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Correr na Cidade

Tony Krupicka no UTMB 2014

Gostamos muito do Anton (Tony) Krupicka e da forma como ele aborda o ultra running. Da sua originalidade e figura ímpar que não passa despercebida no meio de outros corredores. Para além de ser um grande, grande atleta. Deixamos aqui o vídeo da Buff Pro Team com um resumo da sua participação na última edição do Utra Trail do Mont Blanc (2014) em que se pode dizer que Tony foi ao inferno e voltou. E que mostra o quão forte podemos ser!

 

Como é correr com as Vibram?

 

Por João Figueiredo:

 

As Vibram Fivefingers são sapatilhas minimalistas que proporcionam a sensação de andar e correr como se (quase) estivéssemos descalços.Na página portuguesa da marca (aqui) podem ver os modelos disponíveis.Para escolherem o tamanho da sapatilha, o melhor método será medir exactamente o vosso pé e depois consultar a tabela: 

 

 

Depois de alguma pesquisa decidi comprar a sapatilha mais minimalista desta colecção, o modelo Seeya. Estas sapatilhas são muito leves (258 gramas – nº42), o tecido é incrivelmente fino, são muito elásticas e a espessura da borracha da sola é totalmente minimalista – apenas existe protecção nas zonas de contacto com o solo: na frente (dedos) e no calcanhar. A arcada plantar não tem qualquer apoio, prevendo assim uma corrida natural baseada no “forefoot strike”. São ideais para corridas no asfalto. Há quem use estas sapatilhas com meias “cinco dedos”, tipo injinji, pessoalmente não o faço porque quero ter a menor protecção possível nos pés.

 

 

A primeira vez que experimentei correr com as sapatilhas Fivefingers Seeya não senti “Liberdade”, nem “Conforto”, nem “Flexibilidade”, nem nenhum desses adjectivos lindos que o pessoal do marketing usa e abusa. O que senti depois de dar tês passos a correr foi: “DuReZa”!

E isso é mau?É!

 

O problema reside no facto de que, desde que começamos a andar somos obrigados a usar calçado que não nos permite andar naturalmente…Isto levar-nos-ia a uma discussão muito interessante e muito profunda, mas por agora apenas afirmo que para conseguir disfrutar plenamente destas sapatilhas tive de quase reaprender a correr. Foi um desafio superado à custa de *alguma* dor, mas acreditem que valeu a pena.

 

 

No primeiro dia que corri com as Seeya fiz 4 km e senti, como já disse “a dureza” do pé ao tocar no chão. Não arrisquei muito em termos de velocidade/distância e fui para casa entusiasmado com o “brinquedo” novo.

 

No segundo dia estiquei a corda e corri ao todo 11,5km, onde experimentei sprints, subidas, descidas, curvas apertadas, etc… um pouco de tudo.

No terceiro dia mal conseguia andar. Tocar com o calcanhar no chão era um acto do mais miserável masoquismo.

 

O que fiz de mal?

Correr com as sapatilhas Fivefingers não é o mesmo que correr com isto:

 

Para desfrutar plenamente das sapatilhas Fivefingers é preciso alguma paciência na adaptação. Andamos uma vida inteira com calçado que nos “obriga” a tocar no chão, primeiro com o calcanhar (heel strike/rear strike) e só depois com o resto do pé– isto é a total subversão do uso dos pés.  

 

“Aterrar” a cada passada com o calcanhar no chão, provoca um impacto enorme no nosso corpo – é como se nos dessem uma martelada no calcanhar com uma força igual ao nosso peso… brutal, hem?

 

Mas se tocarmos no chão, primeiro com a parte da frente do pé (forefoot strike) ou com a zona intermédia (midfoot strike) e só no fim com o calcanhar (heel strike), torna o impacto muito mais suave a cada passada.

 

 

Isto é simples?

 

Não, é um processo de aprendizagem *um pouco* doloroso, isto porque estamos a esforçar tendões e músculos que até agora estavam muito pouco activos – mas que têm estado à nossa total disposição desde que nascemos. O melhor conselho neste caso é que dêem tempo a que os vossos pés e pernas se desenvolvam, de acordo com as solicitações de esforço. A pressa irá provocar dores tremendas nos músculos e nos tendões, terão bolhas gigantescas, a pele dos pés irá romper, … será uma verdadeira tortura. Em compensação terão a piedade dos farmacêuticos por estarem lá sempre caídos a comprarem-lhes coisas– numa dessas “visitas” aconselharam-me um spray chamado “Ice Power”, muito bom! 

 

 

Eu sofri “pequenas” torturas mas também aprendi com os erros.

Uma forma de evitar as bolhas e a pele gasta nos pés, passa por aplicar uma camada generosa de vaselina em todo o pé (entre os dedos, na planta do pé, nos lados do pé e na zona de trás do calcanhar para evitar as roeduras) – para mim este “ritual” tornou-se indispensável, mesmo quando corro com outro tipo de sapatilhas.

 

Quando uso as Fivefingers, depois de pôr vaselina nos pés, e como não uso meias, molho com água o interior das sapatilhas antes de as calçar. Isto faz com que o tecido da sapatilha não absorva a vaselina tão depressa ao longo da corrida.

 

 

Como já disse, as Seeya da Fivefingers são para estrada (também existem modelos para trail running) mas já me aventurei numa loucura fora de estrada: “Viagem ao Oriente esquecido” era assim que se chamava o evento/parceria entre o “Correr na Cidade” e o “Porque a vida não é só corrida” do João Campos, um percurso fabuloso pelo lado Oriental de Lisboa… fabuloso até me deparar com um canavial cheio de silvas e pedras…mas bom, sobrevivi e as Seeya também!!

 

Outro conselho da máxima importância: no fim de cada corrida e depois de descalçar as Fivefingers convém atirá-las imediatamente para dentro da máquina de lavar.     

 

Com paciência, com tempo e depois de ultrapassar as dificuldades iniciais, usar as sapatilhas Fivefingers torna-se numa experiência fantástica. Correr é uma coisa que fazemos há milhões de anos, não é necessário complicar, nem usar ténis com sistemas de amortecimento hiper complexos, o nosso corpo já vem com tudo o que é necessário para correr, desde que nascemos. 

 

Hoje é dia de correr na cidade!

Hoje, terça-feira dia 9 de setembro, às 19h, é dia do treino semanal do Correr na Cidade. Desta vez vamos correr na zona ribeirinha da cidade, do Cais do Sodré a Santa Apolónia. Quem se junta a nós?

O ponto de encontro será na entrada principal da Estação da CP do Cais do Sodré. Os guias desta aventura serão o João Figueiredo, novo membro da crew, e o Tiago Portugal. Claro que outros elementos da crew estarão presentes para ajudar os participantes e, claro, para correrem pela cidade. 

 

Ah, é verdade, para os que estão preocupados com o ritmo, não estejam! O treino chama-se "Soft Session for Hard Runners", ou seja, grandes corredores, habituados a grandes distâncias e ritmos elevados, vão fazer um treino muito tranquilo.

 

De seguida uma breve e divertida descrição do percurso para perceberem o espírito. 

 

"Percurso tranquilo: saída do Cais do Sodré, vamos directos ao Lux, passamos o Lux e damos a volta quando chegarmos ao viaduto. Depois vamos ao Terreiro do Paço, contornamos a praça (para impressionar os turistas) e voltamos a passar no Cais do Sodré sempre em direcção ao Speakeasy, bebemos umas vodkas e depois voltamos, passamos ao lado do Urban Beach e vamos sempre ao lado do rio até ao Cais do Sodré". por João Figueiredo.

 

Este é o mapa do treino desta terça-feira: