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Correr na Cidade

O disparate de não beber água

Por Filipe Gil:

 

No último treino que fiz em conjunto com o Nuno Espadinha, no passado domingo pelos caminhos do Jamor já perto das 10h30 da manhã, falámos muito sobre hidratação e corridas com tempo quente. E recordei os erros que fazia no início de correr. Não logo no início, mas quando já achava que sabia correr. Lembro-me de tentar não beber água em provas de 10K. Chegava ao fim contente de não ter necessitado beber água ou quaisquer líquidos e de ter evitado os abastecimentos, quase com o mote: “Beber água é para fracos”.

 

Algo totalmente disparatado e que, no Inverno, até se consegue disfarçar. Mas, à medida que vou evoluindo como corredor (apesar de não estar muito diferente a nível de performance, conheço-me melhor como corredor e como me “controlar” física e psicologicamente) vou necessitando de beber água mais vezes.

 

Hoje em dia faço quase todos os treinos ou com uma garrafa de água na mão ou no cinto de hidratação, mesmo quando são 10K tranquilos. E quando corro junto ao rio, já sei de cor os pontos com água onde paro para ingerir um pouco de água.

 

E isso tem contribuído para melhores treinos, onde me sinto mais leve e menos cansado, mesmo naqueles que aperto um pouco mais. Então, se forem treinos de trail running, o cinto com água + isotónico é essencial. Evita cãibras, evita algum cansaço.

 

Aliás, em provas mais rápidas, o conselho que dou é, se não quiserem perder tempo nos abastecimentos, pela confusão normal, sobretudo nas provas mais famosas, levem convosco uma garrafinha de água. Quando faltarem uns 3Kms e quiserem “apertar”, deitem fora e corram, mas bem hidratados.

 

Obviamente que todos nós somos seres humanos diferentes, e portanto corredores diferentes com necessidades energéticas diferentes, mas no caso da hidratação acho que não há assim tanta diferença.

 

Precisamos mesmo de beber água, muita. E atenção, fica o conselho de um casmurro que aprende com os erros, bebam muita água no dia-a-dia, sobretudo nas horas antes a um treino ou a uma prova.

Train Report: Pelas colinas de Lisboa

Como sabem gostamos de correr com os nossos amigos, no bom sentido da frase, claro. E, de vez em quando, chateamos esses mesmos amigos a escreverem textos. O que se segue é escrito pelo amigo Luís Moura sobre o treino de ontem (quinta, dia 24 de julho) que percorreu as colinas da cidade Lisboa em cerca de 15K. 

 

 

Por Luís Moura

 

Ontem realizou-se mais um treino aberto do Correr na Cidade. Voltamos ao cenário do centro de Lisboa como tinha acontecido no mês passado, subindo e descendo algumas ruas mais conhecidas de Lisboa e outras menos conhecidas.

 

Existe uma tendência nos últimos meses de se experimentar e voltar aos treinos mais intensos e difíceis em Lisboa. E foi isso que aconteceu ontem, onde 27 almas disseram sim a uma volta por Lisboa que inicialmente seria de 10km entre a Praça de Espanha e o Cais do Sodré, mas que facilmente se tornou numa voltinha um pouco maior devido à alteração do fim do treino novamente à Praça de Espanha :)

 

Há cerca de um ano e meio quando comecei a fazer estas voltas 2/3x por semana, muita gente olhava para mim de lado e pensava "mas que maluco, andar ali no meio dos carros e peões, a subir e descer inclinações malucas quando pode ir usufruir desta vista magnifica do Rio Tejo... 

Há cada um nesta vida :)". 

 

O certo, é que neste momento, todos os dias vemos pessoas ou grupos de pessoas a trocar o bonito do Tejo pela dificuldade, exigência e treino sublime que é subir e descer. Seja no meio de Lisboa seja em Monsanto.

 

Ontem, a primeira parte do treino (que serviu de aquecimento ) foi ir da Praça de Espanha até ao topo do Parque Eduardo VII, passando pelo meio pela Mesquita Central De Lisboa, pela Rua Fialho de Almeida e depois subir a Rua Marques de Fronteira até lá acima junto da bandeira. Nesta altura o grupo ainda ia compacto e animado, com muita gente a contar historias de treinos passados ou de peripécias do dia-a-dia. Inícios de treinos :)

 

O grupo continha um mix interessante de corredores, alguns mais experientes e outros menos experientes. Com uma mescla tão distinta de ritmos, é sempre complicado gerir ritmos mas com boa disposição e boa vontade de todos, é sempre a correr! De seguida tivemos o primeiro teste ao ritmo, com a descida do alto do Parque Eduardo VII até à esquina da Rua das Pretas, passando pelo Marques do Pombal, onde o ritmo foi salutar e deu para esticar um pouco as pernas depois do subida inicial.

 

Por esta altura já o treino levava pouco mais de 3,5km, e apareceu a primeira subida do dia, com a subida do elevador do Lavra, e as respetivas escadinhas finais até à entrada do Jardim do Torel. São sempre uns 45 metros de desnível muito engraçados, pois as pernas quando se chega ao final das escadas, já estão quentinhas e ai começa os treinos de força e resistência!

 

À entrada do Jardim e depois no miradouro, alguns dos convivas do treino confessavam que não conheciam o Jardim. E isso, para além da corrida, é a verdadeira beleza destes treinos. Passar por sítios por onde normalmente não se passa. Conhecer a cidade, as suas gentes e a sua cultura. Por isso adoro passear pelas ruas antigas carregadas de prédios, moradias ou palacetes cheios de historias. Isso e o cheiro de bife que saia das casas e restaurantes por onde íamos passando aquela hora :)

 

Aqui já íamos com 4Km e começava-se a ver os primeiros sorrisos de "sofrimento", de alegria pela escolha e de saberem que agora estavam a treinar. Do Miradouro do Jardim, deu para relaxar cinco minutos e seguir mais frescos. Saímos do Jardim do Torel e fomos descer a Calçada Santana até ao Largo S. Domingos, tão conhecido por ser o spot para beber a famosa Ginjinha :)

 

Viragem à esquerda no Largo, indo pela Rua Barros Queirós até ao Hotel Mundial, e atravessar o Martim Moniz para apontar-mos baterias à segunda subida do dia, as Escadinhas da Saúde... aqui penso que o nome é apropriado QB, visto que alguém que suba estas escadas todos os dias ou regularmente, mantem mesmo a saúde no corpo e no espirito :)

 

Aqui já íamos com cerca de 5,5km e o peso das sapatilhas, e não só, começava a fazer mossa. Descemos a Rua Costa do Castelo, viramos à esquerda para descer a Calçada de Santo André e depois seguimos em frente pela Rua dos Lagares, Rua Olarias, Rua Bombarda, sempre até lá à frente, até ao Mercado de Abastecimento. Este bocado de "sempre em frente com poucas subidas e descidas" deu para rolar um bocado.

 

Depois subimos as mini-escadas do mercado que dá para a Rua Damasceno Monteiro, ao que fomos de encontro à terceira e talvez a mais difícil subida do dia, as famosas Escadinhas de Damasceno Monteiro, que vai até lá acima até ao Miradouro da Senhora do Monte, e a suas vistas fabulosas do centro e uma boa parte da zona exterior da cidade.

 

Depois de três minutos de descanso e recuperar fôlego, lá iniciamos a descida pela Calçada do Monte em direcção ao Miradouro da Graça, que é um pulo rápido e dá para relaxar um bocadinho pelo caminho. Nesta altura já íamos com cerca de 7,2Km de curso e algumas pessoas começavam a mostrar na cara o seu "sorriso de cansaço" :) Depois de 3min no miradouro, descemos pela Calçada da Graça, Travessa do Açougue e Rua de São Tomé até ao Miradouro de Santa Luzia. Foi um bom descanso para o coração e pulmões o ritmo leve a descer para recuperar.

 

Logo de seguida, foi uma descida em modo de conversa e sorridente até lá abaixo à Rua da Conceição, passando pela Rua do Chão da Feira (porta do castelo ), onde fizemos uma pequena subida e descida, depois seguimos pela Rua da Saudade e finalmente passamos em frente à Sé, onde tiramos uma foto de recuerdo.

 

O jovem que nos tirou a foto disse que a mulher já tinha feito a maratona (estava ali ao lado de nós) e perguntou-nos quantos fizemos "já vamos em 9km hoje".. "ah, já é um bom treino" disse ele em tom um pouco condescendente :)

 

 

Lá ao fundo da Rua da Conceição, viramos á direita para a Rua Nova do Almada para mais uma subidita, desta feita até lá acima ao Largo do Carmo. Pelo meio passamos pela Rua Garret e a sua normal agitação de estrangeiros a passear avermelhados do sol forte do nosso pais.

Do Largo do Carmo subimos ao Largo Trindade Coelho e depois ao Miradouro do Jardim de S. Pedro de Alcântara.

 

Altura para mais um reabastecimento prolongado de água do bebedouro que lá tem e depois continuamos com um andamento um pouco mais vivo até ao Largo do Rato. Por esta altura já íamos com pouco mais de 10km e algum cansaço era visível em pessoas menos habituadas a este tipo de treino. A boa disposição e o constante apoio dos elementos da crew do Correr na Cidade e dos restantes elementos faziam com que o desgaste fosse atenuado.

 

Chegamos ao Largo do Rato, descemos a Rua Braamcamp até Marques do Pombal e subimos a rampa do Parque Eduardo VI pela lateral direita do jardim, não subindo pela calçada portuguesa mas por entre as árvores e passando pelo edifício histórico que é o Pavilhão Carlos Lopes. Um pouco de trail na cidade para quase fechar o circuito de City trail de ontem.

 

Depois de chegarmos ao topo da Parque junto à bandeira, atravessamos uns pela ponte do corredor verde e outros por um caminho mais rápido e curto pelo meio do Jardim Amália Rodrigues saindo mesmo ao lado do El Corte Inglês. Depois foi relaxar a descer a Av. António Augusto de Aguiar até à praça de Espanha, onde a boa disposição e com a maior parte das pessoas a falar, resultado inconsciente do esforço e uma boa maneira de relaxar o corpo e a mente depois da volta que fizemos.

 

Algumas pessoas bateram recorde de kms feito seguidos, no total de +/- 14,5Km que fizemos ontem. No total demoramos 1:33h em andamento, num total de treino de pouco acima das 2h desde o arranque até ao fim.

 

Olhando de uma maneira objectiva e directa, o grupo de ontem foi bastante homogéneo e quase sempre com ritmo muito similar, o que permitiu um bom ritmo médio e sem grandes paragens. Deixo apenas a dica para aqueles que bebem muita água durante os treinos, para  principalmente) nesta altura do ano levarem sempre água com eles e não fiquem dependentes dos abastecimentos que podem existir ou não. Hidratar é fundamental para se rentabilizar o treino seja fisicamente seja mentalmente, pois se chegarmos ao fim com sede ou desidratados podemos ficar com a impressão que o treino não foi tão bom como se calhar foi fisicamente.

 

Uma ultima palavra para o Correr na Cidade que nos últimos meses está a mudar um pouco o foco da sua atenção, sendo que neste momento é de facto a Crew Correr na Cidade, seja em trilhos em Monsanto, seja junto ao Tejo ou seja a subir e descer ao Castelo de S. Jorge. Tudo faz parte da Cidade e tudo é correr, tendo as suas vantagens e desvantagens.

 

Abraço a todos os malucos que se metem nestas andanças e até daqui a uns dias.

 

PS - Quem for a Óbidos no fim-de-semana de 2 e 3 de Agosto à feira Medieval, não se esqueça de apoiar quem vai fazer o Trail Noturno de Óbidos que começa dia 2 às 21 da noite e é um espectáculo bonito ver tanta gente de calções, mochilas e frontais na cabeça a descer pelo meio de Óbidos :)

 

My Leggs: uma nova marca portuguesa dedicada aos corredores

Os mais atentos já deram conta desta nova marca de produtos de compressão nas pernas de alguns corredores. É exactamente das pernas e para as pernas que a My Leggs está a posicionar os seus produtos técnicos para as pernas dos atletas. O Correr na Cidade entrevistou o responsável pela marca, Jorge Azevedo, que nos conta a visão que tem para a My Leggs, uma marca portuguesa!

 

 

Quando surgiu a My Leggs?
As myleggs surgiram faz cerca de 1 ano. Mas só agora começam a aparecer pois estávamos a desenvolver e a investigar o produto e as características necessárias que os atletas desejam.
Quem são os criadores da marca?
Os criadores da marca foram os atletas que me foram relatando o que gostavam de ter e como gostavam que fossem as meias/perneiras. Eu (Jorge Azevedo) só juntei essa informação.
É uma marca 100% portuguesa?
Sim, temos as melhores fabricas têxteis a nível mundial e que inclusive fabricam para as reconhecidas marcas de compressão internacionais. A nossa marca Portuguesa é feita nessas mesmas fábricas. Investigação, produção e design…é tudo Português.
Qual o objectivo da My Leggs?
O objectivo é termos os melhores artigos técnicos para a perna do atleta.
Qual a filosofia da marca?
A filosofia das My Leggs é ser, e fazer aquilo que gostamos; ser especialista no cuidado e tratamento da perna do desportista.
Que tipo de produtos têm e pensam ter no médio prazo?
Começamos com as perneiras de compressão, vamos lançar agora as meias curtas (soquetes) e as meias completes de cano alto. Tudo artigos técnicos de compressão.
Onde vai ser possível (ou onde já é possível) encontrar os vossos produtos?
Nesta fase estamos mais preocupados como desenvolvimento e avanço tecnológico do produto. Mas as meias vão aparecer em vários locais no país; Lojas físicas, lojas online… e no nosso site.
Vão exportar o vosso produto para outros países?
Sim, temos já interessados. Estamos a começar conversações nesse sentido.
Qual a grande dificuldade de “criar” uma marca de running nacional?
É o de poder existirem algumas pessoas que achem que uma marca por ser portuguesa pode não ser tão boa como as internacionais. Esse é o desafio.
Como vêem o boom das corridas em Portugal?
Vemos de uma forma muito boa….e saudável. Já não é uma moda, é algo que veio para ficar.

1ª impressão: Puma Faas 500 TR

Por Filipe Gil:

 

Estreei os Puma Faas 500 TR no último treino organizado pelo Correr na Cidade em Monsanto. Um treino que o nosso amigo Fernando Xavier nos levou para subidas e descidas (há quem diga que foram só descidas) na serra de Lisboa.

 

Pensava eu que seria um treino fácil e daí o ideal para experimentar novos ténis. Mas de fácil não teve nada. Foi durinho. Sobretudo por duas razões: pela escolha do percurso (grande Fernando!!!) e porque andei a tirar fotografias ao mesmo tempo que corria. Aliás, nesse mesmo dia o Tiago Portugal conseguiu fazer um vídeo, que publicámos aqui ,ao mesmo tempo que corria.

 

Ou seja, a crew não só leva para os seus treinos o lema “ninguém fica para trás” como também o“ninguém fica parado”. Por isso, tive que suar o dobro do esperado correndo ora na parte da frente do grupo ora na parte de trás. E nessa aventura levei comigo os Puma Faas 500 TR.

 

 

E, sem sombra de dúvidas fiquei surpreendido, não estava à espera de tamanha qualidade na sola. Sobretudo na sola. Agarrou muito bem nas subidas – e se virem o vídeo percebem que tivemos subidas...interessantes – e foram igualmente excelentes nas descidas.

 

Apenas fiquei com uma dúvida: a malha superior aguenta bem trails mais duros? Pareceu-me que falta ali um reforço ou outro em zonas que raspam em pedras ou galhos caídos no chão.

 

Um treino destes com uns ténis novos daria azo, certamente a bolhas, mas os Puma Faas 500 TR portaram-se muito bem. Bom amortecimento, tornando o pisar dos trilhos mais confortável, boa estrutura de apoio (embora sejam para corredores neutros). Uma fait diver: criaram alguma curiosidade nos corredores mais habituados a isto do "trail running", pois na sua maioria desconheciam a oferta da marca Puma neste campo.

 

A nível pessoal só tive um problema. O número da sapatilha que a Puma gentilmente nos cedeu é grandes demais para mim e senti, em partes mais técnicas que não estava a controlar as descidas, por exemplo, como gostaria. Assim, passei este bonito modelo ao Nuno Malcata e é ele que os anda a testar e que em breve irá escrever a avaliação final sobre estas sapatilhas de trail.

 

 

Race Report: o que aprendi com o 1º DNF…o rescaldo do Ultra Trail Douro e Paiva 2014

Por Pedro Tomás Luiz:

 

Quando, em crianças, começamos a dar os primeiros passos, rapidamente aprendemos que se queremos andar, o cair e o levantar têm de fazer parte da nossa rotina.

 

Ao crescemos somos moldados para olharmos apenas para os sucessos… escondendo, escamoteando, encapotando tudo o que seja fracasso, perdendo assim a oportunidade de aprendermos e de ajudarmos outros a aprender.

 

Escrever sobre um DNF (Did not Finish) é sem dúvida uma tarefa difícil, penso que não só para mim, mas para a grande maioria da blogosfera e das redes sociais (artigos com este tema são escassos e sua proporção deve ser de 1/500 em relação aos que contam histórias de sucesso).

Daí o tempo que este post  demorou a fazer… foi o exorcizar de alguns demónios.

 

Prólogo

O UTDP, com os seus 62km e +/- 4500 de D+, era para mim o maior desafio do ano. Depois de uns esforçados Abutres e de um bom desempenho no Piodão, quase três meses de treino davam-me a confiança e a certeza que havia de superar com sucesso este desafio.

 

Fui vendo o nascimento da prova e em contato com o André (da organização do UTDP), há já longos meses, dado que o CnC era media partner da prova, pude constatar in-loco a extrema dedicação, carinho e cuidado com que esta estava a ser preparada.

 

A Prova e a Organização

Podia continuar a “bater” no ceguinho, neste caso a organização, e dissertar acerca de como as marcações são vitais para o sucesso de uma prova, mas tudo o que tinha a dizer fi-lo diretamente ao organizador, ou seja:

  • Usar batedores antes do início da prova, dá outra margem de segurança que poderia ter evitado o engarrafamento inicial. Não impede o boicote de gentes locais nem de corredores pouco escrupulosos;
  • Espaçar menos as fitas dá outra segurança aos atletas, bem como o uso de tinta biodegradável poderia ter permitido melhores indicações;
  • Elementos da organização junto dos pontos críticos, como era por exemplo a divisão entre a Ultra e o Trail longo.

De resto, a serra é brutal, a paisagem é arrebatadora, a subida do rio é das mais bonitas que alguma vez fiz, notou-se o empenho e o cuidado na escolha dos caminho e o esforço para se percorrer o máximo de single tracks possíveis. Tenho a certeza que foram abertos uns bons km de trilhos, para simplesmente dar aos atletas a possibilidade de desfrutar de sítios quase inacessíveis.

 

Os abastecimentos, ao contrário de algumas reviews que fui lendo, eram mais do que suficientes, compostos do necessário e nos km previamente divulgados. Abastecimentos ≠ espaços de degustação gourmet onde os atletas podem abancar e enfardar toda a comida que lhes couber no bucho até não conseguirem mais correr.

 

Quando no abastecimento do km52 decidi desistir, esperei 10m por um carro, que me levou até Cinfães… penso que está tudo dito, comparando com algumas provas, onde quem desiste vai no carro vassoura.

 

A minha Prova

A minha prova teve como qualquer Ultra, altos e baixos, “morrimentos” e renascimentos. Com os primeiros 20km bastante difíceis, muito técnicos e com muito D+, optei por uma abordagem mais conservadora, não investindo demasiado neste início. O percurso era como já disse, maravilhoso, inserido numa paisagem de cortar a respiração.

 

O segundo terço da prova foram basicamente estradões, já com o sol bem alto e temperatura a apertar. Segui num ritmo abaixo do que tinha programado (o calor e o pouco descanso do dia anterior não estavam a dar a opção de perdão) mas relativamente confortável, apenas com o estomago a dar umas voltitas, mas sem náuseas.

 

Até que… surge a malfada dor no arco plantar do pé esquerdo… primeiro uma moinha que me fez baixar o ritmo e ser “graças a Deus” apanhado pelo Paulo Reis do Run Baby Run, que me literalmente rebocou até ao abastecimento do KM47. Aí tomei um bom banho alimentei-me  e segui com o Paulo. Exceção feita à “moinha” fisicamente estava bem, o caminho era sempre a subir, mas o ritmo era bom, a comida tinha-me animado e o ir acompanhado tinha sido melhor que qualquer gel que pudesse ter tomado.

 

Três km feitos e a dor agudiza ao ponto de qualquer movimento quase me levava as lágrimas.

 

Fui gerindo, com a ajuda preciosa do Paulo, aquele entrave e começou a desenhar-se na minha cabeça, que talvez não fosse acabar. A subida a custo foi-se fazendo, mas quando cheguei à descida, tive de tirar os bastões e apoiar-me para descer, a dor ficava 100 vezes pior a descer.

O Paulo foi-me apoiando e animando, mas assim que o abastecimento do km 52 ficou à vista, literalmente obriguei-o a deixar-me e a seguir o caminho dele (não foi fácil).

 

Sozinho, com o abastecimento a sensivelmente 1km… foi a vez de começar a fazer o meu luto da prova… sabia que não ia acabar… a dor era insuportável. Pensei em todo o trabalho que realizei, pensei onde poderia ter falhado… senti-me triste. Obvio, não era o fim do mundo, eu não vivo disto (embora me alimente disto) mas aquele sentimento de ver o fim da linha a aproximar-se… 

 

Em esforço lá cheguei ao km52, sentei-me no banco de pedra, descalcei-me e avaliei o pé… disse: Bom, acabou! Amigo, mande lá vir o carro vassoura e dê-me uma mini que estou cheio de sede.

 

Epilogo

O que aprendi?

  1. Quando se tem que enfrentar 360km e quase quatro horas de viagem é mandatário chegar com pelo menos um dia com antecedência. Ter chegado demasiado “em cima”, ter jantado à pressa e ir a “correr” para o hotel não foram a melhor opção. Valeu efetivamente ter ido para um hotel (consegui dormir umas 4 horas), dado que quem dormiu em solo duro teve, como de resto é expectável, pouco descanso;

  2. O meu biorritmo às 06:00, mesmo tendo realizado um esforço para regular para a hora da partida, não tem nada a ver com o que tenho às 09:00 da manhã. As duas primeiras horas senti-me bem preguiçoso, valeram os “mergulhos” nas águas geladas do rio;

  3. Ter confiança em todo o material foi um fator muito positivo. Valeu cada hora que dispensei a preparar e arrumar tudo o que necessitava. Isto permitiu-me que não houvesse nenhum esquecimento, nem nenhuma surpresa de última hora. Estar familiarizado com todo o nosso material (sapatilhas, meias, calções, t-shirt, mochila, comida etc… ) é meio caminho andado para superarmos os desafios a que nos propomos;

  4. Estar mais do que alertado para o fim-de-semana de calor que se avizinhava, bem como saber que o meu corpo, graças a este Verão esquisito, não estava minimamente adaptado, levou-me a ter reforçado a hidratação nas semanas que antecederam a prova, bem como a carregar mais água ao longo de toda a prova. O resultado foi o esperado, consegui manter a hidratação (ter a capacidade de urinar é um bom sinal :D)  e apesar da lesão: 1) não tive nenhum golpe de calor; 2) não tive de ir para o hospital para ser hidratado por via endovenosa; 3) na segunda-feira dia estava fresco, fofo e a andar de bicicleta como se nada se tivesse passado;

  5. A hipertermia… essa sensação nunca antes experimentada, em que se sente o corpo a explodir de tão quente… valeram uns mergulhos no rio e o famoso banho de mangueira no km 47;

  6. Saber quando desistir é tão importante como saber quando continuar. Em conversa com o meu treinador ele perguntou-me o que eu preferiria “ter forçado, acabado e ficar um ano sem correr? Ou desistir e dali a um mês estar outra vez em força?” Resposta obvia… pelo menos para mim foi…

Lanço o repto… se quiserem partilhar as vossas aprendizagens nos vossos DNF, adoraria ouvir e aprender… 

Passatempo: Meia Maratona de Coimbra

 

Gostam de Correr na Cidade? Gostam de Coimbra?

 

Então este passatempo é para vocês!

 

O Correr na Cidade tem o prazer de convidar dois leitores (que poderão convidar um acompanhante) a participar na Primeira Corrida do Conhecimento em Coimbra! Os vencedores poderão escolher entre as três provas: a Meia Maratona, a Mini Maratona (10km) ou a caminhada de 6km. Mas como é que podem ganhar dois dorsais deste passatempo? Nada mais fácil!

 

1 - Fazer “like” na página de Facebook da Corrida do Conhecimento.

2 - Fazer “like” na página de Facebook do Correr Na Cidade.

3 - Enviar uma foto tua que transmita a essência de Coimbra – conhecimento, estudantes, cerveja, Mondego, etc (não necessariamente corrida, sejam criativos!) por  email (run@corrernacidade.com) até ao final do dia 27 de Julho (domingo).  

 

As quatro melhores fotos - escolhidas por este blogue - irão estar em votação no Facebook do Correr na Cidade entre 2ª feira, dia 28 de junho, e as 23:59 de 6ª feira, dia 1 de Agosto. As duas fotos que tiverem mais votos (likes) ganharão os convites duplos para prova (qualquer distância). Os vencedores serão anunciados no sábado, dia 2.

 

Para mais detalhes sobre a prova, consulte o site oficial

 

Atrevam-se e venham correr na Cidade do Conhecimento!

Review: Merrell AllOut Rush

Como já vos tinha "falado", após alguns treinos com os Merrell AllOut Rush e ter ficado muito contente com o comportamento deles, decidi fazer o teste final no Louzan Trail no passado dia 21 Junho.

 

Tinha prometido a Review final dos ténis para a semana seguinte, mas confesso que não publiquei a mesma por falta de fotografias (bela desculpa, eu sei).

 

Os treinos que fiz com os  AllOut Rush antes do Louzan Trail foram inferiores a 3h, e sabia que nos 33Km ia demorar bastante mais, pelo que as dúvidas que tinha relativamente aos ténis era se ao fim de 4/5h os pés estariam massacrados e se os ténis se adaptariam a todos os terrenos por onde íamos passar, sobretudo nas partes mais molhadas.

 

No teste final no Louzan Trail os Merrell AllOut Rush passaram com distinção. Passaram por ribeiros onde mergulharam e secaram rapidamente, durante toda a prova mantiveram o conforto, e que conforto, sem qualquer ameaça de bolhas, a aderência aos vários tipos de terreno foi fantástica, apenas escorreguei duas vezes a descer em caruma molhada com raizes, o que me valeu umas belas quedas cómicas, mas mais por azelhice do que por culpa dos ténis.

Já os usei mais vezes, fiz um treino longo em Sintra, numa manhã completamente encharcada, sem qualquer problema, e de treino para treino ganho ainda mais confiança nos ténis e sinto que posso arriscar sempre mais, sobretudo a descer, que os ténis respondem à altura.

 

Embora sendo esta uma review, e não uma ode aos Merrell AllOut Rush, a quem, como eu, está a dar os primeiros passos na sua evolução em trail, penso que o importante é conhecer o comportamento de um modelo que desconhecemos, e para mim os pontos mais fundamentais nuns ténis de trail, são o conforto e a aderência, e são estes os principais pontos que vos falo nesta conclusão final da minha experiência de utilização dos AllOut Rush.

 

Sendo uns ténis de filosofia barefoot (passada natural) à qual a Merrel aderiu nesta coleção dedicada a trail, com um drop de 6mm, este modelo específico adapta-se a quem, como eu, ainda não tem a técnica de passada perfeita, tendo um pouco mais de suporte que outros modelos, e posso afirmar que no meu caso, me têm ajudado a melhorar esta técnica, o que trás claros benefícios para evitar lesões futuras.

 

Para o bom conforto que já falei contribui o tecido em que são feitos, a excelente caixa para os dedos, o sistema de atacadores que abraça o pé e permite o ajuste perfeito, além dos reforços existentes que protegem o pé quando existem embates mais fortes em ramos ou pedras. Na construção apenas gostava que a língua fosse um pouco mais comprida para melhor ajuste no peito do pé. A camada intermédia Uni-Fly entre o pé e a sola permite um conforto adicional pelo bom amortecimento que fornece, mantendo a leveza, são uns ténis bastante leves.

 

A sola usa a tecnologia M-Select Grip, com áreas distintas onde se destacam os ressaltos redondos de 5mm multi-direcionais que propocionam uma aderência fantástica em todo o tipo de terreno que experimentei, e foram vários.

Concluindo, a avaliação que faria após o Louzan Trail é a mesma que faço agora, os Merrell AllOut Rush são excelentes a TODOS os níveis, alertando desde já que é a minha experiência pessoal de utilização dos ténis, dado que a minha base de comparação é ainda muito diminuta e não tenho conhecimentos técnicos suficientes para avaliar ao pormenor cada detalhe dos mesmos.

 

Pontos positivos:

- Leves

- Confortáveis

- Boa adêrencia

 

Pontos negativos

- Difícil de indicar pontos negativos no meu caso, mas são claramente uns ténis de trail para quem quer correr cada vez mais de forma natural, prescindindo um pouco de algum amortecimento, o contacto com o solo e o relevo é muito mais direto do que outros modelos de outras marcas com mais amortecimento, não sendo um ponto negativo, achei inclusive que esta caracteristica me tem permitido evoluir tecnicamente, é uma chamada de atenção para quem também está a começar e gosta de pantufas fofinhas.

Vem treinar connosco!

Queres treinar com a crew do Correr na Cidade? Sim? Então, basta apareceres nos nossos treinos!

A partir de agora, no menú acima tens um novo tab "Treina Connosco" onde podes consultar o nosso calendário de treinos para as próximas semanas. Os nossos treinos são sempre diferentes e com tipologias de treino díspares: de city trail a corrida em estrada junto ao rio Tejo, de trail running a longões (20K), de soft trail no Jamor a trilhos mais duros em Monsanto.

 

Para além disso, muitas das vezes temos convidados especiais. Corredores amigos que desenham percursos de próposito para os nossos treinos.  

 

Os treinos são gratuitos e são guiados pelos membros do Correr na Cidade. Contudo, são feitos em total autonomia, sem seguro e cada participante é responsável pela sua integridade física. Mas, mais importante de tudo, quem vier que venha para se divertir e superar.

 

Próximo treino:

 

Dia 24 de julho (5ª feira)

Ponto de Encontro: Praça de Espanha (junto às paragens da rodoviária)
Hora do encontro:18:45

Hora da partida:19:00

Percurso: Da Pç de Espanha à Graça, Rossio e regresso ao local de partida

Tipologia do treino: City Trail

Ritmo: Ninguém fica para trás!

 

Confirmações de presenças e esclarecimento de dúvidas aqui.

Race Report: À conquista do Douro (e Paiva, claro)

Por Stefan Pequito

 

O Pedro Tomás Luiz, o Tiago Portugal e eu já andávamos há algum tempo a namorar esta prova, o Ultra Trail Douro e Paiva (UTDP). Correr naquelas zonas foi, e é, um sonho. Como alguns leitores já sabem tive azar no Louzan Trail e fiz uma entorse no pé esquerdo. Logo após a lesão vi com algum perigo a minha participação no UTDP. A recuperação demorou cerca de três semanas.

 

1 semana e meia a curar, a fortalecer e a desinchar. Tive a sorte de ter conhecido o Doutor Carlos Coelho, no Camp do Armando Teixeira, para além de osteopata é ultra maratonista e sabe bem reconhecer as queixas dos atletas. Deu-me uma grande ajuda (enorme mesmo) na minha recuperação. Com uma semana e meia de treino mais à seria tive a perfeita noção que não foi o suficiente para estar bem preparado para o UTDP, mas arrisquei. No sábado, dia 12 de Junho, arrancamos para o Douro, cada um de nós(eu, Pedro e Tiago) com um objetivo diferente.

 

O meu era  tentar ficar nos vinte primeiros lugares e fazer a distância em nove horas, no máximo. A viagem para o Douro fez-se bem e ao chegar a Paiva vimos logo as “barraquinhas” com as lojas, mas como chegámos uns minutos mais tarde já não conseguimos levantar os dorsais, mas não houve stress. Eu e o Pedro encontrámos muito pessoal conhecido, desde o João Borges, Paulo Tavares entre outros. Jantámos os 3 com o João e bem, um belo bife com massa, comida de atleta, LOL. Depois descontraímos um pouco a ver o jogo do Brasil com a Holanda e lá fomos dormir no solo duro do pavilhão desportivo da escola local.

 

Resumindo, eu só dormi 1 hora pois às 3.30 da manha já estava de pé a tomar um banho e a preparar-me. Tomamos o pequeno-almoço e arrancamos para ir apanhar o autocarro que nos levaria até à partida. Até aqui estava tudo bem para a 1º edição, tudo bem organizado, estava a gostar bastante.

 

Chegamos à partida e esperamos pelas 6 da manhã para arrancamos. Deu-se a partida e tentei logo arrancar forte e manter-me perto dos cinco primeiros, o que consegui até ao 3º km, e aí deparei-me que não havia fitas... estranhei ainda gritei para a frente para os outros cinco mas eles não ouviram e voltei para trás a avisar que não havia fitas, aí começou a 1º confusão.

 

Alguém tinha mexido nas fitas e aquilo tornou-se um pandemónio. Perdeu-se muito tempo, quando dei por mim estava quase em último e tinha apenas umas 10 pessoas atrás de mim. Tinha passado de 5º para a cauda da corrida. Fiquei algo chateado na altura pois tinha muito para recuperar como muitos que seguiam atrás de mim. Ainda por cima a seguir passamos por um single track, lindo sem duvida, mas que não dava para ultrapassar ninguém. Só quando “abriu” um pouco é que tive de aproveitar e gastar muita energia para ultrapassar quase 100 pessoas ou mais.

Fui seguindo até que me deparei com outra situação estranha, entre o km 10 e o 15 uma seta no chão mas com o percurso fechado com uma fita. Como havia fitas em outra direcção segui. Ao chegar ao “meu” km 22 deparei-me com o André Rodrigues chateado e não percebi o que se estava a passar até chegar ao ponto de abastecimento, o que era estranho pois não estava assinalado abastecimento naquele km no meu mapa.

 

Disseram que estava no km 30 que tinha havido asneira lá atrás, alguém tinha fechado o percurso por onde tínhamos de passar, e mandado todos para o percurso do trail de 30km... Aí percebi o porquê do André estar chateado, até eu que fiz menos 7km fiqueii, já era o 2ª erro na prova, o que desmoraliza.

 

Além dos erros os meus Asics Fuji Elite não estavam a ajudar em nada. Arranjei “boleia” do José Figueiredo que me fez companhia até ter “apetite” de arrancar novamente e lá fui eu... Um pouco mais à frente.... perdi as fitas novamente e fui parar ao início de uma subida que já tinha feito. Toca a voltar para trás e andar à procura das fitas. Eu e mais uns cinco corredores conseguimos encontrar as fitas e arrancámos, tendo novamente de acelarar para recuperar posições. Voltei a encontrar o José e “desliguei” um pouco da prova e fui a conviver um pouco.

Ainda tivemos a companhia do Paulo Nogueira durante um pouco mas como estámos bem tentámos subir algumas posições. Depois dos 45 Kms ficou muito calor e faltou-me água, armei-me em esperto e arrisquei. Ia-me tramando, depois do km 40 foi sempre a subir perto de D+1000, sempre ao sol e com cerca de 30 graus. Perto dos 50km tivemos o último abastecimento onde até havia cervejas, que não bebi por opção. Arrancámos a pensar que eram 8 km sempre a descer.

 

Fomos “enganados”. Descemos pouco mais de 1 km depois subimos mais de 3Km,  numa altura onde já tinha duas bolhas nos dois dedos mindinhos, a sapatilha não estava a escoar a água bem, para além de não aderir a nada. Com o calor, cada ribeiro que passávamos molhámos a cabeça, eram já 15h da tarde e estava mesmo muito calor.

 

Quase a chegar ao fim, entrámos numa área de floresta linda de morrer quase sempre a descer, e aproveitei para "soltar os travões" até à meta.

 

Foram cerca de 3 km sempre a abrir até ao fim. Cortei a meta com 9 horas e 2 minutos, em 20º da geral e 10º da categoria mas com um sentimento de tristeza pela prova não ter corrido a 100%, pelos enganos da organização, pelas pessoas que arrancaram fitas e as colocaram em outros sítio, o que é muito triste, e por causa dos problemas com as sapatilhas da Asics que não são boas para provas longas e com água, têm alguma falta de estabilidade, como comprovei com outros corredores.

 

Mais tarde soube que o Pedro (Tomás Luiz) tinha contraído uma lesão aos 40km e  teve de abandonar a provar no abastecimento dos 50Km, fiquei triste pois sabia o quanto ele se tinha preparado para esta prova.

 

O Tiago acabou aos 40km, mais 10km do objectivo dele pois está a treinar para o Ultra Trail da Serra Nevada e não quis abusar.

 

Resumindo, a prova é Brutal em termos de localização, a organização é boa mas tem um longo caminho a percorrer para melhorar alguns aspectos, sobretudo nas marcações do caminho - não querendo ofender ninguém da organização. Por exemplo, o André  Oliveira andou sempre preocupado a tentar emendar o que se tinha passado, nem tudo foi mau.

 

Fica um conselho: fitas amarelas são difíceis de ver e ajuda aos enganos.

 

Para esta altura do ano o calor foi tramado, eu aguento bem, mas acredito que houve gente que não tenha gostado.

 

Se tiver oportunidade, voltarei em 2015.

Review: PUMA Faas 300 v3 WN

 

 

PUMA combina equipamentos de alto desempenho com designs exclusivos. Concordo. A marca alemã está progressivamente a conquistar lugar no mundo da corrida. A família Faas tem sido o grande motor desta conquista. Perfeitos para qualquer corredor, projetados para oferecer eficiência, cada membro da família Faas proporciona uma caminhada suave. Com modelos para todos os tipos de corpo e formas de andar, a família Faas oferece opções para todos.

 

O site da PUMA tem uma aplicação interativa para definir qual o membro da família Faas mais indicado para cada corredor. Penso que esta aplicação é muito útil e funcional. Começa por definir qual o nível de amortecimento pretendido. A escala de amortecimento FaasFoam, de 100 a 1000, irá ajudá-lo a escolher o calçado ideal para você. Para uma corrida minimalista, selecione um número mais baixo de amortecimento FaasFoam. Para uma caminhada com mais amortecimento, selecione um número mais alto na escala FaasFoam.

 

Eu selecionei o 300, pois gosto de ténis mais minimalistas mas ainda estou numa “fase de aprendizagem”. Na gama 300 há 3 modelos, tanto para homem e para mulher: o “neutro” (os meus), o “trilha” para trilhos e o novo modelo “estabilidade”. Nesta gama não existe o modelo “corrida” que existe noutras gamas.

 

Assim que calcei os ténis pela primeira vez, notei o drop relativamente elevado para sapatilhas designadas minimalistas, pois é de 8mm. Esta sensação do drop demasiado elevado persiste e tem me causado algum desconforto na planta frontal do pé em treinos mais longos (deve ser do drop elevado em combinação com pouco amortecimento). Curiosamente, o modelo “estabilidade” tem um drop muito mais reduzido, de apenas 4mm.

 

O revestimento da sapatilha é muito moderno e o facto de ser sem costuras permite “perfeição e leveza no suporte e um melhor ajuste”. Concordo com o ajuste mas parece-me que esta tecnologia pode por em causa a durabilidade do revestimento que já apresenta algum desgaste. O futuro o dirá. Os Faas 300 têm algumas especificidades para mulheres: parte dianteira do pé assimétrica desenvolvido para um ajuste melhorado e mais elegante e a área do joanete tem menos camadas para acomodar melhor os joanetes. Concordo.

 

Tenho vindo a usar os Faas em treinos de séries e rampas, no ginásio e, após alguma habituação, também em treinos mais longuinhos. Assim, atrevi-me a experimentá-los em prova; nos 15km da Corrida das Fogueiras. Comportaram-se muito bem, fiz um bom tempo e não me causaram bolhas, apenas a tal impressão na planta frontal do pé, que foi acentuada devido ao piso irregular (os troços de alcatrão em mau estado e calçada não ajudaram). Gostei da experiência e por isso usei-os num treino de quase 20km há duas semanas, onde mais uma vez, apenas persistia a queixa da planta do pé. Acho que me vou ficar por treinos até os 10km… na verdade, é para isso que estes ténis foram desenhados.

Na Corrida das Fogueiras, reparem nos refletores na imagem da esquerda (fotos por: António Luís

Segue o meu veredicto final, sem entrar em grandes especificidades técnicas (que podem ser detalhadamente consultadas aqui).

 

Pontos positivos:

# São realmente leves e rápidos;

# Dão-se muito bem com o calor, pois respiram bem;

# São muito flexíveis;

# Os refletores, em toda a sapatilha, são excelentes para sermos vistos em treinos durante o final de dia, como costumo fazer;

# Este modelo feminino é realmente feminino, ficando muito elegante no pé. São os únicos ténis que também uso em contexto casual.

 

Pontos negativos:

# Por mim, o drop poderia ser mais reduzido. Os 8mm contrariam um pouco o “natural running” que este modelo ambiciona proporcionar com pouco amortecimento;

# Muito confortáveis, mas na calçada portuguesa e pisos mais irregulares podem provocar uma sensação menos agradável no contacto com o solo na planta frontal do pé;

# Os cordões são excessivamente compridos;

# Tenho algumas dúvidas em relação à durabilidade do revestimento da sapatilha que já apresenta algum desgaste enquanto a sola Faas se encontra quase novinha;

# O estilo “natural running”, não necessariemente o ténis em si, não é para todos. Para corredores habituados a ténis com maior amortecimento e controle de estabilidade ou mais pesados, a adaptação a este tipo de sapatilhas deve ser gradual e cuidadosa. Felizmente a família Faas tem opções para todos!

 

Após a boa experiência com estas sapatilhas fiquei com coragem e curiosidade de “minimalizar” ainda mais a corrida e aventurar-me nos Faas 100 com um drop de 0mm. Aguardarei os saldos! :)