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Correr na Cidade

Race Report: Albufeira Night Trail

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Ainda o Albufeira Night Trail. Hoje publicamos a race report do Nuno Simões, nosso convidado na prova e que nos relata como lhe correu esta prova.

Por Nuno Simões

 

Antes do Trail

Correr na minha terra e p’ra mais à noite foi mote quanto baste para abraçar mais um desafio desportivo, aliado a uma excelente companhia! O meu companheiro João Dionísio revelou-se, como habitualmente, um bom companheiro de corrida. O facto de esta ser a minha primeira prova de trail parcialmente noturna e o percurso, que não conhecia na totalidade, foram atrativos suficientes para me levar de Lisboa a Paderne, para fazer os 20 quilómetros do INATEL Albufeira Night Trail (a viagem para Albufeira foi feita no próprio dia da corrida). Na semana que antecedeu a prova, os preparativos foram uma preocupação constante, desde os treinos, passando pela compra do material exigido para a prova. 

 

O Dia do Trail

Depois do almoço no dia 13, eu e o meu companheiro João, tratámos de todo o equipamento e zarpámos cheios de força em direção ao INATEL de Albufeira para aproveitar o transporte de autocarro para Paderne assegurado pela organização. Regressar a Paderne, vila onde já não ia há vários anos, fez-me voltar atrás na memória.


Ao chegarmos a Paderne, por volta das 15h00, dirigimo-nos à sede da Junta de Freguesia e de seguida fizémos um breve reconhecimento pela vila. Decorria naquela tarde no estádio do Padernense Clube, o jogo de futebol de seniores Pardenense – Culatrense. A povoação de Paderne integra o Concelho de Albufeira e, nos meus tempos de juventude, era palco de empolgantes dérbis concelhios – Padernense/Guia, terra de onde sou natural.

 

À exceção do relvado, tudo o resto permanecia inalterado no Estádio, onde há cerca de 25 anos eu tinha ali disputado um jogo de futebol. Apesar dos anos passados, foi ainda assim possível reconhecer algumas das caras dos responsáveis do clube local.


Assistir a um jogo de futebol nos distritais é sempre uma experiência vibrante. A forma desgarrada e a fraca contenção verbal com que os locais defendem a sua equipa das decisões do árbitro é algo único! Próximo do bar assiste-se sempre a ricos e interessantes diálogos ao sabor de umas “jolas”. O João e eu saímos do Estádio para o aquecimento, decorria o intervalo do jogo, em que a equipa da casa perdia por 0-1, na sequência de uma grande penalidade. 

O Trail

Pouco passava das quarto da tarde, quando chegava o último autocarro com mais participantes. Antes da partida, houve tempo ainda para cumprimentar alguns amigos e conhecidos da zona de Albufeira. “Nunca corri tão pesado e com tanto material” ouvia-se entre os participantes antes da partida e durante o controlo 0 … 

 

Como previsto, a partida teve lugar por volta das 16h30 e lá fomos nós! O tempo estava fresco e a chuva fazia-se anunciar. Ao passar o Estádio do Padernense, entrámos logo no trilho deparando-nos com o primeiro e o mais difícil obstáculo de toda a prova, uma íngreme ladeira de mais de 1 quilómetro de extensão e que, no meu caso em particular, veio por um travão firme às sãs expetativas de um bom início de prova.


A descida que se seguiu, permitiu recuperar o folego e reequilibrar as energias, colocadas de novo em causa com a subida para o Castelo de Paderne e, onde, para aliviar a carga, deitei por terra todos os líquidos que levava.


O declive da encosta do Castelo e a subida até ao Mato do Escarpão, local mítico da região algarvia, foi de resto a parte mais bonita de todo o percurso, tendo a descida para a Ribeira de Quarteira, um vale de veredas torneando perfumadas moitas (expressão algarvia para arbustos de vários tipos!), proporcionado agradáveis momentos desportivos… Em alguns aspetos a organização primou pela excelência, pedindo aos habitantes locais para prenderem os cães à hora do trail e impedindo males maiores! Há, no entanto, a apontar a grave falha de total ausência de abastecimento ao longo dos 20 quilómetros … espero que não se repita!  

Concluída aquela inclinação, durante a qual o companheiro João deu-me o necessário apoio, a reta do Escarpão foi precisamente a parte da corrida em que melhor me senti, tendo acelerado um pouco o ritmo, numa altura em que caía a noite e o vento e a chuva se faziam sentir com maior intensidade. Das Ferreiras até Albufeira foi um pulo, passando pelos Cortezões e pelos Brejos, embora a falta de líquidos se começasse a fazer sentir!…


À chegada a Albufeira e por locais que na ocasião não reconhecia, prosseguiu-se a bom ritmo, até nos perdermos a uns escassos 800 metros da meta. Todavia, o conhecimento da cidade fez com que não nos enervássemos, seguindo pelo nosso próprio caminho, ainda que mais longo, facilmente chegando à rotunda do conhecido restaurante “Três Palmeiras” e descendo a Avenida Infante Dom Henrique em direção à INATEL. A brisa marítima e o cheiro a maresia que se faziam sentir à saída do túnel da INATEL contribuíram de forma decisiva para um agradável final de corrida, duas horas e cinco minutos após a partida.

 

Nuno Simões:

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João Dionísio:
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Passatempo: quanto te superaste em 2014?

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O ano de 2014 foi, para muitos elementos da Crew do Correr na Cidade, um ano de mudança, de desafios e superação. Quer seja individualmente ou em grupo, conseguimos ir mais além e ultrapassar as nossas próprias dificuldades e dúvidas. Mas ao longo deste caminho não estivemos sozinhos, foram muitos os que nos acompanharam e terminaram o ano com os seus objetivos alcançados.


O Correr na Cidade e a ASICS querem presentear a mulher e o homem que ao longo deste ano mais se superaram. Achas que foste tu? Então envia nos um texto (basta um parágrafo) e uma ou duas fotos que evidenciam o que alcancaste em 2014 para run@corrernacidade.com. Sê criativo, cada um conseguiu grandes feitos!

 

Passaste de sedentário/a para fazer os 10km, correste a tua primeira maratona, iniciaste-te mundo dos trilhos ou perdeste 5kg...


Podem enviar a vossa candidatura até domingo dia 28 e dia 31, quarta feira, anunciaremos os vencedores, que serão votados pelo Correr na Cidade e ASICS Portugal.


A ASICS Portugal gentilmente nos cedeu os seguintes produtos para vos premiar:

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Os prémios são em tamanho M e L, para Mulher e Homem, respetivamente.

Férias e descanso

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Por : Luis Moura

 

Férias !!!!

Faz hoje uma semana deste o ultimo treino. Desde essa altura e até ao final desta semana vou passar por um período de descanso absoluto.

 

Planeamento da época é super importante. Esta que acabei na semana passada começou.... faz esta semana 1 ano! por isso é importante o descanso.

Tenho +3000km este ano feito em algumas provas grandes e muitas meias-maratonas. É altura de parar as pernas por uns dias. E a cabeça. Deixar relaxar o corpo durante um tempo é tão importante como a alimentação ou um plano de treinos mais correto.

 

E este é um dos detalhes que normalmente nos esquecemos. Este ano de 2014 que está quase a acabar, alterei alguns dos meus pressupostos de treinos.

Reduzi o numero de treinos, onde em 2013 era normal treinar 5 ou 6x por semana e comecei a treinar entre 3 a 5x por semana, fazendo mais ou menos os mesmos km com vista ás ultras.

Reduzi a carga em alguns treinos e passei a treinar mais devagar em alguns casos. E nas 2 ultimas semanas antes de provas grandes, reduzir aos poucos a carga e deixar o corpo descansar.

Parecem pormenores pequenos mas o que fez é que o corpo foi descansando mais ao longo do ano e permitiu puxar mais quando era preciso, porque o estado era mais leve.

 

Tenho visto nos últimos meses muitos e grandes amigos dos últimos 3 anos a dar mostras de cansaço ou de pequenas maleitas devido a excesso de treino.

E muitos deles quando dizemos isso, "refilam" connosco e dizem que está tudo bem, que é coisa pequena e na corrida da semana seguinte já passa. Se calhar um descanso um pouco maior ia curar rapidamente esses problemas. é bom colocar carga no corpo, mas com planeamento e a saber quando e aonde o devemos fazer. Fazer 4x treinos por semana em carga e depois ao fim-de-semana ir fazer provas fisicamente puxadas, é meio caminho andado para ao fim de largos meses o corpo começar a ressentir e a demonstrar o seu cansaço.

Isso é nível para os profissionais. Esses sim, com objetivos, treinadores, fisioterapeutas, nutricionistas, etc. Isso é para outro nível.

Descansem mais que o corpo agradece ao fim de alguns anos.

 

Nos últimos 3 meses tive alguns bons resultados em algumas provas não por um ou outro detalhe que tenha mudado radicalmente, mas porque mudei um pouco vários detalhes.

Treinos com mais qualidade, mais focalizados nos objetivos, melhor alimentação, melhor planeamento da carga ao longo de 2/5 semanas antes das provas, melhor planeamento das provas.

 

O conselho que deixo para 2015

Se querem melhorar os tempos nas provas ou se querem aumentar progressivamente os km's que pretendem fazer, treinem muito para cada objetivo que tenham para 2015. Mas treinem bem e em qualidade. Esqueçam os treinos de quantidade e os treinos sociais onde quase que temos pressão para ir. Os treinos sociais tem o seu espaço na nossa vida mas não deve ser a maioria dos treinos. Podemos planear os treinos sociais no meio dos nossos treinos mas não podem ser o grosso dos treinos. Treinar a ritmos muito abaixo da nossa meta é mau para o nosso ritmo a longo prazo. E muito acima também é mau. O equilíbrio é a base de tudo e na corrida também. No meio de 3 ou 4 treinos mais puxados, um treino mais ligeiro na companhia dos nossos amigos é sempre bom.

Aproveitem se querem melhorar. E descansem. Descansem q.b. e deixem o corpo assimilar os treinos e as cargas que lhes metem em cima. Se estiverem parados por longos períodos de tempo ou sem resultados bons, reduzam na distancia das provas. Se custa fazer uma meia-maratona na próxima semana, desçam para os 10km e façam. Daqui a 1 mês ou quando se sentirem melhor, regressam ás meias. Demorar 3h para fazer uma meia-maratona é contraproducente na nossa preparação a longo prazo e estão a stressar a cabeça e o corpo. Retornem ao básico, tornem-se fortes novamente e regressem em grande depois.

 

Acima de tudo, aproveitem tudo o que fazem, porque só com muito gosto e paixão é que é possível fazer muitos km ‘s durante muitos anos sem nos aborrecermos ou chatear com alguma coisa. Se começa a ser uma obrigação ir aos treinos ou fazer X prova, começa a perder a piada e a base disto tudo.

 

Um Bom 2015 para todos e divirtam-se muito

Video do Albufeira Night Trail

Na semana passada, 4 dos nossos elementos da Running Crew participaram no primeiro Albufeira Night Trail, o Luís Moura no Ultra Trail de 47Km e a Liliana Moreira, a Joana Malcata e eu no Trail de 20Km.

 

Juntamos algumas das imagens que reuni no fim de semana em Albufeira e aqui vos trazemos para relembrarem ou conhecerem um pouco de como foi esta prova.

 

Esperamos que fiquem com vontade de em 2015 participar, nós lá estaremos de certeza!

 

Como tratar uma fascite plantar?

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Por Filipe Gil

 

Vou contar-vos um segredo.Desde a última Meia Maratona que ando com dores na planta do pé. Tantas dores que só uma semana depois da corrida consegui voltar a correr. No mesmo pé que me atormentou há exatamente cerca de um ano, o direito. 

 

As dores são diferentes, mais leves. Mas estão lá, ou melhor estiveram durante quase uma semana. Peguei no meu "kit" fascite, composto por bola de golfe, bola de ténis, pomada de arnica e um pequeno rolo de cozinha para passar pelas pernas, e não dei descanso à fascia.

Massajei, massajei com a bola de golfe depois de colocar quente durante algum tempo no pé. E fiquei bem melhor. Na quarta-feira fui correr uns 12km e só me doeu no final, numa rua a descer, mas nada de especial.

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Mas vou contar-vos outro segredo. No outro pé, o esquerdo, e desde o fim do verão, tenho tido algumas dores, nada de especial, são, por vezes, incomodativa até quando ando - mas nunca lhe dei muita importância. Era o que faltava ter tido uma fascite no pé direito e agora ter no pé esquerdo. Lembro-me de ter acabado de fazer um treino com o David Faustino, para combinarmos o treino Into the Wild que ele e a mulher guiaram, e no regresso a casa começar a ter dores. 

 

No final da semana passada, mesmo com menos sintomas nos pés, a não ser os normais "bons dias" assim que pisava os chão pela primeira vez após acordar - quem tem ou já teve fasciste sabe do que estou a escrever, decidi fazer um visita à Dr.ª Sara Dias no seu local habitual de consultas em Oeiras, no espaço Saúde de Corpo e Alma.

 

A Drª Sara tratou do pé direito, o que se queixou depois da Meia Maratona. Indicou que o meu pé tinha ali um ponto de pressão na fascia, mas nada de especial. Foi quando "pegou" no outro pé, no esquerdo, naquele que me tem doido desde o final do verão que vi "estrelas". Afinal, tinha muito pressão, vários pontos de tensão na fascia, provocados pelo stress do impacto, do frio, etc. 


A Dr.ª Sara fez uma terapia miofascial e saí de lá como novo. E com mais certezas relativamente aos problemas das minhas fascias: preciso de, de quando em vez, ir fazer estes "desstressamento" da fascite. Tenho que alongar muitas mais vezes - sempre. Fazer alongamentos em casa, mesmo que não corra. E não posso usar sapatilhas de corrida sem usar umas palmilhas para pronadores. Mesmo pronadores, não ligeiros. 

 

E se há coisa que me ocupa o pensamento é que até ao Ultra Trail do Piódão, que irei fazer nos finais de março, não me quero lesionar. Ou seja, respondendo à pergunta que fiz no título, aquilo que vos posso dizer é que estou a ficar um expert, infelizmente, na coisa. Muito alongamento, muita massagem, nada de gelo, e usem sempre o vosso calçado apropriado. E cruzem os dedos das mãos, que isto também é uma questão de sorte na forma como o nosso corpo se comporta.

 

Boas corridas...sem lesões.

 

 

Review Skechers GoRun Ultra

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Por Stefan Pequito:

 

Há uns meses atras a Skechers deu-me as sapatilhas “GoRun Ultra” para testar. Sim, já fizemos reviews sobre este modelo (aqui) mas quis experimentá-los e deixar-vos a minha opinião.

 

Confesso que não estava a espera destas sapatilhas. Já as tinha visto nas lojas e já tinham sido testados pela nossa crew e, tinha, de alguma maneira uma impressão negativa. Eu queria era testar o antigos “GoRun Trail”, mas tive azar, a marca norte-americana descontinuou o modelo e não os consegui experimentar.

 

No dia em que os recebi e os fui levantar perguntei se são sapatilhas para trails mais técnicos e foi-me dito que sim, mas desconfiei. Para ser sincero, não têm aspeto disso, mas já lá iremos. Mal cheguei a casa, saí para o testar.

 

A leveza, mesmo muito leves, para o seu tamanho foi logo das características que me despertaram a atenção. Gostei muito de poder retirar as palmilhas, reduzindo o drop para 4 mm, em vez dos 8 mm que têm com as palmilhas de origem. Não gostei da sensação de estar “nas alturas” com as palmilhas. No final do primeiro treino com elas fiquei a pensar “não sei bem o que é tipo de sapatilhas são estas…”

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Mas lá foi treinando com elas todos os dias até que me habituei e comecei a gostar deles, sobretudo no local onde treino perto de casa que tem terro soft e nada técnico. E a dúvida, na altura, de os os experimentar em trails mais técnicos  ainda persistia.

 

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Antes de os levar para as alturas, corri com eles à chuva e aí surgiu o primeiro ponto negativo destas sapatilhas: demoram muito a fazer a drenagem da água que entra. E o corredor passa ainda algum tempo com as pontas dos pés molhadas. Não gostei disso, sobretudo porque é mais que normal que nos trails se molhem os pés, ou devido à chuva ou por pisar/passar por poças ou riachos.

 

Mas lá as levei para as testar em terrenos mais técnicos e levei-as para a Arrábida, numa zona com partes mais técnicas – nada de outro mundo, mas muita pedra solta. No início fiquei surpreendido como aderiram bastante bem à lama, mas depois, com as pedras, surgiu aquilo que eu temia, a instabilidade nas pedras. Talvez de serem muito altos, criam muitos desequilíbrios e até escorregam. Fiquei algo receoso e quase que torci os pés uma ou duas vezes – nada de grave, claro.  Mas percebi logo que não são sapatilhas para trails com partes técnicas, infelizmente.

 

Resumindo, são boas sapatilhas sem dúvida mas não para trails mais exigentes. São para provas mais longas ao estilo norte-americano ou até para um Ultra de São Mamede. Provas Ultra mas pouco técnicas.Achei-as bastantes confortáveis gostei dos atacadores elásticos e em termos estéticos são bastantes engraçadas mesmo sendo grandes. 

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São sem duvidas umas boas sapatilhas para treinar todos os dias, como eu faço, mas para aqueles dias com percursos mais técnicos, não. Infelizmente.

 

O preço  anda pela casa dos 85€ nas lojas da Skeckers e também a na Sport Zone.

 

Categoria: Neutros
Drop:  8-4mm

 

Avaliação (de 0 a 20):

DESIGN : 15
CONFORTO : 20
PREÇO:  20
ESTABILIDADE:13
AMORTECIMENTO: 19

 

Avaliação Total (de 0 a 100): 87

 
Deixamos aqui uma review do Ginger Runner que comprava aquilo que acabei de dizer:

Last Call: Doação de T-shirts

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Na passada 3ª feira, antes do treino Into the Wild by Night, decorreu uma recolha de t-shirts para doar. Conseguimos encher a mala de um carro com roupa e outros bens e ainda há mais gente a querer contribuir!

 

O Correr na Cidade juntou-se ao T-shirts com Bolachas, um grupo de amigos com muito boa vontade: portugueses residentes em Angola, que dedicam o seu tempo livre à distribuição de t-shirts e outro material a quem mais necessita, não só em Angola, mas também durante as suas férias em Cabo Verde e Cuba, por exemplo.

 

Como houve pessoas que não tiveram a oportunidade de comparecer na 3ª feira para dar o seu contributo, decidimos dar-vos mais uma hipótese:

 

Onde: Centro Comercial Monumental, na área da Restauração, junto à Bertrand.

Quando: sábado, 20 de Dezembro, 11h00.

O quê: doação de t-shirts de corrida e outro material (têxtil, calçado, brinquedos).

Quem: T-shirts com Bolachas (mais informação na página de Facebook).

 

Quem não tem disponibilidade no horário e local proposto, pode sempre contactar o T-shirt com Bolachas diretamente, pelo Facebook.

 

O nosso muito obrigada a todos aqueles que já deram o seu contributo.

Race report: 1º Albufeira Night Trail

Por: Luís Moura

 

Em Portugal associamos o trail running a correr no meio da montanha, entre árvores, rios e grandes declives verticais.Mas uma boa parte do país tem outras características geológicas que podem ser aproveitados para também se praticar trilhos.

Neste caso especifico a costa algarvia, onde não existindo nenhum ponto de elevação muito alto, tem algumas serras e permite umas voltas engraçadas.

 

Foi neste espírito que no passado fim-de-semana participamos na primeira edição do Albufeira Night Trail, a convite dos organizadores,  a INATEL, e da associação O Mundo da Corrida. Ao recebermos as primeiras informações da prova deu para perceber imediatamente que 650D+ numa prova de 47 Km só podia querer  dizer que o ritmo da prova iria ser alucinante comparando com os ritmos normais a que estamos habituados nos trilhos. Diria até mais próximo de um ritmo de estrada elevado do que de um trilho leve.

Tendo em conta essa informação, o planeamento de treinos no ultimo mês foi feito nessa direcção, onde reduzi os treinos com grandes subidas/descidas e privilegiei mais treinos em estradão e alcatrão com vista a subir um pouco a parte cardio. Inclusive fui fazer a Meia-Maratona dos Descobrimentos no fim-de-semana anterior como preparação. Depois da surpresa do tempo final nesse dia, viria o impacto na prova que falo em detalhe mais à frente, mas como é evidente, aquele tempo muito rápido na Meia fez mossa.

 

Prova

Chegamos a Albufeira perto das 21h30m e fomos directos levantar o dorsal  nas instalações fantásticas do Inatel. O Kit estava bem composto com um apito, camisola da prova, revista da praxe e uma lanterna minúscula que deveria ser para alguma emergência na prova, mas a minha por exemplo já vinha quase sem carga na pilha.

Depois de uma boa noite de sono e de um pequeno reconhecimento por Albufeira, fomos almoçar em frente ao mar e relaxar um pouco antes de se iniciar a preparação para a prova que começou pelas 16h.

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O tempo estava um pouco "fechado", com algumas nuvens mas nada de muito pesado. Caiu um pouco de chuva 30 minutos antes do arranque mas já era previsto. Como estávamos no Algarve, com a partida da prova ainda durante o dia e com uma temperatura "menos fria" do que no resto do país, optei por ir um pouco mais leve apenas com um corta-vento, luvas e cinto de hidratação pequeno. Objetivo:  era levar o menos peso possível para o ritmo elevado previsto para a prova.

Quase 50 atletas na box da partida criada na praia em frente ao Inatel e às 16 horas em ponto arrancámos.

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Inicialmente fizemos +/- 650 metros ao longo da praia e depois foram quase 2 km a subir até sairmos de Albufeira e entrarmos em trilhos pelo meio dos terrenos de cultivo e pasto.

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( Partida foi lá ao fundo no edifico azul e percorremos o areal até este edifício branco grande na esquerda )

 

Por esta altura destacou-se um conjunto de 7 atletas que durante os km's seguintes iriam definir 3 grupos distintos. Um corredor que avançou e começou a distanciar-se dos restantes, depois 3 elementos no encalço dele e por fim eu e mais 2 elementos já separados uns metros uns dos outros -  mas sempre com um ritmo similar.

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Até ao primeiro abastecimento aos 6,5km o ritmo andou sempre perto dos 4:05/4:15km, muito rápido para uma corrida tão comprida. Nenhum dos 7 usufruiu deste abastecimento.

De seguida entrámos num sobe e desce por estradões até ao abastecimento dos 15km, a média andou muito perto dos 4:40/km. Por esta altura os 4 primeiros rolavam já longe do meu plano de visão e fui seguindo em 5º.

Parei no abastecimento dos 15km para encher o bidão de água e o atleta que vinha atrás de mim passou-me no minuto que lá estive. Novamente ninguém da frente parou no abastecimento.

Do abastecimento dos 15km até ao abastecimento dos 21km foi um segmento com a altimetria quase sempre a subir de uma maneira ligeira. Por esta altura nada na corrida se passou em termos de ritmos ou classificações, uma vez que que naturalmente os corredores com ritmos diferentes já estavam encaixados.

 

Pouco depois junta-se a mim outro corredor e ultrapassa-me antes de chegarmos ao abastecimento dos 28km, no topo de Paderne onde a prova de 20km arrancou. Nesta altura chego com cerca de 20 minutos de atraso em relação ao primeiro e novamente fico a encher o bidão de água e comi rmarmelada e um pedaço de banana com sal. Mais atrás na subida tinha ingerido 80ml de magnésio liquido porque as pernas começavam a acusar um pouco o esforço da Meia Maratona do fim-de-semana anterior -  para além de que aqueles 7km iniciais a ritmos elevados não ajudaram em nada.

 

Segunda metade da prova

Arranquei de Paderne em 7º e lá comecei a fazer o ataque para o alto do Castelo. Nesta parte da corrida as marcações estavam muito distantes umas das outras. Adicionando o facto de estar noite cerrada com muitas nuvens, a visibilidade ser muito muito baixa, o que me  obrigou a usar o frontal com muita intensidade. Aqui o  ritmo teve de ser necessariamente  um pouco mais baixo sempre à procura da próxima fita no meio das árvores, com várias opções de caminhos à nossa frente.

 

Pelo km 30 chego ao topo da serra junta ao Castelo. Dois minutos antes passa por mim um jipe da Cruz Vermelha com três elementos de prevenção a perguntar se estava na prova dos 47km. Abanei afirmativamente com a cabeça enquanto seguia porque estava a triturar uma barra de cereais com chocolate... e que bem que me estava a sentir a ingerir aquele  repasto no meio do escuro até ser interrompido por aqueles holofotes do jipe...

Com várias tropelias pelo caminho por causa da lama, fiz 2km a andar nas subidas mais íngremes para descansar um pouco as pernas. Mas mesmo assim ainda deu para passar aos 30km com 2h37m de prova. Muito elevado o ritmo para uma prova tão comprida e logo no fim-de-semana seguinte a um esforço grande da Meia dos Descobrimentos.

Depois do topo da serra, apanhamos uns 2km de trilhos. A única coisa que me passou pela cabeça foi "trilhos !!!!!! ". Ao fim de 30km, o primeiro troço da prova onde nos sentíamos de facto a fazer um trail puro... ui que sorriso apareceu na cara... Aí foi a descer até um riacho grande que tivemos que atravessar, molhando os pés  com água pura e gelada, porque até aqui já tínhamos apanhado vários km's de lama fina e escorregadia e por esta altura os pés andavam frios e húmidos, mas agora era mesmo água em grandes quantidades.

Depois de passar o riacho, uma subida de uns 45D+ em cerca de 300 metros. Uma brutalidade para quem já ia em quebra física. Fui devagar a tentar recuperar as pernas, que por esta altura já começaram a doer bastante. A fatura do esforço inicial e da prova do fim-de-semana passada estava a aparecer e com o meu nome no destinatário.

 

Estradões e frio

Depois entrámos novamente em estradões, mas agora em mistura de pisos, a intercalar com muito alcatrão.

Por esta altura já era noite cerrada, com muito vento frio gélido estava a fazer mossa no meu corpo e na minha mente. A juntar ao cansaço das pernas, comecei a perder o ânimo por estar a tremer de frio.  E, sem pensar, fui abrandando o ritmo. Ao km 33, 34 e 35 andava a rodar bem acima dos 6/km. As pernas pareciam dois blocos de cimento que não se queriam mexer. Foram uns km's muito complicados, sozinho no meio do escuro cheio de frio com dores enormes e a pensar em coisas que normalmente não deixo entrar no meu pensamento enquanto corro. Parecia que tinha recuado dois anos na minha preparação. Fui abaixo e desci muito o ritmo.

 

A seguir ao abastecimento dos 35km, aparece o corredor que vinha em 8º. Era o David Faustino que vinha no seu ritmo tranquilo e estável. Viu-me a sair do abastecimento quando ele estava a chegar e acelerou para apanhar-me mais à frente. Chegou perto de mim e fez aquilo que era preciso. Fez aquilo que "Eu" precisava. Deu-me um novo alento ao longo de 3 ou 4km onde foi sempre a falar comigo e a sentir que eu não estava bem.

Por esta altura íamos a médias de 5:35/5:45km e as pernas estavam mesmo KO. Aos poucos com o incremento do ritmo comecei a pensar em outras coisas, já que não estava sozinho agora. A mente voltava a controlar o corpo. O David Faustino a sentir que estava melhor foi embora devagar. Só o voltei a apanha-lo no abastecimento dos 41km. Novamente enchi o bidão de água e comi banana com sal.

 

O retorno à corrida

Parti no encalço dele e apanhei-o cerca de 1km à frente. Sentia-me fresco e coloquei um ritmo bem mais alto. Estava de volta!!! Por esta altura vi um frontal mais ao longe.  Era o espanhol que me tinha passado logo a seguir ao abastecimento dos 15km, mas  que,  naquele momento, seguia à minha frente num passo muito lento. Perguntei-lhe se estava tudo bem, respondeu "Todo Bien" e segui.

 

No espaço de 2min saltei de 8º para 6º novamente. Mas mais importante do que isso, tinha retomado o ritmo e o gosto por estar ali. O facto é que entramos em km's  mais protegidos do vento e o corpo aqueceu um bocado. Comecei a desfrutar do que estava a fazer. Comecei a sorrir para comigo mesmo. Comecei a fazer aquilo que gosto, e era para isso que ali estava. Comecei a rolar e senti que o David Faustino tinha ficado ligeiramente para trás - depois da meta disse-me que ficou a ajudar o Espanhol. Para quem anda sempre a perguntar o que é o espirito do trail, este é o espirito do trail! Ser altruísta e ajudar aqueles que estão a necessitar de um pequeno empurrão ou de um conforto, nem que seja psicológico e momentâneo. Prejudicar um pouco o seu andamento e um tempo final para dar pequenas ou grandes ajudas a quem está a precisar delas.

 

Eu não acredito em ajudas para fazer um trail a 100%. Partir em grupo de 3 ou 4 pessoas e fazer 40 ou 80km sempre em grupo. O trail ou trilhos, como preferirem, tem que ser mais do que isso. Tem que ser uma experiência singular e pessoal. Tem tudo a ver com o que batalhamos, com o que sentimos e com o que ficamos depois da experiência.

 

Em casos particulares faz todo o sentido ter pequenas recargas de energia durante uma prova, mas tem que ser sempre sem retirar a totalidade da experiência que é fazer um trail mais longo. Toda  a parte de autoconhecimento, autosofrimento e autodisciplina tem que ser feita a solo. Com treino, dedicação e humildade. As provas são apenas o reflexo dos treinos.

 

Daqui o meu respeito e sincero obrigado por pessoas como o David Faustino partilharem as suas experiências connosco. Ter alguém que tem muita experiência em  ultras e  corrida, não só é um prazer mas uma regalia podermos ouvir e aprender com quem sabe e já passou por muito mais do que nós.

 

Final do túnel

Começo a ver luzes de uma cidade e percebi estávamos já a chegar a Albufeira. Entramos pela zona da camionagem, seguimos cerca de 2km por um jardim, quase sempre a descer e entramos nas traseiras do Inatel. Pelas ruas por onde passávamos, as poucas pessoas que se cruzavam connosco ficavam a olhar como se alguém com as nossas vestimentas e cheios de lama até meio das pernas fosse uma coisa completamente diferente do habitual.

Avistei a recta final que passa mesmo em frente ao hotel e que estivemos a fazer o reconhecimento antes da prova, passar por baixo do túnel de acesso e entrar na areia. Aqui foi a única surpresa da prova, pois pensei que iria acabar no mesmo ponto onde começou, mas a organização pregou-nos uma partida e moveram a chegada para a esquerda fazendo-nos percorrer quase 100 metros de areia para depois subir para uma escadaria do edifício que permite o acesso à praia.

Muita luz e algumas pessoas à espera. O speaker anuncia o meu nome e apercebo-me da presença da Liliana e do Nuno Malcata, com máquinas nas mãos a eternizar o momento. Um ou outro atleta ainda lá estava mas devido ao frio e ao vento forte e gélido, todos os atletas depois de passarem a meta desapareciam para o conforto do lar ou do hotel para tomar banho e aquecerem.

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Afinal e a Meia Maratona ?

Confesso que senti um pouco o peso da Meia-Maratona dos Descobrimentos, feita no fim-de-semana anterior. Não foi feita em esforço máximo, mas foi um grande esforço do ponto de vista cardio e muscular. Passei a maior parte da semana com algumas dores nos bíceps-femoral e tive que controlar e preparar a recuperação para os 47Km.

No fim, confirmou-se o que pensávamos dois meses antes da prova. Foi uma prova muito rápida, talvez rápida demais para se aproveitar muitos dos pormenores com que fomos contemplados. O primeiro classificado fez os 47KM em 3h44m. Isto é ritmo de maratona de estrada! Muito rápido para um trail, mesmo com pouca altimetria. O meu Garmin deu 700D+ no final.

 

No final cheguei com 4h26m e uma média de 5:33/km. Muito acima da média de estrada mas alta para um trilho e para um piso que tinha muitos km's de lama.

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Fica a questão no ar: se não tivesse feito a Meia-Maratona tão rápida na semana anterior, será que não teria feito o Night Trail de Albufeira mais rápido? Talvez. Ou quase de certeza.

 

Estou convencido que seria muito fácil retirar 15/20min ao tempo final devido aos +/-3km que fiz a pé nas subidas mais íngremes enquanto recuperava as pernas. Daí a importância de se planear as provas, os treinos, os períodos de descanso e a alimentação. Daí andar sempre a bater na mesma tecla. O macro planeamento dos ciclos de carga de treino ajuda muito a obter melhores resultados.

 

 

E a 2ª edição da prova ?

A prova no geral foi bem conseguida. O percurso tentou percorrer diversos pisos e os abastecimentos nos 47km foram suficientes. Havia em quantidade e diversidade. Não havia necessidade de mais sinceramente, já que a prova foi muito rolante. No entanto, houve problemas nos abastecimentos da prova dos 20km por terem sido colocados mais tarde do que era suposto, o que fez com que a maior parte dos elementos dos 20km passa-se por eles... sem eles lá estarem. Um ponto muito importante a rever em próximas edições.

 

Quanto às marcações, houve alguns pequenos problemas. Em algumas zonas notou-se que os habitantes literalmente mexeram nas fitas. Tanto arrancadas como cortadas, muitas não estavam no sitio. Em alguns pontos, a distância entre fitas para uma prova nocturna era um pouco elevada e levantou algumas dúvidas sobre o trajecto.

 

Os marcadores tinham na parte inferior um elemento reflector, mas revelou-se pequeno, visto que em alguns sítios onde a fita enrolava ou desaparecia no meio dos ramos dos arbustos onde estavam colocados esse elemento deixava de ser reconhecível. Prender as fitas nas duas pontas ou aumentar ligeiramente o ponto reflector resolve 99% destes problemas encontrados.  O material plástico utilizado também não é a melhor opção durante este período do ano em que a chuva abundante faz com que a fita enrole sobre si mesma mais rapidamente, havendo menor material a ser identificável pelo corredor.

 

Deixo a sugestão para numa próxima edição do evento:  que o grupo dos 47Km saía com maior diferença horária face aos dos 20km. É sempre mais interessante quando os primeiros do longo chegam com outros corredores do curto a chegar e ter mais pessoas concentradas na meta. Se antes de chegarem os dos 47km, os dos 20km chegam e vão às suas vidas, perde-se um pouco da envolvência e do apoio humano.

Aumentar de 30 minutos para 60 minutos a diferença na partida pode ser o suficiente para ajudar neste aspecto e permite também que o dos 20km consigam assistir à partida da prova longa...

 

No geral,  foi um fim-de-semana bem passado com mais três elementos da crew. Deu para passear por Albufeira, pela praia e por sítios muito curiosos de observação, o que aliado às provas é o que de bom tem os trilhos. Percorrer o nosso país e descobrir todas as coisas maravilhosas que tem para nos oferecer e que muitas vezes nos esquecemos que estão ali.

Temos muito o hábito de pensar que a galinha da vizinha dá melhores ovos. O que temos que aprender é a gostar do que temos e do que fazemos para retirar o máximo do que existe nesta vida.

 

Boas corridas, Boas festas e até 2015 que agora é altura de descansar as pernas até Fevereiro/Março.