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Correr na Cidade

Os Hoka One One já andam aí...

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Por Tiago Portugal:

 

Nos últimos 2/3 anos a corrida e tudo o que lhe é subjacente, equipamento e provas, tem crescido muito depressa.Correr é nos dias de hoje o quarto desporto mais praticado em Portugal. Com mais de 40 marcas diferentes, o mercado dos sapatos de corrida está cada vez mais competitivo. Todos os meses assistimos a lançamentos de novos produtos e à utilização de nova tecnologia que sirva para diferenciar as diversas marcas.

Apesar de em Portugal existirem cada vez mais praticantes da modalidade muitas das marcas existentes ainda não se encontram disponíveis para experimentar e ver em solo nacional. Entre todas estas há duas que me despertam muita curiosidade, a Pearl Izumi e a marca Francesa Hoka One One, afinal os franceses ainda fazem algumas coisas bem.

image (13).jpegEstes são os Hoka One One Mafate 3

Já falámos anteriormente da Hoka aqui, e na altura achávamos que a mesma não tinha venda direta em Portugal. Estávamos enganados||| Descobrimos uma loja, Avalanche, em Cascais, que têm os Hoka One One à venda.

Por 2 ou 3 ocasiões já vi os Hoka One One em provas nacionais, mas vê-los ao vivo, tocar e calça-los é outra experiência. Estes sapatos são completamente diferentes de todos os que já tive e tenho. Com uma sola 2,5 maior do que o normal, os sapatos são visualmente muito grandes. A 1ª impressão que dá é que correr com aquilo é impossível. São enormes, mais parecem sapatos de palhaço.

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Foi-me disponibilizado o modelo Hoka One One Mafate 3, última versão do modelo de trail que deu início à marca e que a 15 de julho de 2010 começou a ser comercializado em França.

Este modelo, especialmente desenvolvido para provas de grande distância, proporciona, de acordo com a marca, eficiência na corrida, conforto, amortecimento e proteção. Calçando os sapatos e olhando para eles acho que proteção e amortecimento não faltam. As restantes só saberei depois de testar.

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Tenho algumas dúvidas relativamente a 2 questões, a altura da sola e o peso dos sapatos. A altura da sola faz-me confusão e estou um pouco receoso. Acho que vou perder a sensação de contato com o chão o que poderá trazer-me problemas a nível da estabilidade. Em relação ao peso estes são os sapatos mais pesados que já calcei, 410 gr para o  tamanho 42.

 

Não sei se numa prova longa ao fim de umas quantas horas todo este peso não poderá prejudicar. Mas nada melhor do que experimentar e sentir por experiência própria a sensação que estes sapatos me dão. Sabendo que somos todos diferentes talvez encontre neste modelo o parceiro ideal para  os meus próximos desafios.

 

Por enquanto ficam com o unboxing dos Hoka One One Mafate 3 e com algumas fotos dos modelos disponíveis na Avalanche, nada como ir ver e experimentar estes sapatos, não se vão arrepender.

 

Boas corridas…

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Race Report: Ultra de Gredos

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Por Stefan Pequito:

 

Este ano foi o meu primeiro ano de Ultras e não tinha previsto qualquer prova fora do país. Mas um certo dia o Pedro Tomás Luiz convenceu-me a participar numa prova no estrangeiro, confesso que não tinha muita vontade de o fazer, aliás, já tinha recusado o desafio do Tiago Portugal em fazer com ele os 80K da Sierra Nevada, pois tinha em mente o UTAX.

 

Quando escolhi, em conjunto com o Pedro Luiz, a prova no estrangeiro, optamos por Gredos, pelo Ultra de Gredos, com 82K de distância mas com 5700 d+. O desafio muito interessante, como eu gosto, apenas tivemos algum receio por ser a primeira edição da prova. Tudo isto foi combinado com antecedência, em Maio ou Junho. E durante os meses tivemos várias provas para nos prepararmos, para além dos muitos treinos longos. Além disso, algumas lesões que chatearam bastante quer a mim, quer ao Pedro. A três semanas de Gredos fiz o GTSA e correu-me bem, o mesmo já não se pode dizer do Pedro que dias depois acordou com um pé inchado e com uma lesão que o impossibilitaria de ir a Gredos. Afinal, eu que não tinha vontade em ir, acabei por ir sozinho.

 

Entretanto, antes de ir combinei com o David Quelhas irmos à Serra de Gredos ver o percurso. Não foi o treino que queríamos, devido ao mau tempo mas foi importante conhecer a bonita floresta cheia de cascatas, animais e trilhos fantásticos. No fim, valeu a pena porque conheci locais por onde não passaria na prova e fiquei a conhecer melhor o super atleta David Quelhas.  

 

Na semana antes da prova ainda não sabia bem como ia para Espanha, pois não estava com vontade nenhuma de fazer uma viagem de 400 e tal km para lá e vir sozinho de carro. Mas até nisso tive sorte, o grande David disse-me que ia falar com a malta do Coimbra Trail Running. Na véspera fiquei na casa do David e aproveitamos para falar um pouco das nossas expectativas.

 

No dia a seguir la nos concentramos todos e fomos a viagem. Conheci o resto da malta e vi logo que estava em casa. O Paulo arranjou-me logo uma camisola deles, que aceitei com um enorme orgulho. A viagem foi sempre animada, sempre a rir e boa disposição.

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A prova:

 

Chegada a Candeleda, de onde a prova partiu e onde pernoitamos. Pelas 19h fomos buscar os dorsais o meu com o número 146. Depois disso fomos arrumar as coisas pois às 3 da manhã tivemos de acordar porque a prova arrancou às 4 horas.

 

Depois de acordamos prepararmos as coisas para levar. Lembro-me da minha indecisão sobre quais as sapatilhas a calçar, se as Adidas Raven 3, que são boas em rocha mas super desconfortáveis ou as New Balance 110v2 minimalistas e muito leves. Arrisquei e escolhi as New Balace.

 

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Na partida como bons “tugas” fomos logo para a frente! Pelas 4 la arrancou a prova e lá fui eu com David Quelhas durante um tempo ate que comecei a ficar algo mal disposto e tive de abrandar o ritmo até que recuperei. Os primeiros 27 km não forma nada de especial, muito estradão. Fiz 30 km em 3 horas e cinco minutos.

 

Na primeira subida, para Los Galayos, subiu-se dos 900 metros para os 2300 metros de altitude em 7 quilómetros, mais ou menos. Isto tudo foi ainda feito de noite. E foi aqui que as coisas começaram a complicar-se. Achei estranho as fitas não terem refletores e passado um pouco começaram a desaparecer, mas como sabia que era subir, não tinha nada que enganar. E lá acertei o caminho e consegui chegar ao topo certo onde estava um nevoeiro cerrado. Ainda bem que levei o track da prova, um conselho dado pelo senhor Paulo Pires, que conhece esta Serra muito bem.

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Fui seguindo o track, parando umas vezes para acertar o caminho e depois encontrei duas pessoas da organização que me ajudaram e indicaram para seguir em frente, mas passado um pedaço deixei de ver fitas e segui o que o track dizia, até que dei por mim no meio de um rebanho de cabras selvagens. Entretanto lá encontrei dois espanhóis que conheciam bem o caminho e segui com eles.

 

Passado 1 km deparei com uma cena brutal: o nevoeiro desapareceu de repente, do nada como se alguém o tivesse varrido à pressa. Passamos a ter céu limpo e muito frio.


A partir daí a prova não correu mal, apesar do muito vento. As paisagens eram brutais a fazer lembrar o filme “O Senhor dos Anéis”. Uma palavra de apreço para os heróis dos abastecimentos e dos postos de controlo, que subiram a montanha a pé com tudo às costas para ajudarem os corredores.

 

No posto de abastecimento do km 60 perguntei qual a minha posição, e foi-me dito: 24º lugar. Fiquei muito contente e ainda com mais energia. Na altura já tinha feito amizade com os dois espanhóis que se riam muito com as minhas tentativas de falar castelhano. Mas aos 65km aconteceu o impensável, voltamos a perder-nos o track do relógio estava bem longe do local da prova. E o que tínhamos feito mal foi descer, ou seja, para recuperarmos o caminho voltámos a subir. Com tudo isto perdemos cerca de 30 minutos. Contabilizando o tempo todo que estive perdido deve ter feito cerca de 1h30m a encontrar o caminho certo.

 

No último posto de controlo perguntei como era a descida, se era muito técnica. Indicaram que dava para correr, mas não foi bem assim. Foram 8 km de descida técnica até que, finalmente, surgiu um estradão.

 

A fase final foi feita com o meu amigo espanhol onde decidimos acabar o raio da prova juntos pois já tínhamos feito os últimos 30 juntos, e já me chegava ter feito os outros kms sozinho. Lá fomos em direcção a Cadeleda por uns riacho e trilho brutais. O último km foi em alcatrão até chegarmos à meta, ainda de dia, com 15 horas e 26 minutos de prova.

 

O David terminou a prova em 4º lugar com 11h e 54 minutos. A organização distribuiu luvas de 42K, confesso que tive vários sentimentos, depois daquilo tudo, mas preferi dar-lhes os parabéns pela prova.

 

No final fiquei em 38º da geral, em que acabaram 140 dos 200 participantes. Podia ter feito melhor, sim podia, mas não deu. Foi o meu primeiro ano de Ultra Trails em quase dois anos de ter começado a correr, por isso não posso (ainda) abusar muito, não sou nenhum fora de série.

 

Depois desta aventura só posso agradecer do fundo do coração ao pessoal do Coimbra Trail Running que fizeram um grande prova – todos eles, e pela sua ajuda e companhia. Agradecer ao Pedro Tomás Luiz por me ajudar em tudo, tendo-me emprestado o seu mega frontal e os bastões (que não cheguei a usar).Ao resto da minha crew por estarem sempre a motivar, aos meus pais e irmão e aos meus amigos todos.

 

Ahhh, no fim descobrir que adoro a New Balance, que sapatilha fantástica e que nunca me falhou, são mesmo as minhas sapatilhas!!

Agora Ultras só em 2015 e toca a preparar o próximo ano pois vai ser duro e com outros objetivos, claro.

 

Deixo aqui um vídeo com imagens deste Ultra Trail de Gredos: