 8km comecei a sentir uma “moínha” no joelho esquerdo como já me tinha dado no MIUT mas não me preocupei muito e passou ao fim de um tempo.

 

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Durante vários kms fui com o David Faustino, sempre com calma mas a bom ritmo pois até aos 40km no Covão da Ponte sabíamos que ia ser calmo e “corrível”. Chegámos ao Covão e fiquei um pouco mais tempo pois já estava a ficar de noite e quis preparar as coisas todas antes que ficasse escuro. Então, tirei o frontal, o buff e os manguitos para uma bolsa mais acessível. Entretanto chegam a Sofia Roquete e o Lino Luz. Reparei que o Lino não vinha bem e fiquei um pouco lá. Por sua vez, o Faustino já tinha arrancado para tentar aproveitar o resto da luz do dia.

 

Passado uns minutos lá arrancamos, ele, o Lino Luz, mal disposto e eu com um joelho tramado pois a dor afinal ainda não tinha passado. Lá fomos nós com muita calma até Manteigas onde acabámos por reencontrar o Faustino e seguimos juntos por algum tempo.

 

“Chegados a Manteigas e tive o primeiro choque”

 

Esta foi a parte mais técnica sem dúvida. Até Manteigas tivemos de ir com os olhos bem abertos, não por causa das marcações mas sim por causa do terreno muito técnico. Chegámos a Manteigas e tenho o primeiro choque: o Rui Luz tinha desistido, um dos potenciais vencedores teve uma lesão que não o deixou seguir e preferiu parar e não estragar mais (foi sensato), e isso fez-me pensar se devia, também eu, ficar por ali.

 

Entretanto comi um sopa, pão com queijo e chocolate preto e fiquei a espera que o Lino ficasse pronto. Aproveitei e tirei o resto das barras da mala de apoio e umas Oreos (conselho dado por um craque para me motivar). Agora estava diante da primeira grande subida até ao Vale do Rossim. Mesmo durante a noite gostei bastante dos trilhos. Foi pena não ter chegado de dia…

Vale do Rossim é um local onde já tinha estado antes, num evento do Armando Teixeira. Este era um abastecimento onde tínhamos de comer e beber bem pois a seguir seguiam-se 16km até ao Vale Glaciar. Adorei este abastecimento repleto de “tralha” para comer e novamente com gente boa como nos outros abastecimentos - sempre a ajudar no que podem! Este abastecimento tinha ainda a mascote da prova, uma cadela "fofinha", como podem ver na foto.

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Seguimos caminho e penámos um pouco aqui e a meio apanhamos o David Faustino outra vez e fizemos esta zona com ele. Foi a única parte que tivemos alguma dificuldade com as fitas, mas nada de especial pois era o seguir as mariolas e as fitas estavam lá, pois os trilhos passam por ali.

 

Nessa altura comentei com o Lino que algo de estranho se passava. Estávamos na Serra da Estrela às 3 da manhã e estava um calor infernal, abafado. Ali em pleno Vale Glaciar. No abastecimento enchemo-nos com água, fiz o meu isotónico e arrancámos para Alforfa, uma subida mais complicada - técnica e fechada.

Esta foi a única altura em que tive sono, o que vale é que estava a amanhecer. Comi um pouco do gel da Biotechusa que tinha para despertar um pouco, mas a dor no joelho não me deixava adormecer. Chegamos a Alforfa onde estava um abastecimento de água. A senhora que morava por ali foi simpática e arranjou-nos uns petiscos que comemos logo. A mim soube bem mas ao Lino nem por isso.

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A descida até Unhais da Serra: a pior parte da prova

 

Agora vem a parte que menos gostei da prova: a descida de Alforfa até Unhais da Serra. Passámos nuns antigos trilhos de pastores que neste momento era um pasto de vacas alagado por causa da barragem. Corremos durante muitos km com os pés molhados. Estava com plainas mas mesmo assim entrou “areia” e “terra” nas sapatilhas. Nessa altura o David Faustino fica para trás a gerir o esforço, com pena nossa.

 

Em Unhais da Serra mais um abastecimento que gostei bastante. Mais gente super simpática, boa comida na mesa da qual eu me fartei de comer. Já o Lino tentou e até comeu bem. Parecia que ele estava “a voltar”. Ficamos um pouco mais neste abastecimento para recuperar o nosso “poder” e lé fomos para a próxima paragem em Alvoco, onde tinha a mala de apoio.

 

(amanhã publicamos o final desta aventura do Stefan)

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